Petz (PETZ3) desaba à mínima histórica após balanço do 1º tri. Entenda
Ações da companhia de pet shops já valem menos do que no IPO, mas analistas mantêm recomendação de compra para o papel
Beatriz Quesada
Publicado em 6 de maio de 2022 às 19h03.
Última atualização em 6 de maio de 2022 às 19h26.
As ações da Petz (PETZ3) sofreram uma derrocada inédita nesta sexta-feira, 6, pregão em que atingiram o menor preço da história. O papel da companhia de pet shops encerrou o dia cotado a R$ 13,24, valor levemente abaixo do preço de R$ 13,75 com o qual a Petz estreou na bolsa em setembro de 2020. Vale lembrar, contudo, que há menos de um ano, a empresa voltou a captar no mercado e levantou R$ 779 milhões em uma oferta secundária de ações, que saíram a R$ 19.
O pano de fundo para o tombo foi o balanço da empresa no primeiro trimestre de 2022, divulgado na última noite. A companhia reportou um lucro líquido ajustado de R$ 21,1 milhões no primeiro trimestre de 2022, um crescimento de 57,7% em relação ao mesmo trimestre de 2021. Mas, apesar do resultado positivo, os papéis caíram 12,72% nesta sexta, aprofundando as baixas da empresa para 31% apenas nos últimos dois meses.
O que dizem os analistas
Na contramão da reação do mercado, o balanço da Petz foi bem recebido por analistas de bancos de investimento como Bradesco BBI, Itaú BBA e BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da Exame), que destacaram a resiliência da empresa ao entregar resultados positivos mesmo em um ambiente macroeconômico desfavorável.
As ações da Petz, assim como de outras empresas do setor de consumo, vêm sendo penalizadas pelo cenário de inflação e juros mais altos, que podem impactar negativamente o negócio. Os efeitos já são parcialmente visíveis no Ebitda, o mais importante indicador de geração de caixa operacional da empresa.
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O Ebitda ajustado – sigla para lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização – da companhia foi R$ 52 milhões no primeiro trimestre, uma alta de 19,6% em comparação ao mesmo período de 2021. Já a margem Ebitda ajustada, por outro lado, foi de 7%, uma queda de 1,1 ponto percentual no trimestre.
Grande pressão, no entanto, veio da consolidação da Zee.Dog, plataforma adquirida em agosto do ano passado, somado a investimentos da empresa em tecnologia e expansão.
“Embora exista alguma pressão na margem Ebitda, notamos que as principais causas para a queda são a aceleração das aberturas de lojas e a aquisição da Zee.Dog”, apontaram, em relatório, os analistas do Bradesco BBI Richard Cathcart, João Andrade e Renan Sartorio.
“Ambas são positivas, uma vez que devem contribuir significativamente para o crescimento futuro da receita e para a diluição de custos”, afirmaram.
A visão é partilhada pelos analistas do Itaú BBA. Em sua avaliação, a pressão sobre o Ebitda foi pequena considerando os desafios do cenário inflacionário. “Além disso, os gastos produtivos devem ser diluídos conforme as perspectivas de crescimento da empresa”, escreveram Thiago Macruz, Helena Villares, Maria Clara Infantozzi e Gabriela Moraes.
Vale lembrar que os ganhos advindos da combinação com a Zee.Dog só devem ser plenamente reconhecidos nos resultados ao final do primeiro semestre de 2023, segundo estimativas da Petz – o que corrobora o entendimento de que a queda de margem de hoje pode ser o impulso do crescimento de amanhã.
Para os analistas do BTG, a queda de margem foi mínima em comparação ao ritmo de expansão da Petz, que continua sendo uma boa opção de investimento.
“Petz continua sendo uma das nossas principais apostas para 2022, pelos seguintes motivos: a empresa tem exposição a um mercado grande, de alto crescimento e fragmentado para produtos pet e serviços. Além disso, oferece uma solução one-stop-shop focada na experiência de loja, tem crescimento de plataforma omnichannel – o que torna a Petz mais competitiva do que os players regionais – e é uma empresa de expansão nacional”, afirmaram os analistas Luiz Guanais, Gabriel Disselli e Victor Rogatis.
O preço-alvo do BTG para a Petz é de R$ 26, o mais alto entre os três bancos. O Bradesco BBI projeta a ação a R$ 25, enquanto o Itaú BBA tem preço-alvo de R$ 23. A ação encerrou o pregão da véspera a R$15,17, o que representa um potencial de valorização (upside) de até 71%.
Houve, no entanto, respostas mais críticas ao balanço da Petz. Em relatório, os analistas da corretora Ativa Investimentos disseram esperar números mais fortes de receita líquida, que cresceu 39,2%, para R$ 746,2 milhões, mas ainda ficou 7,8% abaixo das expectativas da casa. Já a Genial destacou a pressão do Ebitda, que deixou o resultado “bastante abaixo” da expectativa da corretora – a expectativa era de um Ebitda da ordem de R$ 101 milhões, quase o dobro do apresentado pela Petz.
Ainda assim, as duas casas concordam que o futuro da Petz deve ser mais promissor que seu momento presente. A Ativa tem preço-alvo de R$ 24,90 para os papéis, enquanto a Genial, mais otimista, projeta a ação a R$ 29.