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Tempo ruim na Bolsa leva empresas a comprar suas ações

Só neste ano, 20 empresas anunciaram programas de recompra de ações


	Bovespa: em 2014, o Ibovespa, principal índice da Bolsa, acumula perdas de 10,4%
 (Paulo Fridman/Bloomberg News)

Bovespa: em 2014, o Ibovespa, principal índice da Bolsa, acumula perdas de 10,4% (Paulo Fridman/Bloomberg News)

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Da Redação

Publicado em 20 de março de 2014 às 09h47.

São Paulo - O desempenho negativo da BM&FBovespa está fomentando uma corrida das empresas para lançar programas de recompra de ações. Só neste ano, quase 20 fizeram o anúncio.

A expectativa, segundo especialistas, é de que os próximos meses sejam ainda carregados por novos programas dessa natureza, por empresas mais capitalizadas. No total, cerca de 70 companhias mantêm hoje programas de recompra.

Em 2014, o Ibovespa, principal índice da Bolsa, acumula perdas de 10,4%. No ano passado, a queda registrada foi de 15,5%. Entre as empresas que, neste início de ano, informaram ao mercado que recomprarão suas próprias ações estão a BM&FBovespa, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), a Hypermarcas e a Porto Seguro.

Esses programas são bem vistos pelo mercado por passarem uma mensagem de confiança dos executivos em relação ao futuro da empresa e também por ser um sinal de um maior pagamento de dividendos. Por outro lado, no entanto, a retirada das ações do mercado reduz o número de papéis em circulação (free float), apontam analistas.

"A recompra tem mais vantagens do que desvantagens e mostra que a empresa acredita que a sua ação vale menos do que deveria valer e o mercado valoriza uma companhia que trabalha com um piso para as suas ações", diz o economista da Plena Investimentos, José Eduardo de Toledo Abreu Filho.

O especialista lembrou que além daquelas companhias que aproveitam o momento de baixa para recomprar suas ações, há aquelas empresas em que a recompra é uma "prática constante", como Bradesco e Alpargatas. Ambas têm programa de recompra em curso.

 


Dividendos

Para William Alves, analista da XP Investimentos, a recompra é um bom indicativo para o mercado. "Mostra confiança da empresa e demonstra que a diretoria considera que as ações negociadas em bolsa estão subavaliadas", diz. O analista-chefe da Alpes Corretora, Bruno Gonçalves, destaca que, no fim, o programa pode ser bem positivo para o acionista. 

"A empresa pode cancelar as ações recompradas e com isso o acionista remanescente se beneficiará da menor base do capital social da companhia, o que significa dividendos maiores por ação."

Esse é um ponto que também entra na análise dos gestores dos fundos de ações, conta o sócio da Guepardo Investimentos, Pedro Ozores. "Se estamos investidos nessa empresa ficamos mais confortáveis, pois, teoricamente, as pessoas que mais a conhecem realmente acreditam nela e enxergam um grande desconto na ação."

Mas também há críticas a essa prática. A recompra de ações pode levar a uma formação de preços insustentável, dizem analistas de mercado. Isso ocorre porque, ao recomprar seus próprios papéis, as companhias jogam para cima a cotação de suas ações.

Toledo Abreu Filho, da Plena, diz que o programa de recompra pode incitar, ainda, questionamento em torno do destino do caixa da empresa.

"O investidor pode se perguntar se não teria sido melhor investir no negócio", disse, mas destacou que a leitura em grande parte das vezes é positiva.

Regras

Para realizar um programa de recompra de ações, as companhias devem ficar atentas às regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

A instrução 10, que rege sobre o tema, veda a aquisição de ações de emissão quando, por exemplo, "requerer a utilização de recursos superiores ao saldo de lucros ou reservas disponíveis, constantes do último balanço" ou quando "criar por ação ou omissão, direta ou indiretamente, condições artificiais de demanda, oferta ou preço das ações ou envolver prática não equitativa".

A CVM estabelece ainda que as companhias abertas não poderão manter em tesouraria ações de sua emissão em quantidade superior a 10% de cada classe de ações em circulação, sendo consideradas nesse porcentual as ações mantidas em tesouraria por sociedades controladas e coligadas. Colaborou Aline Bronzati. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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