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S&P volta a rebaixar nota da dívida de Portugal

Agora classificação portuguesa está apenas um nível acima do "bônus lixo"

Com renúncia de José Sócrates, S&P já havia rebaixado nota da dívida portuguesa (Getty Images)

Com renúncia de José Sócrates, S&P já havia rebaixado nota da dívida portuguesa (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 29 de março de 2011 às 12h56.

Lisboa - A agência de classificação de risco Standard and Poor's (S&P) voltou nesta terça-feira a diminuir a avaliação da dívida soberana portuguesa, que ficou agora somente um nível acima da consideração "bônus lixo".

A S&P - que na quinta-feira passada reduziu outros dois níveis a nota de Portugal, pouco depois de a agência Fitch fazer o mesmo - reduziu nesta terça-feira a qualificação para "BBB".

Tanto a Standard and Poor's quanto a Fitch rebaixaram as notas de Portugal após a renúncia do Governo português devido à rejeição parlamentar do último plano de ajuste financeiro apresentado.

Ao anunciar o rebaixamento desta terça-feira, a S&P advertiu ainda que Portugal está em contínua em vigilância e com perspectiva negativa, o que poderia levar a outro descenso da nota.

A agência justificou sua decisão afirmando que as dificuldades econômicas e a situação política do país podem prejudicar ainda mais sua situação financeira.

O "panorama negativo", declarou, reflete a possibilidade de que o ambiente macroeconômico se deteriore e que a crise política afete a aplicação dos ajustes orçamentários para reduzir o déficit do país neste ano para 4,6%, a metade do alcançado em 2009.


A entidade qualificadora também colocou sob alerta de outro rebaixamento os cinco maiores bancos de Portugal, cuja nota já foi rebaixada como consequência do descenso aplicado ao país.

A perspectiva negativa com a qual a S&P mantém Portugal se deve também aos riscos representados pelo enfraquecimento sustentado da demanda interna, como consequência das medidas governamentais de austeridade e a "crescente hostilidade da opinião pública" em direção a elas.

As dificuldades da situação financeira e política podem afetar negativamente o sistema financeiro português e fazer com que haja "necessidade" de o país pedir ajuda, explicou a agência.

Como reflexo da decisão da S&P, os juros da dívida do país a curto prazo subiram quase 25 pontos base e chegaram, no caso dos bônus a dois anos, a 7,67%.

Os títulos portugueses a dez e cinco anos já haviam batido outro recorde ao se situarem nesta terça-feira em 7,82% e 8,53%, respectivamente.

Enquanto isso o Banco de Portugal anunciou nesta terça-feira uma revisão na suas projeções, que apontam para um cenário negativo da economia do país, com uma recessão de 1,4% neste ano, um aumento de quase 1% do desemprego e uma inflação de 3,6%.

Um relatório da instituição piorou todas as variáveis econômicas previstas para este ano em Portugal, enquanto o chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva, mantém abertas, pelo menos até a quinta-feira, suas gestões para decidir se forma outro Governo com o Parlamento atual ou se convoca eleições antecipadas.

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