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Vá ao shopping, mas antes compre as suas ações

Setor de shopping centers na bolsa vive o bom momento da economia e une o melhor do setor de varejo e do imobiliário

Interior do Salvador Shopping, na Bahia
DR

Da Redação

Publicado em 30 de outubro de 2012 às 11h56.

Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h40.

São Paulo - Com um espaço cada vez maior para o supérfluo na sacola de compras do brasileiro, as empresas ligadas ao consumo nadam na maré do otimismo econômico. Entre as beneficiadas, desponta a indústria de shoppings. O coquetel queda de juros, aumento do crédito e crescimento da renda média per capta turbina o varejo e o entretenimento, ajudando a trazer resultados trimestrais de fôlego e refletindo nas ações das grandes administradoras de shoppings, que têm recebido avaliação reiteradamente positiva dos analistas de mercado.Ao contrário das empresas ou das grifes de produtos, os shoppings veem engordar seus rendimentos com uma combinação particular: colhem os frutos do boom do consumo, mas lastreiam seu faturamento em estáveis contratos de aluguel dos metros quadrados das lojas. “Os shoppings acabam ficando com o melhor do setor de varejo e do imobiliário”, aponta o analista Marcelo Motta, do banco JP Morgan. Recentemente, o Deutsche Bank elevou preço-alvo de BR Malls, General Shopping e Iguatemi.Outras vantagens dos shoppings: cabem no bolso do pequeno investidor, aponta Motta. “São os mais baratos entre os setores em destaque no momento -  bancos e empresas de varejo são geralmente avaliados como caros, e as incorporadoras costumam ser mais voláteis e atrair um perfil de investidor mais voltado para o risco”. Em julho, as vendas nos shoppings brasileiros cresceram 13,18% na comparação com o mesmo período do ano anterior, revelam os dados da Associação Brasileira de Shopping Centers - Abrasce.  A expectativa de crescimento para 2010 é de 12% em aumento de vendas em relação ao ano passado, quando o faturamento alcançou 71 bilhões de reais.O Site Exame conversou com os analistas de mercado para traçar as perspectivas para as ações de administradoras de shoppings listadas na BM&FBovespa. Conheça, nas páginas à frente, as projeções para 6 empresas.
  • 2. General Shopping, a mais barata do setor

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  • São Paulo - A empresa, voltada para a classe C e B- é, de longe, a mais barata do setor na bolsa. Seu modelo de negócios baseado em expansão agressiva acaba tendo um ônus: o alto nível de alavancagem impede que o caixa gerado pelos novos shoppings chegue ao investidor. O endividamento bruto da empresa, em 30 de junho deste ano, totalizou 334,7 milhões de reais. Em 31 de março, este endividamento era de 329,6 milhões de reais. Mesmo com o histórico de tomar dívida para crescer, as perspectivas para o papel (GSHP3) não são de todo negativas. Recentemente, a empresa aumentou sua participação no Outlet de Vinhedo. Outra fonte de dinheiro pode vir também dos negócios da família de controladores, os Veronesi, donos de empreendimentos como a Universidade de Guarulhos.

    De setembro do ano passado a setembro deste ano, as ações da administradora valorizaram-se em 61,79%. Para o analista da casa de análise independente Empiricus, Felipe Miranda, outra característica positiva do papel é a expertise da empresa em adquirir estabelecimentos pouco competitivos e transformá-los em empreendimentos de sucesso. "A empresa vai operacionalmente bem e é reconhecida no setor de varejo", explica.
  • 3. BR Malls (BRML3)

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  • São Paulo - Geograficamente plural como poucas (seu portfólio vai de empreendimentos em Osasco e Campinas a Amazonas e Pantanal),  a BR Malls (BRML3) é uma das que mais colhem os resultados dos bons momentos do setor.  Para a analista de shopping centers da Ativa corretora, Juliana Campos, a empresa é a melhor opção entre as concorrentes. "A BR Malls está bem posicionada para capturar o potencial de crescimento e consolidação do setor no longo prazo, além de vislumbrarmos drivers de curtíssimo prazo com as próximas aquisições a serem anunciadas", Dona de uma vantagem essencial  - o metro quadrado mais barato dentre todas as administradoras - a BR Malls larga na frente na competividade e carrega a melhor rentabilidade entre seus concorrentes, além dos menores índices de inadimplência e vacância, diz Juliana. Em relatório de setembro, a Ativa definiu o preço alvo da ação em 31,62 reais por papel até junho de 2011, e lhes atribui recomendação neutra. Outro destaque é o modelo de negócios fortemente calcado em novos projetos e expansão - a corretora projeta um crescimento da área bruta locável (ABL) da companhia em 17,9% este ano e 15,4% em 2011.
  • 4. Alliansce decola com IPO recente e porfolio jovem

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    São Paulo – Última grande administradora do setor a abrir capital, a Aliansce (ALSC3) fez seu IPO em janeiro e demorou muito pouco a colher os frutos da recepção do mercado. Até agora, seus papéis acumularam alta de quase 30%. No primeiro semestre como empresa de capital aberto, a Aliansce teve um lucro líquido de R$ 24,6 milhões, quase o dobro do registrado no mesmo período do ano passado. Outra vantagem são os empreendimentos diversificados entre diferentes classes sociais, que englobam desde unidades voltadas para a classe C como o Bangu Shopping até a classe A e A+, como o Shopping Leblon, ambos no Rio de Janeiro.  Após os fortes resultados apresentados no segundo trimestre, o JP Morgan reiterou o status overweight (alocação acima da média) das ações e o preço-alvo em 15 reais até o fim deste ano.

    Segundo o analista Marcelo Motta, do banco de investimentos JP Morgan, o ponto forte da empresa é ter um dos portfólios mais jovens do mercado, cujos lucros são mais altos. “Mais de 50% da sua área bruta locável têm menos de cinco anos. A Aliansce oferece uma das maiores perspectivas de crescimento entre os shoppings brasileiros, apoiados principalmente nos projetos novos e em expansões”.
  • 5. JSHF e o mercado da exclusividade

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    São Paulo – Casa para algumas das marcas mais desejadas do mercado de alto luxo, como Cartier, Luis Vuitton, Channel e Armani, além de reunir alto valor simbólico em si mesmo, o Shopping Cidade Jardim é o carro-chefe do portfólio da JHSF Participações (JHSF3) no campo de shopping centers. Entretanto, mesmo a segurança de um público alvo com baixa inadimplência e alto poder aquisitivo não é suficiente para fazer decolar o papel, desvalorizado em 19,07% entre janeiro e setembro deste ano.

    Para o analista Henrique Koch, da BB Investimentos, que iniciou recentemente a cobertura da empresa, a resistência dos investidores reside no modelo híbrido da companhia, administradora de shoppings centers, locações comerciais e hotéis de alto padrão. “O padrão misto é complexo e pode deixar os investidores ansiosos”. É vantajoso apostar na empresa com 40 anos de mercado, ressalta. “Acreditamos que a JHSF seja uma boa alternativa de investimento para o longo prazo, considerando a experiência e evolução da companhia nos últimos anos, as perspectivas positivas para a economia global e para os mercados mobiliário e consumidor”. Também fazem parte do portfólio da JHSF a Fazenda Boa Vista, Horto Bela Vista, o Cidade Jardim Corporate Center e o ainda em fase de construção Shopping Metrô Tucuruvi, com inauguração programada para o primeiro trimestre de 2011.
  • 6. Iguatemi investe nas classes A e B

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    São Paulo – Com um leque de negócios voltado às classe A e B, a Iguatemi Empreendimentos (IGTA3) se prepara para investir novamente no mercado de luxo, com a construção do Iguatemi Alphaville. O investimento previsto na unidade é de 181 milhões de reais, com inauguração em março de 2011, contou com um contrato de financiamento do BNDES assinado em julho deste ano. O novo projeto injeta novas cifras nas taxas de aluguel e administração e cimenta 2011 como um ano positivo para o papel, diz a analista de investimentos Sandra Peres, da corretora Coinvalores. “A empresa também já colhe os frutos do cenário positivo do setor, com ações valorizadas em 58,79% entre setembro de 2009 e setembro deste ano; 13,16% só nos últimos 30 dias”, aponta Sandra. A Coinvalores deu ao papel recomendação de compra e deve, em breve, revisar para cima as estimativas da companhia, que recebeu recomendação de compra, diz a analista. “Houve melhora nas margens e diminuição na taxa de inadimplência”. De acordo com a empresa, 75% da área bruta locável (ABL) do Iguatemi Alphaville já está contratada.
  • 7. Multiplan, tradição e busca de novos projetos

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    São Paulo - Para promover seu novo empreendimento, o elegante Village Mall, a Multiplan (MULT3) trouxe de Hollywood uma elegante Nicole Kidman que sobrevoou de helicóptero sobre um Rio de Janeiro idílico, com direito a trilha bossanovística. O recado é claro: a mira do novo projeto está voltada para o mercado de consumo qualificado.A Multiplan já tem empreendimentos nobres em seu portfólio, como o  Morumbi Shopping e o Barra Shopping, e é dona de uma área bruta locável de 118 mil metros quadrados. Recentemente, a companhia teve a recomendação revisada pela corretora Fator, que aumentou também o preço-alvo de suas ações. O novo preço-alvo para junho de 2011 é de 40 reais, frente à avaliação anterior em 39 reais, e a nova recomendação é de manutenção.“São papéis com alta performance este ano, com 45% de alta em doze meses, e que se mostraram bastante resilientes à crise”, explica o analista Eduardo Silveira. “É um potencial melhor de valorização, mas com múltiplos mais elevados”. Entre os pontos fortes do papel, o analista aponta a posição de caixa líquido e o baixo endividamento, além de um histórico notável no setor.Para o curto prazo, a perspectiva é uma rentabilidade menor para as ações, diante da absorção dos custos dos projetos de novas unidades, mas as expectativas são positivas para 2011. Além do Village Mall, há projetos para três novos shoppings em andamento.
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