Jarra com moedas: fundos de investimento de renda fixa simples começarão a ser oferecidos a partir de 1º de outubro (eskaylim/Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 3 de agosto de 2015 às 09h20.
São Paulo - Em outubro, o investidor que busca segurança terá uma nova e interessante opção de investimento: o fundo de renda fixa simples. Mais seguro do que outros da categoria, ele será uma alternativa à poupança e aos títulos públicos vendidos pela plataforma Tesouro Direto.
Além de criar o novo fundo, a Anbima (Associação Brasileira das Entidades do Mercado Financeiro e de Capitais) também reclassificou os que já são oferecidos no mercado. As mudanças, anunciadas em abril, entram em vigor a partir do dia 1º de outubro, quando os fundos simples passarão a ser oferecidos pelas instituições financeiras.
Mais segurança
Os fundos simples buscarão oferecer uma rentabilidade em linha com a variação da taxa DI, que tem comportamento semelhante ao da taxa básica de juros (Selic).
Eles deverão investir, no mínimo, 95% do seu patrimônio em títulos públicos, vendidos pelo Tesouro Direto ou em títulos de renda fixa de bancos com risco equivalente aos dos títulos do governo, como é o caso dos CDBs de grandes bancos, mas desde que o investimento nos títulos bancários não passe de 50% do patrimônio do fundo.
A título de comparação, outros fundos de renda fixa devem investir pelo menos 80% do patrimônio em títulos públicos e privados. Além disso, não há um porcentual limite para investimento em títulos privados, tampouco a exigência de que esses títulos tenham risco equivalente aos papéis da dívida do governo.
O gestor de fundos simples também será obrigado a adotar estratégias que protejam o patrimônio do fundo contra perdas e volatilidade.
Como a carteira desses fundos seguirá uma composição bem rígida, eles não terão espaço para adotar estratégias muito diferentes. Assim, o investidor terá mais facilidade para perceber se seu fundo está apresentando rendimentos abaixo da média e se seus custos estão altos, o que ajuda a fugir de micos, como alguns fundos DI que rendem menos do que a poupança.
Custos menores, mas nem tanto
Pelo fato de adotarem uma estratégia conservadora, os fundos simples não poderão aplicar a chamada taxa de performance, que é cobrada em alguns fundos quando o gestor do fundo consegue obter uma rentabilidade superior à média do mercado.
Eles também serão obrigados a realizar a maior parte das operações de forma eletrônica. Aplicações e resgates de valores, por exemplo, deverão ser feitos principalmente pelo internet banking ou em terminais de autoatendimento.
Assim, os fundos devem ter custos operacionais baixos, o que pode contribuir para a redução das taxas de administração cobradas.
No entanto, como os bancos precisarão adaptar suas plataformas de tecnologia, Carlos Massaru, presidente da gestora do Banco do Brasil, a BBDTVM, e vice-presidente da Anbima, acredita que, ao menos no curto prazo, os fundos simples não terão, necessariamente, custos bem mais baixos do que o de outros fundos de renda fixa.
Ele afirma que as taxas de administração passaram por uma redução nos anos de 2012 e 2013, quando a taxa Selic chegou aos 7,25% ao ano, prejudicando os rendimentos dos fundos e obrigando-os a diminuir custos para oferecer remunerações mais atrativas do que a poupança.
Desde então, diz Massaru, as taxas têm se mantido em um patamar menor, mesmo com as recentes altas da Selic. "O espaço para reduzir custos, portanto, é mais limitado agora.”
Momento é favorável para aplicação
Os fundos de renda fixa simples tendem a ser mais atrativos do que a poupança em um cenário de juros altos, já que eles acompanham as variações da taxa Selic, enquanto a caderneta parou de acompanhar a alta dos juros quando a taxa passa de 8,5% ao ano.
Atualmente, a poupança rende 70% da taxa Selic quando a taxa básica é menor ou igual a 8,5% ao ano e quando a taxa é maior do que 8,5%, o rendimento da poupança é de 0,5% ao mês mais a Taxa Referencial (TR).
Com a Selic a 14,25%, ainda que a poupança seja livre de imposto, as rentabilidades de fundos que seguem a taxa DI e de títulos públicos tendem a ser maiores do que a da caderneta, que é isenta de Imposto de Renda (IR), mesmo no prazo de até seis meses, quando esses investimentos sofrem o desconto da alíquota máxima do IR, de 22,5%.
Apesar de mais baratos, os fundos simples dificilmente serão mais acessíveis do que investir em títulos públicos pelo programa Tesouro Direto. O investidor deverá, portanto, analisar se não compensa mais comprar títulos pela plataforma.
A compra de títulos no Tesouro Direto exige a abertura de conta em uma corretora, que geralmente costumam cobrar taxa de até 0,5% pelo investimento (algumas não cobram essa taxa). Além da taxa cobrada pela corretora, o investidor que opta pelo Tesouro Direto precisará pagar uma taxa fixa de 0,3% ao ano para custódia dos títulos. Mas, em momentos de incerteza da economia, é necessário saber quais títulos são menos arriscados para compra.