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Por que a Moody’s tesourou o rating da Espanha abaixo do Brasil

Nota de classificação de risco passou de A3 para Baa3; perspectiva deixa em aberto novas reduções

Pacote de ajuda aos bancos irá aumentar ainda mais o peso da dívida do país (©AFP / Philippe Huguen)
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Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2012 às 18h57.

São Paulo – A piora nos fundamentos econômicos da Espanha e o seu combalido sistema bancário levaram a Moody’s tesourar em três degraus o rating do país, que caiu de A3 para Baa3. A perspectiva da nota está em revisão nos próximos três meses para um possível novo rebaixamento, mostra um relatório enviado ao mercado nesta quarta-feira. O novo patamar coloca a Espanha abaixo do Brasil (Baa2) na escala da agência. A Fitch também cortou em três níveis a nota do país na última quinta-feira.

“A revisão para um rebaixamento irá focar no resultado das auditorias externas em andamento sobre o sistema bancário espanhol, a condicionalidade e detalhes do acordo de empréstimo do EFSF [Fundo Europeu de Estabilização Financeira] e ESM [Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira] e a execução específica da estratégia desenvolvida para a recapitalização do sistema bancário”, ressalta a agência.

Além disso, a Moody’s alerta que continua monitorar os desenvolvimentos na zona do euro e que os ratings do país e dos demais da região podem ser afetados negativamente caso o risco de a Grécia deixar a zona do euro suba ainda mais. De acordo com o relatório assinado pelos analistas Kathrin Muehlbronner e Bart Oosterveld, o corte no rating do país foi motivado por três razões:

1 – Ajuda de € 100 bilhões, um tiro no pé

A decisão do governo espanhol em tomar emprestado 100 bilhões de euros do EFSF e ESM para recapitalizar o sistema bancário do país é o principal motivo para a revisão das notas. “Isso irá aumentar ainda mais o peso da dívida do país, que tem aumentado dramaticamente desde o início da crise financeira”, lembra a Moody’s. Apesar de os detalhes do pacote ainda não serem conhecidos, reconhecem os analistas, está claro que a responsabilidade em dar suporte às instituições financeiras recai sobre o governo espanhol.


A expectativa da agência agora é de que o endividamento em relação ao PIB (Produto Interno Bruto) salte a 90% neste ano e continue a crescer até a metade da década. “Estabelecer essa relação será um desafio chave para as autoridades espanholas, exigindo anos de continuada consolidação fiscal. Como consequência, a posição fiscal e de dívida do governo não é mais proporcional a um rating na escala A ou até mesmo no topo do nível Baa”, explicam.

2 – Dependência externa é uma situação insustentável

Segundo a agência, o governo espanhol está com um acesso ao mercado muito limitado, como pode ser evidenciado no pedido de ajuda para os mecanismos europeus e na crescente dependência dos bancos sobre o Banco Central Europeu (BCE). Essa situação é insustentável, dispara a Moody’s. O juro pago por títulos espanhóis está no nível mais alto desde o início do euro.

“Na ausência de eventos positivos que fortaleçam o sentimento do investidor, como um reestabelecimento do crescimento ou um rápido progresso para atingir os objetivos fiscais, nenhum dos quais prováveis no ambiente atual, o governo irá provavelmente se tornar cada vez mais restrito em relação aos termos sob os quais irá assumir para refinanciar as dívidas em vencimento”, diz a agência.

3 – Economia em frangalhos

A fraqueza da economia espanhola torna os problemas da combalida situação financeira do governo e da sua crescente vulnerabilidade em relação à captação externa problema ainda mais sérios, o que seria diferente caso houvesse uma expectativa razoável de um crescimento econômico nos próximos anos.

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Além disso, a Moody’s alerta que continua monitorar os desenvolvimentos na zona do euro e que os ratings do país e dos demais da região podem ser afetados negativamente caso o risco de a Grécia deixar a zona do euro suba ainda mais. De acordo com o relatório assinado pelos analistas Kathrin Muehlbronner e Bart Oosterveld, o corte no rating do país foi motivado por três razões:

1 – Ajuda de € 100 bilhões, um tiro no pé

A decisão do governo espanhol em tomar emprestado 100 bilhões de euros do EFSF e ESM para recapitalizar o sistema bancário do país é o principal motivo para a revisão das notas. “Isso irá aumentar ainda mais o peso da dívida do país, que tem aumentado dramaticamente desde o início da crise financeira”, lembra a Moody’s. Apesar de os detalhes do pacote ainda não serem conhecidos, reconhecem os analistas, está claro que a responsabilidade em dar suporte às instituições financeiras recai sobre o governo espanhol.


A expectativa da agência agora é de que o endividamento em relação ao PIB (Produto Interno Bruto) salte a 90% neste ano e continue a crescer até a metade da década. “Estabelecer essa relação será um desafio chave para as autoridades espanholas, exigindo anos de continuada consolidação fiscal. Como consequência, a posição fiscal e de dívida do governo não é mais proporcional a um rating na escala A ou até mesmo no topo do nível Baa”, explicam.

2 – Dependência externa é uma situação insustentável

Segundo a agência, o governo espanhol está com um acesso ao mercado muito limitado, como pode ser evidenciado no pedido de ajuda para os mecanismos europeus e na crescente dependência dos bancos sobre o Banco Central Europeu (BCE). Essa situação é insustentável, dispara a Moody’s. O juro pago por títulos espanhóis está no nível mais alto desde o início do euro.

“Na ausência de eventos positivos que fortaleçam o sentimento do investidor, como um reestabelecimento do crescimento ou um rápido progresso para atingir os objetivos fiscais, nenhum dos quais prováveis no ambiente atual, o governo irá provavelmente se tornar cada vez mais restrito em relação aos termos sob os quais irá assumir para refinanciar as dívidas em vencimento”, diz a agência.

3 – Economia em frangalhos

A fraqueza da economia espanhola torna os problemas da combalida situação financeira do governo e da sua crescente vulnerabilidade em relação à captação externa problema ainda mais sérios, o que seria diferente caso houvesse uma expectativa razoável de um crescimento econômico nos próximos anos.

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