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Seletividade na carne: JPMorgan elege Minerva para investimento no setor, sem risco EUA

Banco rebaixa JBS, muito exposta à América do Norte; BRF e Marfrig seguem como “neutras”

Linha de produção da Minerva (BEEF3): companhia é a principal aposta do JPMorgan para o setor de proteína no Brasil (Ricardo Benichio/Exame)

Linha de produção da Minerva (BEEF3): companhia é a principal aposta do JPMorgan para o setor de proteína no Brasil (Ricardo Benichio/Exame)

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Beatriz Quesada

Publicado em 11 de janeiro de 2023 às 14h37.

Última atualização em 11 de janeiro de 2023 às 19h51.

A Minerva (BEEF3) é a aposta do JPMorgan para 2023 no setor de proteína no Brasil. O banco divulgou nesta quarta-feira, 11, um novo relatório com atualização das perspectivas para o setor diante da deterioração das margens nos Estados Unidos combinada com uma oportunidade na reabertura econômica da China.

O resultado foi a mudança na recomendação para os papéis da Minerva, mais exposta ao mercado brasileiro e mais propensa a aproveitar a recuperação dos preços de exportação da carne nacional para a China. A recomendação passou de neutra para overweight, equivalente à compra, e levou as ações da Minerva às maiores altas do Ibovespa hoje, com alta superior a 7%.

A avaliação dos analistas é que investir na Minerva é uma forma de aproveitar a reabertura da China, que responde por aproximadamente 40% das receitas da Minerva. Outra vantagem é a retomada do ciclo do gado no Brasil. 

“Os preços de exportação da carne bovina brasileira caíram 27% em relação aos picos de 2022 e devem reacelerar sazonalmente com a reabertura da China (a carne bovina é consumida principalmente fora de casa) e o reabastecimento após o Ano Novo Chinês, provavelmente encerrando a tendência de vários meses de contração das margens de exportação”, informou o relatório.

O reflexo, segundo o JP, será sentido no Ebitda, principal indicador de caixa da companhia. O banco elevou as projeções do Ebitda para 2023 e 2024, com elevação de preço-alvo de R$ 15 para R$ 17 – um potencial de valorização de 26% frente ao último fechamento.

As notícias não são tão boas para os outros papéis do setor. A JBS (JBSS3), que tem forte presença no mercado dos Estados Unidos, deve ser prejudicada com a redução das margens no país. Mesmo sendo a empresa mais diversificada do setor, analistas estimam que a JBS enfrentará uma tempestade perfeita, com excesso de oferta, custos mais altos e dinâmica de consumo fraca. Sob essa perspectiva, o JP rebaixou a recomendação para as ações de overweight para neutra. 

“Embora o ponto de inflexão do mercado de gado dos EUA já fosse esperado, a seca recente nas áreas produtoras e o efeito de liquidação, combinados com as perspectivas de demanda fraca, provavelmente estão tornando o ciclo mais profundo do que o esperado”, avaliaram os analistas. As ações da JBS caem perto de 2% após a divulgação do relatório.

Já as recomendações do JPMorgan para BRF (BRFS3) e Marfrig (MRFG3) continuaram neutras, mas com perspectivas negativas. 

No caso da BRF, existe excesso de oferta e queda de preços no mercado de frango nos principais mercados consumidores da proteína, que é o carro chefe da empresa. Além disso, analistas listam questões com queda de demanda, forte concorrência, perda de produtividade na cadeia produtiva e custos elevados tanto na produção quanto no transporte.

Já para Marfrig, o clima negativo nos Estados Unidos deve superar os possíveis ganhos com a reabertura da China na divisão nacional da empresa. 

“Apesar das melhorias na disponibilidade de gado esperadas para o Brasil em 2023 e 2024, não acreditamos que o desempenho do rebanho [da Marfrig] possa subir sem um catalisador positivo da América do Norte – que não esperamos ver em breve”, afirmaram.

A BRF liderou as baixas do Ibovespa após a divulgação do relatório, caindo 6,6%. JBS recua pouco mais de 1%, enquanto Marfrig caiu 0,7%.

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