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Saída da Didi da bolsa de NY traz mais perdas para techs chinesas

A Didi, empresa de aplicativo de transporte, disse na quinta-feira que iniciou o processo para sair dos mercados acionários

Conhecida formalmente como Xiaoju Kuaizhi Inc., a Didi foi criada em 2021 pelos sócios Cheng Wei e Jean Liu e atualmente possui mais de 493 milhões de usuários ativos espalhados por 15 países (Pavlo Gonchar/Getty Images)
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Bloomberg

Publicado em 3 de dezembro de 2021 às 13h08.

Ações chinesas do setor de tecnologia chegaram a atingir mínimas históricas por alguns momentos em Hong Kong, com o impacto do fechamento de capital da Didi Global nos Estados Unidos e do crescente escrutínio de empresas da China continental negociadas no mercado americano.

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O índice Hang Seng Tech, que rastreia principalmente gigantes chinesas de tecnologia negociadas em Hong Kong, caiu 2,7% durante a sessão e fechou com baixa de 1,5%, perto do menor nível desde o lançamento do indicador em julho do ano passado. Os componentes do índice perderam cerca de US$ 1,5 trilhão em valor de mercado combinado desde a máxima de fevereiro.

A Didi, empresa de aplicativo de transporte, disse na quinta-feira que iniciou o processo para sair dos mercados acionários dos EUA e que vai começar a preparar uma venda de ações em Hong Kong para atender as demandas do governo de Pequim, que se opôs à listagem nos Estados Unidos. A notícia seguiu um anúncio de reguladores americanos sobre um plano final para implementar uma nova lei que obriga empresas estrangeiras a abrirem seus livros à supervisão dos EUA sob o risco de serem deslistadas das bolsas dentro de três anos.

“Investidores americanos estarão dispostos a vender os ADRs se forem obrigados a sair dos Estados Unidos, o que aumentará a pressão sobre os preços das ações em Hong Kong”, disse Gary Ching, analista da Guosen Securities (HK) Financial Holdings.

Empresas chinesas de tecnologia já enfrentam regulamentação mais rigorosa do governo chinês em áreas como finanças digitais, segurança de dados, jogos online e listagens no exterior. E em julho, a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA prometeu exigir mais informações de empresas chinesas que buscam abrir o capital no país.

A Didi pretende entrar com o processo de listagem em Hong Kong por volta de março, disseram pessoas com conhecimento do assunto.

Uma deslistagem nos EUA pode aumentar o custo de capital de empresas chinesas, segundo relatório do Bank of America no mês passado. Mais de 270 ADRs chineses são negociados nos Estados Unidos com capitalização de mercado combinada de US$ 1,8 trilhão, e mais de 150 deles não se qualificam para listagem em Hong Kong, disse o relatório.

“Geralmente, as ações de Hong Kong são negociadas a múltiplos mais baixos” do que seus pares nos EUA, disse o analista da Bloomberg Intelligence, Marvin Chen. “No ambiente atual, definitivamente as expectativas de ‘valuation’ delas serão redefinidas” caso busquem nova listagem em Hong Kong, acrescentou.

“A Didi será o modelo para outras empresas chinesas listadas nos EUA”, disse Justin Tang, chefe de pesquisa asiática da United First Partners. “Uma deslistagem nos EUA fará com que uma empresa perca exposição a investidores que só podem negociar nas bolsas americanas.”

O indicador de Hong Kong acumula baixa de 46% desde a máxima de fevereiro, e as perdas aumentaram nas últimas semanas, após a decepcionante temporada de balanços e a notícia de que a China teria planos de barrar empresas de abrir o capital em bolsas estrangeiras por meio de entidades de interesse variável.

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