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Petrobras perde R$ 90 bi na semana, mas investidores não desistem

Bons resultados recentes e o fato de o governo ter dito que irá reembolsar a estatal se houver prejuízos com o congelamento renovaram otimismo

Petrobras: As ações da estatal vinham subindo fortemente desde o começo do ano, seguindo o aumento do preço do petróleo no mercado internacional (Mario Tama/Getty Images)

Petrobras: As ações da estatal vinham subindo fortemente desde o começo do ano, seguindo o aumento do preço do petróleo no mercado internacional (Mario Tama/Getty Images)

GN

Giuliana Napolitano

Publicado em 25 de maio de 2018 às 18h16.

As ações da Petrobras caíram 14% na quinta-feira e mais 1,4% nesta sexta, depois de a empresa ter decidido reduzir e congelar os preços dos combustíveis. Ainda assim, muitos analistas e investidores não desistiram da empresa – ao menos, não por enquanto – e continuam comprando, ou recomendando comprar, seus papéis.

O principal motivo é o fato de o governo ter anunciado que irá reembolsar a Petrobras se ele tiver prejuízos com o congelamento. O bom desempenho da empresa no passado recente também pesou. Os profissionais da gestora americana Franklin Templeton destacam os investimentos para aumentar a produção. “Após anos de investimentos pesados para desenvolver oito sistemas de produção no pré-sal, a empresa finalmente receberá os equipamentos que permitirão aumentar sua produção de óleo no país”, escrevem em relatório enviado hoje. A Templeton leva em conta que a empresa pode levar mais tempo que o esperado para colocar os novos equipamentos em produção, como aconteceu no passado. Ainda assim, segundo a gestora, a geração de caixa aumentará e, em 2019, representará 30% do valor de mercado atual da companhia.

Os analistas da corretora Planner, embora ressaltem que não veem a situação atual com otimismo, continuavam recomendando a compra das ações da Petrobras em relatório enviado ontem. Os analistas do banco UBS também sugeriam comprar.

As ações da Petrobras vinham subindo fortemente desde o começo do ano, seguindo o aumento do preço do petróleo no mercado internacional. De janeiro a 18 de maio – sexta-feira anterior ao início do protesto dos caminhoneiros –, os papéis valorizaram 59%, enquanto o Ibovespa ganhou 9%. Mesmo depois da alta, as ações estavam baratas numa comparação internacional: estimativas indicam que o desconto estava em cerca de 20%. Desde o dia 21, quando começaram os protestos e, em seguida, Pedro Parente, presidente da Petrobras, anunciou que reduziria e congelaria os preços de combustíveis, as ações caíram 22%. A baixa foi interrompida durante boa parte do dia 25, depois de o governo anunciar que compensaria a Petrobras se a empresa perder dinheiro com o congelamento.

O problema, como destacam os analistas da empresa de investimentos XP, é que não se sabe como esse ressarcimento será feito. Há dúvidas sobre o prazo de pagamento e também sobre o cálculo do prejuízo. Vale lembrar que a Petrobras discute com o governo, há anos, um ressarcimento relacionado à exploração de reservas de petróleo na camada pré-sal, que começou em 2010.

A Petrobras fechou a sexta-feira valendo 281 bilhões de reais – 90 bilhões a menos do que semana passada.

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