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Por que o otimismo do mercado com pacote Temer foi contido?

Bolsa e dólar mostraram volatilidade após anúncio; especialistas citam cautela com apoio político de Temer e esperam por novas medidas

Gráfico de ações: investidores recebem com otimismo medidas do governo (seewhatmitchsee/Thinkstock)

Anderson Figo

Publicado em 24 de maio de 2016 às 18h24.

São Paulo - O presidente interino Michel Temer e sua equipe econômica anunciaram nesta terça-feira (24) uma série de medidas para tentar reequilibrar as contas públicas e retomar o crescimento do país.

No geral, o mercado reagiu com otimismo, mas a avaliação de analistas e economistas ouvidos por EXAME.com é de que o momento ainda exige cautela, já que parte das medidas precisa ser votada pelo Congresso e os resultados podem não ser suficientes no longo prazo.

A Bolsa, que subia desde cedo, perdeu o fôlego durante a tarde e fechou praticamente estável. Já o dólar, que cedeu para a mínima de R$ 3,54 e logo em seguida inverteu a tendência para alta de até 1,82%, encerrou o pregão em leve baixa.

O movimento teve influência do cancelamento das sessões da CMO (Comissão Mista de Orçamento), que avaliariam a nova proposta de meta fiscal para este ano. Com isso, a matéria foi para apreciação direta do plenário do Congresso.

Mais cedo, a equipe econômica de Temer havia anunciado uma proposta para limitar as despesas do governo à inflação.

Também foi informado que o BNDES devolverá o valor dos empréstimos feitos ao Tesouro nos últimos anos e que os recursos do Fundo Soberano serão utilizados para abater a dívida pública.

"Essas duas últimas medidas têm efeito imediato, mas outras demandam o aval do Congresso. Não sabemos se será difícil a aprovação ou não, ou ainda se as propostas sofrerão mudanças", disse Alexandre Wolwacz, sócio diretor da consultoria de investimentos L&S.

"Por isso os investidores estão em compasso de espera, avaliando o que pode vir pela frente", completou Wolwacz. "Os mercados já refletiram muita expectativa nos últimos meses e, agora, deverão ser pautados por um ambiente mais realista."

Para Alberto Ramos, economista do Goldman Sachs , as medidas anunciadas pela equipe de Temer podem ajudar a melhorar a baixa eficiência dos gastos públicos no país e contribuir para conter a deterioração fiscal.

"É também inquestionável que a nova equipe econômica tenha gerado um sentimento positivo e um choque de credibilidade, mas isso por si só pode não ser suficiente para alcançar um ajuste fiscal da magnitude necessária (de 5% do PIB segundo nossas estimativas)", disse.

Segundo ele, a capacidade de o governo passar por cima das dificuldades vai depender do grau de apoio político no Congresso e da habilidade da administração Temer de construir as "pontes" necessárias para garantir esse apoio.

Além das medidas anunciadas hoje, de acordo com Ramos, aprofundar o ajuste e afrouxar a meta primária vão significar "uma jornada de muitos anos em que as autoridades, o Congresso e a sociedade terão de encarar escolhas difíceis", como "ainda mais corte em gastos públicos e/ou aumento de impostos".

São Paulo - Com a troca de governo no Brasil, voltou à tona a discussão em torno de um possível fim do JCP (juros sobre o capital próprio) como medida para aumentar a arrecadação federal. Isso porque o JCP, que é uma forma de remuneração ao acionista, pode ser descontado do lucro das empresas na hora de calcular o imposto a ser pago por elas, o que reduz a quantia devida. Segundo cálculos do BTG Pactual , o fim do JCP traria um impacto positivo de R$ 7 bilhões por ano na arrecadação do governo. Por outro lado, iria derrubar os lucros de 38 empresas na Bolsa, podendo afetar suas ações.  Navegue pelas fotos e veja quais são essas companhias e quanto seria o impacto sobre seus lucros nos próximos anos. Para os cálculos, o BTG usou como base a Medida Provisória 675, que expirou ano passado. A MP considerava a eliminação gradual do percentual de desconto admitido, para 50% da TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo) em 2016, 25% da TJLP em 2017 e zero de 2018 em diante.
  • 2. Petrobras

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