Traders se desfazem de opções enquanto real desafia ataque ao BC
Os traders ficaram insensíveis às persistentes críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Banco Central e estão se livrando de opções caras
Agência de notícias
Publicado em 3 de março de 2023 às 13h45.
Os traders ficaram insensíveis às persistentes críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Banco Central e estão se livrando de opções caras sobre o real.
Comentários de Lula e outros membros do governo que costumavamtornar o real cambaleantequase não têm impacto agora. A crença dos investidores de que o BC manterá seu controle sobre a política monetária e que Roberto Campos Neto permanecerá no comando levaram a volatilidade implícita para 16,5%, mais de 10 pontos percentuais abaixo dos níveis observados em novembro e uma nova mínima de um ano.
Oscilações reduzidas impedem que operadores aproveitem ogamaque os instrumentos fornecem enquanto o custo de carrego é alto.
Os traders inicialmente se sentiram desconfortáveis com a decisão do governo de agredir publicamente o BC e Campos Neto no mês passado, depois que os formuladores de política citaram as preocupações fiscais como uma das principais razões por trás da política monetária rígida. A moeda rapidamente reverteu o sentimento benigno que a levou além de R$ 5 reais por dólar, perdendo 6% em uma semana.
O chefe do banco central agiu para aliviar as tensões com uma entrevista de cerca de 3 horas na TV, onde eleadotou um tom conciliadorenquanto deixava claro que não tinha planos de renunciar. Enquanto políticos próximos a Lula mantinham os ataques, com novos golpes desferidos esta semana, operadores não estão mais abandonando a moeda a cada passo.
Os mercados aguardarão a próxima decisão sobre a taxa de juros em 22 de março para ver como o BC lidará com o conflito. Nenhum corte é esperado, mas a linguagem usada pelos formuladores de políticas pode alimentar especulações de que eles começarão no primeiro semestre do ano em meio à piora dos dados econômicos e à intensa pressão política.
Embora as empresas tenham citado os altos níveis das taxas de juros como prejudicando suas perspectivas, os preços de mercado mostram que o impulso de Lula por crescimento provavelmente se beneficiaria mais de uma queda nos juros de longo prazo - que podem resultar da confiança renovada nas perspectivas fiscais - do que na taxa de referência. O contrato de juros com vencimento em janeiro de 2027 subiu quase 50 pontos-base desde a última decisão de taxa em 1º de fevereiro, quando as pressões sobre a autoridade monetária aumentaram.