INDÚSTRIA: / Germano Lüders (Germano Lüders/Exame)
Da Redação
Publicado em 10 de novembro de 2016 às 19h09.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h33.
A semana chega ao fim com investidores ainda tentando entender como Trump pode afetar a economia e as empresas brasileiras. Ontem, em entrevista ao porta de notícias UOL, o ministro da Fazenda Henrique Meirelles disse que a aversão ao risco pode levar a uma redução da disponibilidade de capitais e reverter a taxa de crescimento de diversos países, inclusive o Brasil.
O governo reduziu a expectativa de crescimento em 2017 de 1,6% para 1%, mas a previsão pode cair ainda mais. Meirelles e especialistas têm afirmado que ainda é impossível saber se Trump vai conseguir, ou tentar, cumprir as promessas de campanha. Mas, como sempre, o mercado financeiro tenta antecipar o que devem ser os seus primeiros movimentos. Uma das grandes expectativas é a de que Trump cumpra sua promessa de investir em infraestrutura.
Essa expectativa levou a uma disparada de 9% nos contratos futuros do preço do minério de ferro na China na quinta-feira. Por aqui, desde a quarta-feira os papéis preferenciais da Vale subiram 9,2%, os da siderúrgica Gerdau dispararam 9,4% e as ações ordinárias da CSN tiveram alta de 6,2%.
Outra expectativa que aos poucos começa a dominar o mercado é a de que a política expansionista faria o banco central do país, o Federal Reserve, elevar a taxa de juros mais rapidamente. Só a possibilidade dessa alta já levou investidores estrangeiros a deixar o Brasil e o dólar a subir 4,7% na quinta-feira. Com isso, é claro, quem tende a ganhar por aqui são as companhias exportadoras. Ontem, os papéis preferenciais da Suzano Papel dispararam 13,5%, as ações ordinárias da Fibria subiram 11,1%.
O banco Citi já mudou sua carteira de ativos pautado neste novo cenário. Em relatório, os analistas relataram que incluíram os papéis das exportadoras de alimentos JBS e BRF. Os analistas ainda listaram as exportadoras de papel e celulose Fibria e Suzano, as empresas de energia AES Tiete e Energisa e a farmacêutica Raia Drogasil entre as companhias que poderiam se valorizar com os investidores adotando uma carteira mais defensiva. AES e Energisa são, historicamente, boas pagadoras de dividendos, o setor farmacêutico é imune à crise atual. Passado o Kit Impeachment, chegou a vez da Carteira Trump.