Petróleo, turismo, inflação: como a nova variante de Covid afeta os ativos
Investidores vendem ativos de risco nesta sexta e buscam refúgio nas Treasuriues americanas; preços de energia podem ficar menos pressionados se houver alívio na demanda
Bloomberg
Publicado em 26 de novembro de 2021 às 08h00.
PorMasaki Kondo e Chiara Remondini
Investidores vendiam ativos de risco e buscavam refúgios nesta sexta-feira, dia 26, em meio ao impacto da notícia de uma nova variante do coronavírus nos mercados globais.
Os Treasuries puxavam o rali entre títulos globais, enquanto o iene liderava os ganhos entre moedas do G10. O temor é que a variante, identificada pela primeira vez naÁfrica do Sul, se espalhe e atrase a recuperação econômica global. Ativos de risco de todo o tipo foram atingidos. Na Europa, os índices acionários chegaram a registrar a maior queda do ano, enquanto moedas de mercados emergentes apagaram os ganhos acumulados desde janeiro.
Autoridades mundiais agiram rapidamente contra a variante B.1.1529, embora pesquisadores ainda não saibam se ela é mais transmissível ou letal do que as anteriores. A falta de informações levou operadores arecalibrar expectativaspara aumentos dos juros pelos bancos centrais ao avaliarem o potencial impacto da variante no crescimento e sobre pressões inflacionárias.
“Se a nova variante atingir a demanda por energia, poderemos ver uma redução nos preços da eletricidade, o que poderia domar as pressões inflacionárias e ajudar bancos centrais a adotarem linha mais ‘dovish’ (de afrouxamento monetário) do que de outra forma no ano que vem”, disse Ipek Ozkardeskaya, analista sênior da Swissquote.
“Os riscos parecem inclinados para baixo antes de vermos uma desaceleração da inflação.”
Reino Unido e Israel proibiram temporariamente voos da África do Sul e de cinco países vizinhos como precaução. Hong Kongconfirmoudois casos da nova cepa em viajantes que chegaram à cidade, informou o governo na noite da quinta-feira.
Setor de viagens
As ações do setor de viagens, especialmente de companhias aéreas, se destacavam entre as maiores quedas na Europa com a perspectiva de novas restrições aos voos. O mercado de petróleo também recuou com a possibilidade de menor demanda por energia, em meio à expectativa para a reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados na semana que vem (Opep+) para discutir a política de produção.
A Opep+ se reúne em 2 de dezembro, quinta-feira, para decidir sobre a produção de janeiro, depois da ação sem precedentes dos Estados Unidos e de outras nações de acessar estoques estratégicos para frear o aumento dos preços da energia.
No segmento de ações da tese "fique em casa", algumas companhias líderes na Europa e Ásia -- incluindo videogames, serviços de Internet e empresas de saúde -- eram negociadas com ganhos no início do pregão.
Nervosismo
O clima entre investidores globais já era tenso nesta semana diante da expectativa de retirada do estímulo do Federal Reserve mais cedo do que espera e aceleração aparentemente implacável da inflação. Ações de tecnologia mais caras ficaram sob pressão, criptomoedas mostravam mais volatilidade e o custo de hedge contra uma queda do S&P 500 subiu.
A aversão ao risco nesta sexta-feira atingiu até apostas de traders de aumentos dos juros pelo Fed no ano que vem. Os futuros do eurodólar no contrato para dezembro de 2022 subiram rapidamente, um sinal de expectativas ligeiramente reduzidas. Ainda assim, o avanço é apenas uma reversão das perdas desta semana, que foi dominada por comentários um pouco mais favoráveis ao aperto da política monetária por autoridades do Fed.