Petrobras (MAURO PIMENTEL/AFP/Getty Images)
Guilherme Guilherme
Publicado em 11 de maio de 2022 às 09h33.
Bento Albuquerque foi exonerado nesta quarta-feira, 11, do Ministério de Minas e Energia, que será assumido por Adolfo Sachsida. A saída ocorre após o presidente Jair Bolsonaro criticá-lo nominalmente pelo aumento do preço do diesel, realizado nesta semana pela Petrobras (PETR3, PETR4).
A mudança levanta incertezas sobre a condução da política de preços da estatal, mas os efeitos sobre as ações da companhia devem ser limitados, segundo analistas consultados pela Exame.
Nos Estados Unidos, as ADRs da Petrobras apresentam leve alta, impulsionadas valorização do petróleo, que voltou a superar US$ 105 com esperanças renovadas sobre a demanda chinesa. Autoridades de Xangai disseram nesta madrugada que metade de Xangai já está livre da covid-19, aumentando o otimismo sobre a queda de restrições.
Régis Chinchila, analista da Terra Investimentos, vê a troca de ministro como um movimento político de Bolsonaro, mas sem grandes consequências para a política de preços. "Não acho que essa mudança pressione as ações da Petrobras. A empresa ainda opera com defasagem [em relação aos preços internacionais].
Não é a primeira vez que surgem ruídos sobre a possibilidade de interferência na política de preços. Os últimos dois presidentes da Petrobras foram demitidos tendo como pano de fundo reajustes nos combustíveis. Embora os nomes à frente da estatal tenham mudado, a busca pela paridade de preços se manteve.
"Pelo fato de Sashcida ser mais próximo do ministro Paulo Guedes é difícil de pensar que haverá um impacto muito negativo. É pouco provável que ele faça uma mudança para prejudicar a Petrobras. Políticas de preços erradas no passado levaram a processos judiciais, o que foi bem ruim para a empresa. O conselho e a diretoria da empresa não devem aceitar uma medida que beneficie o governo às custas dos acionistas", afirmou Fernando Siqueira, head de research da Guide Investimentos. "É mais um ruído."
Ainda que não tenha passado de rumores, a simples possibilidade sobre ingerências na estatal têm feito parte do mercado dar preferência à petroleiras privadas.
"A demissão [de Bento Albuquerque] reforça a cautela em ter estatais até saber qual será o ambiente eleitoral. O cenário de petróleo deve ser positivo, mas a interferência do governo na política de preços é um ruído extra. Por isso temos recomendado redução da exposição em Petrobras e aumento em PetroRio", disse Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos. "Críticas à política de preços ainda podem prejudicar muito a ação."