Por que o conflito entre Israel e Hezbollah afeta o petróleo?
O disparo de mísseis do Irã contra Israel levou a uma alta nos preços do petróleo, com receios de que o conflito afete o fornecimento global de energia
Redator na Exame
Publicado em 3 de outubro de 2024 às 06h02.
Os preços do petróleo registraram uma alta expressiva na terça-feira, após o Irã lançar uma série de mísseis contra Israel, intensificando as preocupações de uma possível ampliação do conflito no Oriente Médio.A ação iraniana trouxe receios de que a instabilidade regional afete diretamente o fornecimento de petróleo para o mercado global, já que o Oriente Médio é responsável por cerca de um terço da produção mundial de petróleo. O Brent, referência internacional para o preço do barril, subiu até 5% durante o dia, alcançando US$ 75,40 (R$ 409,92). O West Texas Intermediate (WTI), referência no mercado dos Estados Unidos, também registrou aumento de 5%, chegando a US$ 71,84 (R$ 389,09) por barril.
De acordo com o Financial Times, o temor entre traders e analistas é que o aumento das hostilidades na região possa interromper a produção ou o transporte de petróleo, gerando um impacto direto nas exportações de energia. A região do Golfo Pérsico, onde estão localizados grandes produtores como Arábia Saudita, Catar, Kuwait e Emirados Árabes Unidos, é considerada uma área sensível. Qualquer perturbação em sua infraestrutura de energia pode resultar em desequilíbrios no mercado global de petróleo.
O Irã, que exporta cerca de 1,7 milhão de barris de petróleo por dia, é um dos principais atores na produção de energia do Oriente Médio. A resposta iraniana após o lançamento dos mísseis incluiu ameaças de novos ataques caso Israel decida retaliar militarmente. Essa possibilidade de uma escalada no conflito fez com que o mercado reagisse rapidamente, aumentando os preços do petróleo e alertando para potenciais interrupções no fornecimento.
Além de ser um importante exportador de petróleo, o Irã faz fronteira com o Estreito de Ormuz, um dos principais pontos de passagem para o transporte de petróleo da região do Golfo.O estreito é uma via crucial para as exportações de energia, e qualquer instabilidade nessa área pode ter repercussões significativas no comércio de petróleo. Anteriormente, o Irã já havia ameaçado embarcações que passavam pela região, aumentando o risco de uma interrupção nas exportações de petróleo.
A resposta dos Estados Unidos
Os Estados Unidos, aliados históricos de Israel, anunciaram que estão se preparando para defender o país caso a situação na região continue a se deteriorar. O governo americano já havia enviado mais tropas ao Oriente Médio, numa tentativa de impedir uma maior escalada do conflito. Além disso, as forças americanas realizaram ataques a alvos estratégicos em países como Iêmen, Iraque e Síria nos últimos meses, com o objetivo de neutralizar grupos alinhados ao Irã e evitar que esses conflitos ameacem a estabilidade da região.
O governo norte-americano segue monitorando de perto a situação no Oriente Médio, considerando que uma ampliação do conflito pode impactar diretamente os interesses econômicos e estratégicos dos Estados Unidos na região. O aumento do preço do petróleo também gera preocupações sobre o impacto que esses conflitos podem ter na economia global, particularmente em um momento em que várias economias ainda enfrentam desafios relacionados à recuperação pós-pandemia.
A instabilidade no Oriente Médio, embora não seja incomum, reforça a vulnerabilidade do mercado de petróleo a tensões geopolíticas. Apesar dos esforços internacionais para buscar alternativas energéticas e reduzir a dependência de petróleo, a região ainda desempenha um papel central no fornecimento global de energia, e qualquer perturbação significativa pode gerar efeitos em escala mundial.