Por que Buffett investiu US$ 4 bi em uma empresa de PCs e impressoras
Oráculo de Omaha revela que se tornou o principal acionista da HP, na contramão de sua histórica resistência a empresas do setor de tecnologia; ações disparam mais de 10%
Marcelo Sakate
Publicado em 7 de abril de 2022 às 09h18.
Última atualização em 7 de abril de 2022 às 09h29.
O bilionário Warren Buffett é conhecido não só pelo sucesso em suas decisões de alocação, que o tornaram o investidor mais bem-sucedido da história do ponto de vista de patrimônio, como também por suas convicções sobre certos ativos.
É conhecida a preferência do investidor, cujo patrimônio alcança US$ 118 bilhões segundo o ranking da Forbes recém-divulgado, por ações de valor da economia tradicional, como bancos e companhias de consumo, como Bank of America, American Express, Coca-Cola e Kraft-Heinz.
Por outro lado, durante muitos anos -- e décadas --, o Oráculo de Omaha evitou ações de empresas de tecnologia, argumentando em diferentes ocasiões que tomava essa decisão por não entender muito do setor.
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Uma notável exceção aconteceu em 2016, quando ele comprou uma posição relevante na Apple pela primeira vez. Ele depois foi ampliando essa fatia, a tal ponto que a empresa cofundada por Steve Jobs e Steve Wozniak se tornou o principal ativo na carteira da Berkshire Hathaway, a holding de investimentos de Buffett. Essa fatia sozinha era avaliada em US$ 161,2 bilhões ao fim de 2021.
Mas a aposta na Apple ainda se apresenta como uma exceção no portfólio do investidor. Uma nova aposta, no entanto, acaba de ser revelada: Buffett comprou quase 121 milhões de ações da HP, a tradicional empresa de computadores pessoais e impressoras. O montante equivale a uma expressiva fatia de 11,4% da companhia, ou US$ 4,2 bilhões ao preço da ação na quarta-feira, dia 6, segundo revelado em registro na SEC (Securities and Exchange Commission).
A divulgação do investimento fez as ações da HP dispararem 10% no after-market na noite de quarta. E mais 14% nas negociações antes da abertura do pregão na Bolsa de Nova York nesta quinta, dia 7.
A HP é uma das mais tradicionais companhias de tecnologia dos Estados Unidos, fundada por Bill Hewlett e David Packard em 1939. Em 2015, fez um spin-off que segregou a sua divisão corporativa, B2B.
As ações da HP subiram cerca de 150% nos últimos dois anos, desde o ponto mais baixo causado pelo impacto inicial da pandemia de Covid.
Segundo analistas, uma das razões é o fato de que a fabricante de notebooks -- seu principal produto --, desktops, estações de trabalho e impressoras tem se beneficiado das mudanças nos modelos de trabalho, com o crescimento do home office e, portanto, a demanda por equipamentos pessoais.
As receitas líquidas da HP subiram 8,8% no primeiro trimestre fiscal de 2022 na base anual, para US$ 17 bilhões, enquanto o lucro por ação ficou ligeiramente acima das projeções de mercado em US$ 0,99, um avanço de 19% em relação ao mesmo período do ano anterior.