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Santander vai do pior ao melhor após troca de ações

Muitos viram a oferta do Santander para comprar ações de minoritários no Brasil como uma chance para vendê-las, mas talvez tivesse sido melhor ficar com elas


	Santander: o Santander Brasil é o banco com o melhor desempenho do país este ano
 (Dominique Faget/AFP)

Santander: o Santander Brasil é o banco com o melhor desempenho do país este ano (Dominique Faget/AFP)

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Da Redação

Publicado em 25 de junho de 2015 às 21h21.

Quando o Banco Santander SA lançou no ano passado a oferta para comprar a fatia dos minoritários na sua unidade brasileira, muitos viram a proposta como uma oportunidade para se livrar dos papéis com o pior desempenho no setor bancário do país.

Teria sido melhor ficar com as ações.

Desde 31 de outubro, quando foi finalizada a operação para trocar ações da unidade brasileira por uma participação na controladora, o Santander Brasil SA acumula alta de 26 por cento contra uma valorização de 7 por cento em reais para os papéis do grupo na Espanha.

O Santander Brasil é o banco com o melhor desempenho do País este ano.

“O Santander Brasil vive um momento um pouco melhor e continua muito bem capitalizado”, disse Rodolfo Amstalden, analista da consultoria Empiricus Research, em São Paulo, em entrevista por telefone. “E de repente pode entregar um retorno sobre o patrimônio um pouco melhor”.

Em outubro do ano passado, a situação era outra. Os papéis do Santander Brasil acumulavam uma queda de 41 por cento em cinco anos.

O pior desempenho do setor financeiro no período. Após levantar US$ 8 bilhões com a abertura de capital em 2009, a unidade brasileira não conseguiu fazer o plano de expansão funcionar.

Do fim de 2009 a dezembro de 2014, o Itaú Unibanco Holding SA, maior banco da América Latina em valor de mercado, mais do que dobrou sua carteira de crédito, 42 pontos percentuais mais rápido do que o Santander Brasil, segundo o Banco Central.

Ao mesmo tempo, o excesso de capital afetava o retorno sobre o patrimônio e a taxa de inadimplência subia.

Abaixo do potencial

“Apesar da capitalização elevada, o Santander Brasil sempre teve um ritmo de crescimento menor do que o dos seus rivais, com uma carteira de crédito bem abaixo do potencial”, escreveu o Grupo Bursátil Mexicano em uma nota para clientes em janeiro de 2014.

A virada começou este ano. O lucro do primeiro trimestre superou as estimativas dos analistas depois de as provisões para perda de crédito caírem para o menor nível em quatro anos.

E a unidade brasileira se tornou a mais importante do grupo espanhol, representando 21 por cento do resultado consolidado.

“O resultado no primeiro trimestre foi realmente o melhor em muito tempo”, disse em entrevista Alexandre Silvério, que administra cerca de R$ 2 bilhões na AZ Quest Investimentos em São Paulo.

Apesar de se beneficiar com a alta, os acionistas que não aderiram à oferta ficaram com ações de menor liquidez. A média diária de negociação das ações do Santander Brasil despencou para um quarto do volume que tinha antes de a transação ser concluída.

O volume atual é menos de 10 por cento do que o Itaú movimenta em média por dia, segundo dados compilados pela Bloomberg.

O Santander Brasil preferiu não comentar sobre o desempenho de suas ações desde o encerramento da troca, que foi anunciada em abril de 2014.

Na época, o banco propôs recomprar os 25 por cento dos minoritários pagando 20 por cento acima do preço de mercado. Pelo proposta, os minoritários poderiam trocar ações do Santander Brasil por papéis da controladora.

A maior parte dos analistas recomendou que os investidores aceitassem a oferta. Entre os argumentos, eles disseram que o preço era justo e havia o risco de manter uma ação com baixa liquidez.

“O mercado não acredita na nossa franquia, mas nós acreditamos”, Javier Marín, ex-presidente mundial do Banco Santander, disse a jornalistas na época. “É por isso que lançamos essa oferta”.

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