Após 4 altas, Ibovespa recua puxado por Vale, Petrobras e bancos
Com queda nas principais ações, índice sofreu com incertezas em torno da nova versão da reforma da Previdência.
Tais Laporta
Publicado em 2 de julho de 2019 às 17h45.
Última atualização em 2 de julho de 2019 às 18h09.
São Paulo - O clima de apreensão prevaleceu no pregão desta terça-feira (2), com a leitura da nova versão da reforma da Previdência ainda em curso no fechamento. Com isso, o Ibovespa sofreu uma queda generalizada em suas principais ações, interrompendo quatro sessões seguidas de alta. O índice da B3 recuou 0,72%, a 100.605 pontos.
No Congresso, três dos principais líderes do Centrão disseram mais cedo que os Estados e municípios devem ficar de fora desta fase de tramitação da reforma. Pela manhã, ruídos de que o PSL poderia se rebelar e retirar votos favoráveis à proposta azedaram o humor do mercado.
No exterior, o otimismo da véspera em torno das discussões comerciais entre EUA e China arrefeceu, abrindo espaço para ajustes. O governo norte-americano também aumentou a pressão sobre a Europa em uma antiga disputa sobre subsídios a aeronaves, ameaçando com tarifas sobre 4 bilhões de dólares em produtos adicionais da UE.
Mais negociadas em baixa
A baixa foi puxada pela mineradora VALE, que perdeu mais de 4%, após a CPI de Brumadinho sugerir o indiciamento do diretor-executivo de Finanças da Vale, o ex-CEO da mineradora e outros executivos pelo rompimento da barragem da empresa em janeiro
Outra pressão de baixa veio da estatal de petróleo PETROBRAS , que caiu em torno de 1,6% nas ações ordinárias e preferenciais. Os papéis sentiram os efeitos do recuo nos preços do petróleo no exterior.
O peso relevante dos bancos no Ibovespa também ajudou a derrubar a pontuação do índice. BRADESCO e ITAÚ fecharam em forte queda, refletindo o viés negativo do mercado.
Apesar da fraqueza das ações nesta sessão, estrategistas de ações mantêm um viés positivo para as ações brasileiras. A equipe do Itaú BBA elevou sua previsão para o Ibovespa no fim do ano para 118 mil pontos, citando o cenário de juros menores no país.
Dólar vai a 3,85 reais
O dólar fechou em alta moderada, também em meio a expectativas sobre a reforma da Previdência em comissão na Câmara e ruídos sobre sua tramitação e o cenário externo cauteloso. A moeda norte-americana subiu 0,30%, a 3,855 reais na venda."A volatilidade do mercado foi típica de um dia de muitos rumores e notícias cruzadas", disse à Reuters Thiago Silencio, operador de câmbio da CM Capital Markets.
Outros destaques do dia
Os papéis da seguradora SULAMÉRICA chegaram a subir quase 6% na tarde desta terça-feira (2), após a companhia informar mais cedo que recebeu oferta do grupo segurador alemão Allianz por parte de seu negócio. O valor não foi divulgado.
A produtora de alimentos BRF caiu 3,49%, com movimentos de realização de lucros, após a ação fechar com a maior alta desde julho de 2018 na véspera (+8,67%), em meio a expectativas positivas para a demanda externa com o surto de febre suína africana na China e fundamentos cíclicos positivos. A companhia também negou ter recebido ofertas por ativos no Oriente Médio.
O dia foi negativo para o setor siderúrgico. A GERDAU recuou 2,59%, enquanto a CSN perdeu 3,3% e USIMINAS, 1,13%.
A produtora de papel e celulose SUZANO perdeu 1,81%, com nova queda de preços na China mantendo a pressão de curto prazo nos papéis da companhia.
Na ponta positiva do índice, a varejista VIA VAREJO avançou 6,45%, após o acionista Michael Klein retomar o controle da companhia e assumir o conselho de administração da rede de móveis e eletrodomésticos. No setor, MAGAZINE LUIZA ganhou 1,08% e B2W caiu 0,53%.
A elétrica LIGHT, que não está no Ibovespa, recuou 2,07%, após divulgar que aprovou a realização de uma oferta pública primária e secundária de 111,1 milhões de ações ordinárias. CEMIG, que deve vender, inicialmente, 11,1 milhões de ações na operação, cedeu 1,74%.