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Tragédia grega é inevitável para o mercado (embora alguns digam que não)

Na opinião de Lika Takahashi, da Fator Corretora, não há como evitar sofrer com uma possível saída da Grécia da zona do euro

Saída da Grécia deixaria marcas no mercado (Louisa Gouliamaki/AFP)

Saída da Grécia deixaria marcas no mercado (Louisa Gouliamaki/AFP)

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Da Redação

Publicado em 6 de junho de 2012 às 14h49.

São Paulo – Cada um para um lado, com o mínimo de consequências, não é uma hipótese provável para o mercado financeiro numa eventual saída da Grécia da zona do euro. Para Lika Takahashi, estrategista-chefe da Fator Corretora, tragédia grega é um cenário muito mais provável que o de separação amigável.

Em sua nota de estratégia mensal, onde traça um panorama do cenário que atinge o mercado financeiro, a estrategista lembra que os defensores da saída de um membro do clube da moeda única defendem que essa saída seria amigável.

“Entretanto, mesmo que ela seja executada sem falhas - cenário (bastante) otimista - bancos e empresas na região poderão tombar, pois seus ativos e passivos, domésticos e estrangeiros, não vão mais casar, o que provocaria uma cascata de inadimplência e ações legais”, afirma.

Com isso, a estrategista afirma que uma avalanche nos mercados financeiros seria o cenário mais provável. “Investidores sairiam (ainda mais) à busca de qualidade e porto seguro, haveria corrida aos bancos e, em meio a tudo isso, colapso na cadeia de produção”, afirmou.

Regime de proteção

A expectativa da saída de um integrante tem incentivado algumas medidas de prevenção, conforme destaca Lika. Além dos investidores que migram para ativos que consideram mais seguros, as empresas também têm começado a elaborar planos para atuar no pior dos cenários. “Para limitar a exposição à zona do euro, multinacionais têm transferido o caixa de sobra para fora da região em moedas como o dólar e a libra”, afirma a estrategista.

Outras empresas, diz, também colocam cláusulas em contratos para estipular qual a moeda ou relação de câmbio deverá ser usado caso a Grécia deixe o euro.

Outra maneira de proteção vem por parte dos bancos que, conforme possível, tentam ‘casar’ ativos e passivos dentro de um mesmo país. Ela cita um artigo publicado no Financial Times, no qual Gillian Tett explica que os bancos têm reordenado sua exposição europeia, alinhando seus ativos. Assim, se um banco possui empréstimos para devedores espanhóis, o funding para cobri-los vem da Espanha ao invés da Alemanha, por exemplo.

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