Reduza exposição às ações da Tesla, aconselha Howard Marks, da Oaktree
Lendário investidor cofundador da Oaktree diz que recordes das bolsas não combinam com realidade nos EUA e que papel da Tesla pode estar muito caro
Bloomberg
Publicado em 12 de janeiro de 2021 às 17h23.
As medidas do Federal Reserve tiveram um efeito coercitivo sobre os mercados e obrigaram investidores a migrar para ativos de risco, de acordo com o cofundador da Oaktree Capital, Howard Marks.
“’Isso exigiu que as pessoas investissem, porque não querem ficar com o dinheiro parado”, disse Marks na terça-feira, 12, em entrevista à Bloomberg TV. “Não querem títulos do Tesouro a menos de 1% ou títulos de alto rendimento a 2%.”
Mercados globais de crédito e de ações registraram forte recuperação desde março do ano passado, quando o Fed tomou medidas sem precedentes para estabilizar a economia em meio ao surto de Covid-19. Isso diminuiu muito a quantidade de dívida distressed, ou em reestruturação, em aberto e ajudou empresas que estavam em dificuldades mesmo antes da pandemia, o que reduziu oportunidades para investidores com foco em valor, como a Oaktree.
Marks disse que as máximas atuais dos mercados não combinam com os eventos nos Estados Unidos.
“Por que o mercado está atingindo novas máximas todos os dias se temos esses problemas?”, questiona. “A divisão política no país é terrível, mas o pior, claro, é a pandemia.”
Sobre a valorização meteórica das ações da Tesla , de Elon Musk , Marks disse que o papel pode estar muito caro. As ações subiram cerca de 950% desde o fim de 2019, liderando as altas nos principais índices dos EUA.
“Se você descreve um indivíduo que não tem grandes necessidades, ele deve realizar algum lucro”, disse Marks. “Se comprou a Tesla há dois anos, deve ter um grande ganho. Provavelmente é uma quantia muito desproporcional de seu patrimônio líquido financeiro”, disse, recomendando reduzir a exposição à ação.
A Oaktree é uma das maiores empresas do mundo que investem em dívidas distressed, com mais de 19 bilhões de dólares destinados para crédito de empresas em dificuldades. O fundo de Los Angeles tem lucrado em tempos de crise econômica, quando os preços dos títulos de empresas em risco de inadimplência são negociados com grandes descontos.