Turbulência no crédito privado deve expandir mercado bancário, diz BTG
Rogério Stallone, sócio de crédito corporativo e securitização do banco, vê encolhimento temporário do mercado de capitais
Repórter de Invest
Publicado em 11 de abril de 2023 às 20h29.
Última atualização em 11 de abril de 2023 às 20h36.
O mercado de crédito privado brasileiro tem passado por uma turbulência neste início de 2023. Desde o pontapé com a fraude daAmericanasem janeiro, outras grandes empresas como Light, Marisa, Petrópolis e Tok&Stok enfrentaram problemas de dívida que estão afetando diretamente o mercado de capitais.
“Estamos vendo diversas reestruturações principalmente em companhias de varejo. Isso gera uma fuga de ativos de fundos de crédito, com gestores precisando vender e rebalancear seu portfólio. Então o mercado de capitais para crédito está complexo”, afirmou Rogério Stallone, sócio de crédito corporativo e securitização do BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME ), durante o BTG Summit.
Na avaliação de Stallone, a demanda de venda desses papéis somada a emissões hoje paralisadas no mercado de capitais acaba sendo absorvida pelo mercado bancário. “Vimos diversas estatísticas que o mercado de crédito continua crescendo no Brasil, mas na verdade o que tem acontecido é um rebalanceamento. São grandes empresas que deveriam estar se financiando via mercado de capitais e isso está vindo para o balanço dos bancos”, avaliou.
O executivo estima que o mercado de crédito bancário está passando por um crescimento, na esteira de um encolhimento temporário que vem sendo observado no mercado de capitais. Para que a situação volte à normalidade, seria necessária uma mudança de cenário para os juros tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.
Rafael Nery, sócio responsável pela cobertura comercial de clientes corporativos do BTG, lembrou que a falência do Silicon Valley Bank (SVB) que desencadeou o medo de uma crise bancária nos Estados Unidos trouxe seus efeitos para o Brasil.
“[As falências bancárias nos EUA] parecem ter sido casos isolados, mas é algo que deixa o mercado de crédito mais restritivo no Brasil também. Os spreads abrem, as operações saem com mais garantias. É algo que tende a normalizar ao longo do ano”, disse.
Veja também