Somos vira-latas que ganharam pedigree, diz Stuhlberger, do Verde
O gestor de um dos fundos mais antigos o país confia que não haverá recessão nos EUA e diz estar do lado dos otimistas.
Tais Laporta
Publicado em 6 de julho de 2019 às 15h45.
Última atualização em 29 de julho de 2019 às 16h09.
Se uma palavra pudesse resumir o Fundo Verde , um dos maiores e mais antigos do país, seria resiliência. O bordão de auto-ajuda foi proferido por seu fundador, Luís Stuhlberger, ao falar dos altos e baixos do passado a uma plateia de cerca de 1500 investidores, durante evento da XP Investimentos, neste sábado (6).
Stuhlberger fez questão de lembrar dos fracassos do Verde, que foi reaberto a investidores no ano passado. Foi na crise de 2008 que o fundo foi pego de surpresa. Com uma posição de 30% de sua carteira em ações, sucumbiu ao colapso dos mercados.
O retorno naquele ano ficou negativo em 5%, enquanto o CDI foi de 12,5%. "Hoje isso parece algo indesculpável", diz o gestor. O tombo foi tão grande que o Verde sofreu resgates de R$ 7 bilhões em recursos, principalmente de estrangeiros.
Apesar dos tropeços, o desempenho do Verde é impressionante desde que foi criado, em janeiro de 1997, com uma rentabilidade acima de 15.000% – mais de sete vezes o retorno do CDI. "Somos um grupo de vira-latas que acabou ganhando pedigree", define.
Nos últimos anos, contudo, as coisas pioraram para o Verde, um fundo multimercados com posições em ações, câmbio e juros. Os ganhos ficaram bem próximos da renda fixa, forçando o fundo a repensar sua estratégia, que tem mudado bastante e há pouco começou a mostrar uma recuperação.
Em 2019, o Verde AM X60 Advisory FIC FIM, fundo que espelha o original após ter sido aberto ao público no ano passado, acumula um ganho de 11,06%, acima da variação de 4,74% do CDI no mesmo período.
Mais Brasil, menos bolsa americana
Em junho, o fundo de Stuhlberger voltou a aumentar sua posição em ações brasileiras e reduziu drasticamente as apostas na bolsa americana, após um mês de maio cauteloso com a política e a cena externa.
"Não acho que vai ter recessão nos EUA", afirma o gestor, contrariando boa parte das profecias do momento. No entanto, Stuhlberger fez um alerta para os riscos da tensão comercial entre EUA e China.
"Pode ter alguma consequência para o preço dos ativos", diz, justificando o fato de o fundo ter reduzido a posição em ativos globais. A aposta da carteira no momento, acrescenta o gestor, são ações brasileiras fora do setor financeiro e de commodities, dois vetores que puxaram a bolsa nos anos anteriores.
"Nosso foco está em ações talvez não tão baratas, mas que têm um grande potencial de crescimento e é onde acreditamos que as coisas vão acontecer", disse.
Stuhlberger se disse confiante com a aprovação da reforma da Previdência, que definiu como "mais robusta do que se podia imaginar", e disse estar do lado dos otimistas quanto à recuperação da economia brasileira. "Quem e catastrófico não costuma se dar bem", afirma.