SoftBank estuda recompra de ações para fechar capital, dizem fontes
Segundo as regras do Japão, o fundador da empresa poderia obrigar outros acionistas a venderem ações quando conseguir uma participação de 66%
Karla Mamona
Publicado em 9 de dezembro de 2020 às 08h55.
(Bloomberg) -- O SoftBank Group estuda uma nova estratégia para fechar capital, com a recompra gradual das ações em circulação até que o fundador Masayoshi Son tenha participação grande o suficiente para pressionar os investidores restantes, segundo pessoas a par do assunto.
A abordagem provavelmente levaria mais de um ano e significaria que a empresa japonesa continuaria a vender ativos para financiar as recompras sucessivas, disseram as pessoas, que não quiseram ser identificadas. Son não compraria mais ações, mas sua participação acionária, agora em cerca de 27%, aumentaria à medida que outros investidores vendessem papéis.
Segundo as regras do Japão, Son poderia obrigar outros acionistas a venderem ações quando conseguir uma participação de 66%, talvez sem pagar um prêmio, disseram as pessoas.
Uma vantagem do programa, que insiders chamam de aquisição “slow-motion”, é que o plano dá ao SoftBank flexibilidade para comprar suas próprias ações quando caírem, de acordo com as pessoas. No caso de uma compra formal, a empresa teria que pagar um prêmio, provavelmente em torno de 25%. Os acionistas também devem apoiar as recompras, especialmente porque o conglomerado continua a negociar com desconto em relação ao valor total de suas participações em empresas como Alibaba, Uber Technologies e DoorDash.
O bilionário disse em fevereiro que, em sua opinião, o SoftBank está em melhor posição como uma empresa de capital aberto. Mais recentemente, ele não quis comentar sobre os planos após informações sobre o possível fechamento de capital veiculadas na imprensa, incluindo na Bloomberg News.
“Se nossas ações caírem, vou recomprar mais ações de forma mais agressiva”, disse Son em conferência em novembro. O SoftBank não quis comentar.
As ações da empresa subiram 5,6% na quarta-feira em Tóquio após a reportagem da Bloomberg, atingindo o maior nível em 20 anos, a 7.489 ienes.
Son estuda a ideia fechar capital há pelo menos cinco anos. Quando as ações do SoftBank despencaram em março devido à pandemia de coronavírus, Son começou a conversar com consultores e bancos, como a Elliott Management e o fundo soberano de Abu Dhabi Mubadala Investment. Mesmo com o valor de mercado do SoftBank em cerca de US$ 50 bilhões e seus ativos valendo o triplo, não foi fácil convencer os bancos, que ofereceram termos desfavoráveis e emperraram as negociações, disse uma pessoa envolvida nas conversas.
Son então revelou planos de vender cerca de US$ 43 bilhões em ativos para pagar dívidas e recomprar ações. Até junho, o bilionário havia vendido US$ 13,7 bilhões em ações do Alibaba, uma fatia ainda maior de sua participação na T-Mobile US e algumas ações do SoftBank Corp., sua unidade de telecomunicações japonesa.
Son também anunciou a venda da Arm para a Nvidia por cerca de US$ 40 bilhões, com a redução da fatia no SoftBank Corp. em cerca de 30% e a venda do controle acionário da empresa de distribuição de telefones Brightstar Corp.
Son diz que agora tem US$ 80 bilhões de caixa. O forte mercado de ofertas públicas iniciais também trouxe ao SoftBank grandes ganhos em investimentos, como na chinesa KE Holdings e DoorDash.
No entanto, o valor de mercado do SoftBank subiu com a alta de mais de 160% em relação à mínima em março. O valor das ações que não estão nas mãos de Son é de cerca de US$ 87 bilhões.