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PIB fraco impõe queda a juros ao reforçar Selic estável

Os investidores se debruçam sobre dados de investimentos, indústria e serviços do PIB para avaliar o ritmo da recuperação brasileira nesta reta final de 2012


	Bovespa: às 9h35, na BM&FBovespa, o contrato de depósito interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2014 projetava taxa de 7,25%, na mínima
 (Nacho Doce/Reuters)

Bovespa: às 9h35, na BM&FBovespa, o contrato de depósito interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2014 projetava taxa de 7,25%, na mínima (Nacho Doce/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 30 de novembro de 2012 às 10h04.

São Paulo - O resultado bem aquém do esperado para o crescimento da economia brasileira no terceiro trimestre, de 0,6% ante o segundo trimestre, anunciado na manhã desta sexta-feira, está pesando sobre os juros futuros na sessão de hoje, a última do mês.

Os investidores se debruçam sobre dados de investimentos, indústria e serviços do Produto Interno Bruto (PIB) para avaliar o ritmo da recuperação brasileira nesta reta final de 2012.

Às 9h35, na BM&FBovespa, o contrato de depósito interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2014 projetava taxa de 7,25%, na mínima, de 7,31% no ajuste desta quinta-feira (29). O DI para janeiro de 2015 marcava 7,84%, na mínima, de 7,91%; e o janeiro de 2016 tinha taxa de 8,36%, de 8,42%. Entre os vencimentos longos, o DI com vencimento em janeiro de 2017 projetava 8,67%, na mínima, de 8,74% na véspera e o DI para janeiro de 2021 marcava 9,33%, de 9,39% ontem.

Nesta manhã, saiu o resultado do PIB do terceiro trimestre deste ano. A economia brasileira cresceu 0,6% no período ante o segundo trimestre de 2012, abaixo do piso das estimativas dos analistas ouvidos pelo AE Projeções, de 0,90%. Ante o terceiro trimestre de 2011, a alta foi de 0,9%, também menor que o piso das previsões (de 1,10%).

"O PIB veio bem mais fraco do que o mercado esperava e já pressiona os DIs para baixo", diz o economista-sênior do Besi Brasil, Flávio Serrano. O gerente de renda fixa da Lerosa Investimentos, Carlos Fernando Vieira, também prevê, depois da alta de ontem, ajuste para baixo dos DIs em reação ao fraco crescimento. "Vai se reforçar aquela ideia de que, como não temos um nível de atividade muito forte, a possibilidade de a Selic permanecer estável por longo tempo aumenta bem", completa.


Por enquanto, não houve mudança nas projeções da Selic na curva a termo. "O mercado está mais nervoso sim, mas é cedo para falar em novos cortes (do juro). A curva a termo ainda não projeta redução de Selic", diz um operador.

Serrano, do Besi, que, assim como os demais profissionais, ainda digere os dados revelados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), diz que, a princípio, decepcionaram os desempenhos de serviços e gastos do governo. "Os gastos do governo desabaram", afirma. O PIB de Serviços teve crescimento zero no terceiro trimestre ante o segundo trimestre e subiu 1,4% ante o terceiro trimestre de 2011.

O IBGE também informou que os investimentos produtivos completaram o mais longo período de queda em 13 anos. São cinco trimestres seguidos de retrocesso na Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), sempre na comparação do trimestre com o período imediatamente anterior. A atual sequência é menor apenas do que as seis quedas verificadas entre o segundo trimestre de 1998 e o terceiro de 1999.

"O número cheio do PIB remete a mais estímulos porque o governo não deve estar satisfeito. Podemos imaginar mais medidas no curto e médio prazo", conclui Serrano.


Cálculos do economista-chefe da Planner Corretora, Eduardo Velho, considerando os números do PIB, mostram que o crescimento anualizado da economia brasileira no terceiro trimestre deste ano é de 2,42%. Para Velho,o PIB de 2012 pode ficar perto de 1% apenas. "O Mantega (Guido, ministro da Fazenda) deve estar sacudindo a cadeira", diz. Guido Mantega comenta os números logo mais (às 11h30).

Antes, saem dados do setor público consolidado em outubro (às 10h30). As previsões são de um superávit primário de R$ 10,4 bilhões a R$ 14,7 bilhões, com mediana de R$ 11,750 bilhões.

Em tempo: o mercado segue de olho na questão dos preços da energia. O governo publicou hoje no Diário Oficial da União, a Medida Provisória (MP) 591, que altera a MP anterior (579) e que trata das renovações das concessões de geração, transmissão e distribuição de energia. A nova MP corrige o valor das indenizações às elétricas, que optarem pela prorrogação, tornando-as mais atrativas.

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