Invest

Sinqia melhora eficiência no 1º trim. e segue de olho em aquisições, mas fica mais seletiva

Depois de comprar 60% da Compliasset, companhia tem entre cinco e seis negociações mais frequentes e avançadas, mas projeção é de que novos M&As só venham no segundo semestre; nos primeiros três meses do ano, receita recorrente bateu recorde

Sinqia: companhia tem o crescimento inorgânico no DNA (Sinqia divulgação/Site Exame)

Sinqia: companhia tem o crescimento inorgânico no DNA (Sinqia divulgação/Site Exame)

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 8 de maio de 2023 às 19h25.

Última atualização em 8 de maio de 2023 às 19h35.

Dez anos após seu IPO, a Sinqia (SQIA3) cresceu em ritmo acelerado com suas 24 aquisições feitas desde meados dos anos 2000 (14 delas vieram nos últimos cinco anos). O crescimento inorgânico ainda é um pilar estratégico para a empresa de softwares para o mercado financeiro, mas o ambiente macroeconômico com juros altos deixou o grupo mais seletivo.

"A empresa se diferenciou de outras do setor pelas aquisições. Hoje temos 10% do mercado, com posicionamento de ser consolidadora", diz o diretor de relações com investidores, Emerson Faria, em entrevista à EXAME Invest. "Continuamos, sim, olhando empresas para aquisição. Vamos manter a agenda inorgânica, esse é um dos pilares. Mas este ano vai ser mais calmo", explica o diretor.

Ao fim do primeiro trimestre, a companhia reportou alavancagem de 1,8 vez. "Se surgir alguma oportunidade muito boa, podemos emitir mais dívida", diz Faria. Nos últimos dois anos, a companhia realizou duas emissões de debêntures para ajudar a sustentar o crescimento: uma em julho do ano passado, de R$ 100 milhões, e outra em 2021, de R$ 150 milhões. 

De acordo com o diretor, mais de 600 empresas são mapeadas pela Sinqia e mais de 100 contratos de acordo de não divulgação (NDA, no termo em inglês) estão assinados. "Algumas negociações esfriaram. O aumento de custo de capital me deixou mais seletivo, mas também há muitas oportunidades que surgem desse momento", explica Faria. Cerca de cinco a seis empresas estão com negociações mais recorrentes e algumas podem ser concluídas no segundo semestre. Em março, a companhia já anunciou a compra do controle (60%) da Compliasset, por R$ 18 milhões. 

Receita recorde no 1º trim., mais uma vez

No primeiro trimestre de 2023, a Sinqia repetiu alguns feitos. A receita líquida somou R$ 164,2 milhões. O montante é 18,3% maior que em relação ao mesmo período de 2022, com Software crescendo 19,8% e Serviços 10,0% no mesmo comparativo. "Nossa receita recorrente, que é a que projeta a receita para os próximos 12 meses e mostra a saúde do negócio, somou R$ 556 milhões", conta Faria. Esse indicador já é 13 vezes maior do que na época do IPO e novo recorde.

O lucro bruto atingiu R$ 67,3 milhões, crescendo 15,5%, e o Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado alcançou R$ 43,8 milhões, aumentando 20,9% sobre o mesmo período do ano anterior. Com isso, a margem Ebitda ajustada ficou em 26,7%, a maior da história da companhia. O lucro líquido da empresa foi de R$ 1,8 milhão.

Um dos motores de cresimento da receita foi a mudança estratégica para aumentar o cross-selling, ou seja, a venda cruzada de produtos e serviços da empresa. Hoje, a companhia tem cerca de 100 produtos em seu portfólio e aproximadamente mil clientes. Um levantamento interno, porém, mostrou que seus produtos somados poderiam servir para 60% da base de clientes, mas esse índice não passava de 15%. "Isso mostra que temos o potencial de quadruplicar isso. Já começamos a ver a participação de cross-selling ajudando a aumentar a receita", diz Faria.

Outra busca da companhia é por ganho de eficiência. "Como tem muitos produtos em cada vertical, estamos unificando produtos e migrando clientes", explica Faria. Isso ajuda a explicar o ganho de margem Ebitda. A empresa atuou na revisão de preços defasados, unificação de produtos e otimização de despesas.

A Sinqia também vem aumentando seus investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D), com destaque para o lançamento de uma nova solução de Pix, que oferece uma escalabilidade de transações muito maior para seus clientes. “Neste ano, o Pix já ultrapassou a marca de 3 bilhões de transações, segundo dados do Banco Central, atingindo sucessivos recordes mensais de volume de transações. Os softwares da primeira geração disponíveis no mercado já estão próximos do limite. Então estamos lançando uma plataforma para suportar violumes muito maiores de transações."

Acompanhe tudo sobre:Tecnologia da informação

Mais de Invest

O que é private equity e como funciona?

Quanto rendem R$ 20 mil por mês na poupança?

CD americano x CDB brasileiro: quais as diferenças e qual vale mais a pena investir

Goldman Sachs vê cenário favorável para emergentes, mas deixa Brasil de fora de recomendações

Mais na Exame