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PIB sustenta alta do Ibovespa em dia negativo para bolsas globais

Adiamento de acordo comercial e ameaças à França pesam sobre índices acionários internacionais

Ibovespa fecha estável, na contramão das bolsas estrangeiras (Juan Mabromata/Getty Images)
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Guilherme Guilherme

Publicado em 3 de dezembro de 2019 às 18h41.

Última atualização em 3 de dezembro de 2019 às 20h05.

São Paulo - A divulgação do crescimento de 0,6% do produto interno bruto ( PIB ) no terceiro trimestre contribuiu para que o Ibovespa encerrasse a terça-feira (4) em alta, apesar de as principais bolsas do exterior terem registrado queda.Por aqui, o principal índice da B3 terminou o pregão praticamente estável, com avanço de 0,03%, em 108.956,02 pontos.

Nos Estados Unidos, o S&P 500 fechou em queda de 0,66%, enquanto o índice pan-europeu Stoxx 600 caiu 0,63%.

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No cenário externo, pesou a sinalização de um possível adiamento do acordo comercial entre os Estados Unidos e a China. Segundo o presidente americano, Donald Trump , as negociações podem se arrastar até depois das eleições norte-americanas, marcadas para novembro de 2020.

Um dos maiores temores do mercado é que a falta de um acordo, mesmo que preliminar, provoque a elevação de tarifas sobre produtos chineses, já que um novo aumento de taxas está programado para o próximo dia 15.

Nesta terça, Trump também ameaçou aumentar as tarifas sobre produtos franceses em resposta ao imposto sobre serviços digitais do país europeu, que afeta empresas de tecnologia dos Estados Unidos . A França disse estar pronta para retaliar.

Para o estrategista-chefe e fundador do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, as últimas falas de Trump visam agradar o eleitorado do republicano, ameaçado pela entrada do empresário e ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg na disputa presidencial. “Até então não tinha um candidato que colocasse em risco sua reeleição. Trump sabe que o Bloomberg é um candidato à altura e está preocupado”, disse.

Jefferson Laatus considera o PIB do terceiro trimestre “superpositivo” e acredita que, se não fosse pelo resultado divulgado hoje, a bolsa teria sofrido uma pressão externa ainda maior.

Economista-chefe do Itáu, Mario Mesquita, também compartilha a opinião de que o PIB foi positivo e vê o crescimento no terceiro trimestre como reflexo da volta do investimento. "Isso se deu em função da política monetária e da redução de risco fiscal", afirmou.

Entre os setores que se destacaram no resultado do PIB está o de construção, que teve expansão de 1,3% no trimestre - a segunda alta depois de vinte quedas consecutivas. O dado, segundo a analista da Terra Investimentos Sandra Peres, ajudou a impulsionar as ações das empresas do segmento na bolsa.

Nesta terça, os papéis da construtora MRV lideraram as altas do Ibovespa, com valorização de 7,16%. Fora do índice, as ações da EZ TEC , Direcional , Cyrela e Tecnisa , subiram 5,43%, 4,08%, 2,33% e 1,32%, respectivamente.

O varejo foi outro setor que teve dia positivo na bolsa, tendo no radar o aumento do consumo das famílias apresentado na divulgação do PIB e relatórios de que as vendas na Black Friday e no Cyber Monday foram maiores neste ano. As ações da Via Varejo subiram 3,6% e as da B2W , braço digital das Lojas Americanas , 1,62%.

Na outra ponta, os papéis da administradora de programa de fidelidade Smiles chegaram a recuar mais de 10% e fecharam em queda de 8,85%. A forte desvalorização ocorre após a empresa informar que espera desaceleração da receita para o próximo ano.

Embora a Smiles seja controlada pela Gol , os papéis da companhia aérea subiram 4,01%. A apreciação ocorre em meio à queda do dólar , que recuou mais 0,19%, nesta terça, e fechou em 4,206 reais. As ações da Azul também encerraram em tom positivo com alta de 1,06%. A depreciação da moeda americana tende a beneficiar o setor, que tem parte considerável de seus gastos em dólar.

*Com colaboração de Natália Flach

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