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Os segredos dos 3 fundos multimercados mais rentáveis de 2020

Fundos das gestoras Versa, Santander Asset e BB DTVM tiveram em comum o fato de anteciparem o momento certo de buscar proteção quando a pandemia começou

Planejamento: o plano de negócios é um “mapa previsto do caminho” de uma empresa (Gajus/Thinkstock)
BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 14 de janeiro de 2021 às 06h00.

Última atualização em 4 de março de 2021 às 14h25.

O ano de 2020 foi marcado por reviravoltas. O otimismo registrado nos primeiros dois meses do calendário foi frustrado pela chegada da pandemia de Covid-19, que fez desabar as bolsas de valores ao redor do mundo. A partir de novembro, no entanto, a tendência se inverteu. A promessa da vacina deu esperança aos investidores e os mercados engataram em um forte rali.

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Os maiores ganhos ficaram com os produtos que conseguiram captar essas idas e vindas, como o fundo Versa (Versa Long Biased FI Multimercados). O produto entregou 83,79% de retorno a seus cotistas no ano passado e foi o multimercado com a melhor performance do ano, segundo o ranking da Economatica elaborado a pedido daEXAME Invest. Veja abaixo os melhores desempenhos:

Os três melhores fundos multimercados de 2020

Colocação Nome Gestora Retorno em 2020

1

Versa Long Biased FI MultVersa Gestora de Recursos Ltda

83,79%

2

Santander FI Global Equities Mult IeSantander Brasil Gestao de Recursos Ltda

61,34%

3

BB Mult LP Fx Balanced Ie Private FIBB Dtvm S.A

48,90%

Versa Fit Long Biased FI MultVersa Gestora de Recursos Ltda

48,90%

Fonte: Economatica. Acesse o ranking completo aqui

A gestora, a propósito, também aparece em terceiro lugar do pódio com o fundo Fit (Versa Fit Long Biased FI Multimercados). O produto é idêntico ao irmão Versa, com apenas uma diferença: a carteira é reduzida pela metade. Ou seja, se o Versa compra 30% do patrimônio de uma determinada ação, o Fit compra 15%. A estratégia reduz pela metade o risco e o retorno do segundo fundo, que teve ganhos de 48,9% no ano passado. Ambos os fundos estão disponíveis para investidores em geral.

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Para Luiz Fernando Alves Jr., gestor da Versa, a receita para o desempenho foi uma combinação entre proteção e desproteção da carteira, observando os momentos certos. “Começamos 2020 com uma carteira otimista, mas enfiamos o pé no freio com muita força logo no início da crise. Zeramos toda a posição na bolsa quando o Ibovespa estava em 110 mil pontos e recompramos quando chegou aos 80 mil pontos. Conforme a bolsa se recuperou, subimos junto”, conta.

Luiz Fernando Alves, gestor da Versa | Foto: Leandro Fonseca/ EXAME (Leandro Fonseca/Exame)

Os fundos Versa e Fit -- assim como outros produtos long biased -- são focados em ações. Em tradução livre, o termo “long biased” indica um produto “comprado” em uma certa tendência de alta. Ou seja, o fundo aposta na compra de ativos esperando valorização futura. Os produtos também possuem alto risco porque são alavancados: tomam recursos emprestados para realizar operações com valores acima do saldo do fundo.

“Tivemos muita volatilidade no portfólio ao longo de 2020, mas mantivemos a mesma carteira de antes da crise, com grande peso de construtoras e varejistas. Para 2021, mantemos o olhar otimista para o mercado interno”, avalia Alves.

Multimercados com investimentos no exterior

Apesar de o topo do pódio ter ficado com um fundo voltado para ações brasileiras, os multimercados que apostaram no exterior foram o grande destaque de 2020. A rentabilidade acumulada desses produtos foi de 12,2%, contra 2,9% do Ibovespa e 2,76% do CDI. Os dados são da Anbima, associação que reúne as entidades do mercado de capitais.

Não à toa, o segundo e terceiro lugar do ranking foram ocupados por fundos dessa categoria. O produto da Santander Asset registrou rentabilidade de 61,34% em 2020, enquanto o fundo da BB DTVM, gestora do Banco do Brasil, teve ganhos de 48,9%, empatando com o Versa Fit. Os dois produtos são restritos para investidores qualificados, aqueles com mais de 1 milhão de reais em aplicações financeiras ou certificação técnica que concede esse status.

Para a Santander Asset, a grande vantagem de seu produto é a chamada “gestão ativa tática”, que usa a presença global do banco para obter insights de seleção de ativos e decisão geográfica de alocação. O verdadeiro segredo do sucesso em 2020, no entanto, foram boas escolhas de alocação aliadas à valorização do dólar.

Renato Santaniello, head da área de soluções de investimento da Santander Asset (Divulgação/Divulgação)

“Metade do resultado do fundo foi influência do câmbio. Já os outros 50% são divididos entre a boa performance dos ativos que escolhemos e a decisão tática de rebalancear a carteira na hora certa. É muito difícil para o cliente acompanhar o mercado externo com profundidade, e o fundo oferece essa solução de forma simples”, diz Renato Santaniello, head da área de soluções de investimento da gestora.

Nos primeiros momentos da crise, a decisão foi proteger o portfólio com posições mais conservadoras, seguidas de uma aposta forte no setor de tecnologia -- um dos mais beneficiados durante o ano passado. “Para 2021, o foco, por enquanto, é a Ásia. É um continente que demonstrou uma recuperação forte, principalmente da China, e que deve performar muito bem neste ano”, avalia Santaniello.

A estratégia guarda semelhanças com aquela implementada pelo fundo da BB DTVM. “Alocamos uma parte significativa do portfólio em tecnologia e o setor performou muito bem. O fundo também foi favorecido por ter apostado na China, país que demonstrou uma rápida recuperação da crise”, comenta Frederico Monteiro, head de gestão de fundos offshore e alocação no exterior da BB DTVM.

Frederico Monteiro, head de gestão de fundos offshore e alocação no exterior da BB DTVM (Divulgação/Divulgação)

Para além das boas apostas, Monteiro acredita que o principal valor entregue ao cotista do fundo foi o bom equilíbrio entre ações e renda fixa. O fundo registrou valorização, em dólares, de 36% para a carteira de ações e de 9,46% para a porcentagem alocada em renda fixa.

“O fundo alocou recursos em setores mais defensivos entre março e abril. Quando vislumbramos sinais de recuperação, colocamos mais risco na carteira. Iniciamos o ano com um portfólio de 50% para renda fixa e 50% para ações e encerramos com uma aposta em ações próxima de 65%”, comenta o gestor. Para 2021, a meta é não embarcar em ativos já bem precificados, como as próprias ações de tecnologia, que, para Monteiro, já estão caras.

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