Vale e Petrobras puxam queda do Ibovespa; Inter lidera altas e sobe 4%
Bolsas de Nova York recuam em volta de feriado, com preocupações sobre aperto monetário do Fed mantendo cautela no exterior
Beatriz Quesada
Publicado em 18 de abril de 2022 às 17h20.
Última atualização em 18 de abril de 2022 às 18h27.
Ibovespa hoje: a bolsa brasileira recuou nesta segunda-feira, 18, puxada pela queda de mais de 1% das ações da Vale (VALE3) e da Petrobras (PETR3/PETR4). As principais ações do índice recuaram na volta do feriado de Páscoa em uma semana que será mais curta devido ao feriado de Tiradentes – a B3 ficará fechada novamente na quinta-feira, 21.
- Ibovespa: - 0,43%, 115.687 pontos
“Dados da China relativos ao PIB indicaram uma possível desaceleração da atividade econômica no mês de março. Isso gerou um ajuste nas principais posições ligadas à China, como a Vale. Amanhã, após o pregão, também saem os dados de produção da mineradora. Logo, o mercado pode estar esperando para voltar a tomar posições na empresa”, afirmou Ilan Arbetman, analista da corretora Ativa Investimentos.
No caso da Petrobras, os papéis recuaram na contramão da alta do petróleo no mercado internacional. Para Arbetman, o movimento demonstra que a bolsa local está acompanhando o movimento global de aversão a risco, que tem penalizado as ações locais nos últimos dias.
- Vale (VALE3): - 1,65%
- Petrobras (PETR3): - 1,81%
- Petrobras (PETR4): - 1,76%
Vale lembrar que, na última semana, o Ibovespa acumulou queda de 1,81% acompanhando o clima negativo no exterior. Com o resultado de hoje, o principal índice da B3 tem seu 5º pregão negativo entre as últimas seis sessões.
Nesta semana, a tendência negativa nos Estados Unidos pode continuar prejudicando o mercado local. Nos Estados Unidos, os principais índices fecharam em queda, com expectativas de aperto monetário mais duro do Federal Reserve ( Fed, banco central americano) mantendo a cautela no mercado internacional. Na Europa, onde o feriado de Páscoa se estende para esta segunda, as bolsas seguem fechadas.
- Dow Jones (EUA): - 0,11%
- S&P 500 (EUA): - 0,02%
- Nasdaq (EUA): - 0,14%
O dólar, por outro lado, passou por realização nesta segunda-feira, caindo contra o real após dois dias consecutivos de altas.
- Dólar comercial: - 1,02%, R$ 4,648
Destaques da bolsa
Na ponta positiva, as units doBanco Inter (BIDI11)lideraram as altas, após o banco anunciar a retomada de seus planos de listagem na Nasdaq, com novos detalhes sobre a operação.
- Banco Inter (BIDI11): + 4,42%
Uma das mudanças em relação ao modelo proposto anteriormente está nas condições para o cash-out, que será limitada a R$ 1,131 bilhão, equivalente a 10% do valor das ações em livre circulação.
Para quem optar por manter o papel, para cada 6 ações ordinárias será entregue uma preferencial resgatável de emissão da HoldFin e uma preferencial para cada duas units do Inter. Posteriormente, o acionista poderá resgatar 1 BDR do Inter lastreado em ações classe A (direito de 1 voto por ação) para cada preferencial da HoldFin.
A operação, segundo analistas do UBS BB, deve servir de suporte aos papéis do Inter, que acumulam 40% de queda no ano. A retomada do processo de listagem ocorre após a operação ter sido cancelada no ano passado.
"Na ocasião, o Inter ofereceu opção de saque para os acionistas (a R$ 45,84 por unit), mas limitado a R$ 2,0 bilhões e a demanda por essa opção de saque ultrapassou esse limite, cancelando a oferta. Na oferta atual, o valor do saque foi definido em até R$ 1,1 bilhão, mas, se houver mais investidores demandando a opção de saque, o negócio continuará e essa opção será rateada entre os acionistas que a exigirem" afirmou o UBS, em relatório.
De fora do Ibovespa, o principal destaque está com as ações da Tupy (TUPY3), que saltaram pouco mais de 8%, após a companhia anunciar a aquisição da MWM do Brasil, então subsidiária da Traton. A empresa fabrica motores para terceiros sob contrato de manufatura e tem feito parceiras no ramo de consumo de gás natural, biometano e biogás.
- Tupy (TUPY3): + 8,47%
"A transação viabiliza a entrada da Tupy no setor de energia e descarbonização, fornecendo grupos geradores de eletricidade para o agronegócio e outras aplicações", afirmou a empresa em fato relevante. "A aquisição também marca a entrada da Tupy no setor de reposição de peças e componentes de motores no Brasil." O valor da operação não foi anunciado.
Para Guilherme Tiglia, sócio e analista da Nord Research, a compra deve trazer visibilidade para a Tupy, além de um crescimento de 10% a 15% ao ano. “Vejo uma vantagem competitiva na exposição da companhia em veículos pesados. Gosto da gestão e da empresa, mas o fator macro (global e falta de semicondutores com impacto direto na cadeia) pode seguir pesando [negativamente]”, disse.