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Vazio da Vale e do Itaú é preenchido por bônus de estatais

As empresas estatais brasileiras venderam o montante inédito de US$ 64 bilhões em bônus sob a gestão da presidente Dilma


	Banco do Brasil: a participação de empresas estatais na dívida corporativa offshore no Brasil foi elevada para 43%
 (Adriano Machado/Bloomberg News)

Banco do Brasil: a participação de empresas estatais na dívida corporativa offshore no Brasil foi elevada para 43% (Adriano Machado/Bloomberg News)

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Da Redação

Publicado em 21 de março de 2014 às 14h54.

As empresas estatais brasileiras venderam o montante inédito de US$ 64 bilhões em bônus sob a gestão da presidente Dilma Rousseff, deixando mais investidores vulneráveis a perdas em um momento de deterioramento da solvência financeira do País.

Ofertas como as da Petrobras e do Banco do Brasil SA, neste mês, levaram a participação de empresas estatais na dívida corporativa offshore no Brasil para 43 por cento, contra 22 por cento quando Dilma assumiu, em 2011. O porcentual contrasta com o porcentual de 38 por cento do México e o de 33 por cento do Chile, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Embora o suporte do governo normalmente permita que empresas estatais obtenham custos mais baixos de empréstimos do que suas contrapartes privadas, a perspectiva de que o Brasil sofrerá seu primeiro rebaixamento em mais de uma década ajudou a desencadear perdas em dívidas corporativas que representam o triplo da média dos mercados emergentes nos últimos 12 meses.

Com a desaceleração do crescimento econômico, empresas não estatais como a Vale SA e o Itaú Unibanco Holding SA têm evitado vender bônus desde o quarto trimestre de 2012.

Companhias controladas pelo governo “poderiam ser muito atingidas pelo corte de nota soberana”, disse Rodrigo Cabernite, chefe de mercado de capitais para a América Latina do Stardard Chartered Plc em São Paulo, em entrevista por telefone. “Outras grandes empresas do país, por outro lado, estão reduzindo a captação de recursos devido a incertezas em relação à economia”.

Um assessor de imprensa do gabinete de Dilma Rousseff preferiu não comentar a respeito do aumento dos empréstimos em empresas estatais. A assessoria de imprensa do Ministério da Fazenda não respondeu a pedidos de comentário por telefone e e-mail.


Perspectiva de classificação

Em outubro, a Moody’s Investors Service reduziu sua perspectiva para o rating Baa2 do Brasil, o segundo mais baixo grau de investimento, de positivo para estável.

A Standard Poor’s fixou sua classificação similar de BBB em perspectiva negativa em junho, citando o deterioramento da política fiscal, a dívida bruta crescente e o crescimento lento.

Os bônus corporativos brasileiros caíram 2,2 por cento nos últimos 12 meses, contra uma queda média de 0,79 por cento nos mercados emergentes, mostram dados compilados pela Bloomberg.

Os investidores demandam 0,17 ponto porcentual extra de rendimento para optar pela dívida corporativa brasileira em vez de bônus similares de países em desenvolvimento, mostram dados do índice do Bank of America Corp.

O Banco do Brasil, maior banco da América Latina em ativos, vendeu 300 milhões de euros (US$ 418 milhões) a mais em bônus com vencimento em 2018 no dia 19 de março, oito meses depois que o banco com sede em Brasília emitiu 700 milhões de euros da dívida.

Vendas da Petrobras

A Petrobras, que tem US$ 113 bilhões em obrigações de dívida, emitiu US$ 8,5 bilhões em bônus na semana passada na maior oferta do mundo neste ano. Ela foi realizada após uma venda de US$ 5,1 bilhões de títulos denominados em euros e libras no dia 7 de janeiro. Em maio, a empresa com sede no Rio de Janeiro emitiu US$ 11 bilhões em bônus, um recorde para os mercados emergentes.


Assessores de imprensa do Banco do Brasil e da Petrobras preferiram não comentar.

“O mercado está realmente sendo influenciado pelo programa de financiamento da Petrobras”, disse Shamaila Khan, gestora da AllianceBernstein LP, que administra US$ 447 bilhões, em entrevista por telefone, de Nova York. “As companhias privadas virão ao mercado apenas quando precisarem e no momento não há uma grande demanda por financiamento devido ao crescimento muito mais baixo que o esperado”.

A maior economia da América Latina crescerá 1,7 por cento neste ano, abaixo dos 2,28 por cento de 2013, segundo a mediana de cerca de 100 estimativas de uma consulta do Banco Central publicada no dia 17 de março.

A produtora de minério de ferro Vale, com sede no Rio de Janeiro, levantou R$ 1 bilhão (US$ 430 milhões) por meio da venda de bônus de infraestrutura local, em janeiro. A empresa havia vendido dívida no exterior pela última vez em setembro de 2012.

Venda da Vale

A Vale preferiu não comentar. O diretor financeiro da empresa, Luciano Siani, disse em 27 de fevereiro, em uma teleconferência com analistas, que a empresa vendeu os títulos locais em antecipação a uma necessidade “mínima” de financiamento para o ano. Ele disse que é improvável que a Vale acesse os mercados de capital novamente neste ano.

O Itaú, banco com sede em São Paulo, obteve um empréstimo sindicalizado de US$ 1,23 bilhão em junho. A empresa recorreu ao mercado externo pela última vez em novembro de 2012. O Itaú preferiu não comentar seus planos de empréstimo no exterior.

Revisson Bonfim, chefe de análise global para mercados emergentes da Sterne, Agee leach Inc., disse que embora as companhias estatais tenham de pagar mais se o governo tiver sua nota soberana cortada, elas continuarão a encontrar compradores para seus títulos.

“Geralmente essas companhias estatais não têm problemas para conseguir fazer as coisas”, disse ele, em entrevista por telefone, de Nova York. “Elas apenas têm que acabar pagando o preço”.

Peter Lannigan, gerente-executivo da corretora CRT Capital, disse que pretende evitar companhias que estão ligadas à nota soberana.

“Você olha para companhias que não são afetadas pelo que acontece com o que o governo faz que é realisticamente possível”, disse ele, em entrevista por telefone de Stamford, Connecticut.

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