Exame Logo

Tombo de quase 1,5%: Ibovespa segue exterior e tem dia de realizações

Investidores pausam rali, após bolsas baterem recordes; dólar sobe 1,60% e rompe marca dos 5,50 reais

Painel com cotações na bolsa brasileira, a B3 (Germano Lüders/Exame)
BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 11 de janeiro de 2021 às 09h23.

Última atualização em 11 de janeiro de 2021 às 18h16.

O Ibovespa iniciou a semana em queda, em meio ao clima de realização de lucros no mercado financeiro global após as principais bolsas de valores alcançarem novos recordes na última sexta-feira, 8, quando a promessa de pacotes de "trilhões de dólares" feita por Joe Biden impulsionou novas altas. Na última semana, o Ibovespa fechou pela primeira vez acima dos 125.000 pontos - região perdida ainda nos primeiros negócios desta segunda-feira, 11. O índice encerrou o pregão em queda de 1,46%, aos 123.255 pontos.

Quer saber quais os melhores investimentos para 2021? Baixe relatório gratuito do BTG Pactual digital

Em dia de agenda econômica vazia, os investidores ficaram atentos aos desdobramentos do processo de impeachment deDonald Trump, iniciado nesta segunda-feira. O processo só deve ser concluído após a saída do presidente da Casa Branca -- o objetivo dos democratas é impedir uma nova candidatura de Trump em 2024.

O maior ponto de atenção, porém, foi o aumento generalizado de casos de coronavírus. O mundo chegou à marca de 90 milhões de casos de covid-19 no fim de semana, com altas diante da nova variante mais transmissível do vírus. A China também reportou hoje sua maior alta diária de casos em cinco meses, o que levou o governo chinês a decretar lockdown em uma região de Pequim, habitada por 500.000 pessoas.

Somando as preocupações com a realização de lucros, as bolsas europeias e americanas encerraram o primeiro pregão da semana no vermelho. O índice pan-europeu STOXX 600 caiu 0,7%, e as principais bolsas do continente fecharam o dia em queda. Nos Estados Unidos, os três principais índices fecharam em terreno negativo. O Dow Jones perdeu 0,29%, o S&P500 caiu 0,66% e o Nasdaq recuou 1,25%.

No cenário interno, discussões sobre as eleições para a presidência da Câmara e do Senado ganharam  mais espaço nas mesas de negociações, com investidores ponderando como será o cenário para o andamento de reformas e quais serão os efeitos fiscais da possível retomada do auxílio emergencial.

"A possibilidade de renovação do auxílio preocupa porque o teto de gastos precisa ser respeitado. O mercado local está muito atrelado ao exterior e não vem absorvendo tanto esse risco. Porém, essa questão doméstica vai começar a fazer preço logo mais, ainda mais com o aumento das medidas restritivas [em razão da pandemia de Covid-19]", comenta Gustavo Bertotti, economista da Messem.

Em lados opostos na disputa pelo comando da Câmara, o atual presidente da Casa, Rodrigo Maia, chamou o presidente Jair Bolsonaro de covarde neste fim de semana por -- segundo a Veja -- atribuir ao ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, o atraso para o início da vacinação. Na sexta-feira, 8, a Fiocruz e o Instituto Butantan pediram à Anvisa a autorização do uso emergencial das vacinas desenvolvidas em parceria com a Oxford/AstraZeneca e com a chinesa Sinovac. Segundo Pazuello, na melhor das hipóteses, a vacinação deve começar até o dia 20, e na pior, até o fim de março.

Enquanto a vacina não sai, os números de mortes e infecções por coronavírus voltam aos níveis do pico da doença no Brasil. No domingo, a média móvel de sete dias de óbitos pela doença superou a marca de 1.000 pessoas pela primeira vez desde agosto. Em meio ao crescimento do número de hospitalizações, um novo lockdown foi implementado emBelo Horizonte, onde shoppings da Aliansce Sonae e da Multiplan, ambas com capital aberto na bolsa, tiveram que ser fechados para atividades não essenciais.

Dólar em alta

O mercado de câmbio brasileiro iniciou a semana sob forte pressão, com o dólar emendando a quarta alta consecutiva e renovando máxima de fechamento em cerca de dois meses. A moeda americana se valorizou 1,60%, e encerrou o dia negociada a 5,5033 reais.

O dia era de correção em vários ativos de risco, como bolsas, moedas emergentes e petróleo. Ainda assim, o resultado surpreendeu. Para Sérgio Zanini, gestor da Galapagos Capital, cerca de 90% desse desempenho é resultado de questões internas do Brasil, que levam o país a ter o pior desempenho entre seus pares.

"Além do cenário fiscal desregulado, temos também a indefinição em relação à presidência da Câmara e do Senado. Por fim, o patamar de juros atual não é condizente com os fundamentos do país, e o desempenho da moeda é reflexo desse desequilíbrio.", afirma.

O Banco Central interveio no câmbio nesta segunda-feira ao vender 500 milhões de dólares por volta de 13h40 para dar liquidez ao mercado. As compras diminuíram num primeiro momento, mas depois voltaram a ganhar tração.

"O BC ainda está tímido na venda de dólares. A intervenção tem efeito na expectativa de juros, então é uma ferramenta que deveria ser mais utilizada para tirar a volatilidade do câmbio que é muito maléfica para a economia real -- acaba virando inflação", avalia Zanini.

Nesta segunda-feira, a divisa oscilou entre a máxima de 5,5173 reais (+1,86%) e mínima de 5,4497 reais (+0,61%).

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Invest

Mais na Exame