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Oriente Médio: por que a guerra em Israel preocupa o mercado financeiro

Aversão ao risco predomina no mercado internacional, com bolsas em queda e dólar em alta

Tanque do exercito de Israel:  (JACK GUEZ/AFP)

Tanque do exercito de Israel: (JACK GUEZ/AFP)

Guilherme Guilherme
Guilherme Guilherme

Repórter de Invest

Publicado em 9 de outubro de 2023 às 09h26.

Última atualização em 9 de outubro de 2023 às 15h14.

O conflito entre Israel e o Hamas observado de perto por investidores do mundo inteiro, que buscam decifrar seus potenciais efeitos na geopolítica e economia global. A guerra teve início no fim de semana a partir de ataques do Hamas e chega a seu terceiro dia nesta segunda-feira, 9, com mais de 1.000 mortos.

A aversão ao risco predomina nesta manhã, com bolsas de valores em queda no mercado internacional e o dólar em alta contra as principais moedas do mundo. A origem das preocupações remetem ao preço do petróleo, que voltou a subir, após ter arrefecido na semana passada. A commodity chega saltar quase 4%, sendo negociada acima de US$ 87 por barril.

As regiões da Palestina e Israel não produzem petróleo. Mas incertezas sobre a escalada do conflito mantêm a cautela entre os investidores nesta segunda-feira, 9.

"Os horríveis acontecimentos no sul de Israel neste fim de semana fizeram com que os preços do petróleo subissem e as preocupações aumentarão, sem dúvida, com uma escalada na região", afirmou, Chris Turner, head global de mercados do banco ING, em nota.

Parte significativa das preocupações envolve a suposta participação de Irã -- este um grande produtor de petróleo -- na organização dos ataques. O país, segundo fontes do Wall Street Journal, teria dado suporte aos ataques deste fim de semana em Israel. Eventuais sanções ao Irã, disse Turner, poderia dar sustentação ao preço mais alto do petróleo.

"A valorização do petróleo é a primeira reação do conflito e talvez os investidores estejam ainda sem muitas informações sobre a extensão da guerra na região. Se ficar confinado ao território israelense e palestino provavelmente o mercado não caia muito, mas esta hipótese me parece frágil", disse, em nota, o economista André Perfeito.

Temores de que a alta do petróleo pudesse elevar as pressões inflacionárias em países desenvolvidos já pairavam sobre os investidores e, agora, estão mais latentes do que nunca. Analistas do Julius Baer acrescentam ainda que o conflito e a consequente apreciação do petróleo podem pressionar os rendimentos dos títulos americanos, com investidores apostando em juros altos por mais tempo.

Fuga para ativos defensivos

Nesta segunda, ao menos, o rendimento do título de 10 anos do Tesouro americano opera em queda. O movimento é explicado pela busca por ativos defensivos. O título do Tesouro dos Estados Unidos, vale ressaltar, é considerado o mais seguro do mundo, com rendimento inversamente proporcional à demanda. A busca por segurança também eleva o preço dólar e do ouro, que sobe 1%.

Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa, ressalta que no Brasil há ainda uma preocupação adicional: o papel da Petrobras no meio disso tudo. "O grau de incerteza associado ao repasse da alta dos combustíveis é gigantesco, principalmente em função do grau de discricionariedade na política de preços da Petrobras'", afirmou em nota

Um possível represamento da alta do petróleo, afirmou o economista, poderia minimizar seus efeitos na inflação brasileira. Mas não no exterior. "A inflação global e suas expectativas devem sentir os efeitos do conflito, e consequente os juros globais serão mais austeros, impondo ao Brasil condição similar", disse Sanchez.

As ADRs da Petrobras são negociadas em alta no pré-mercado americano desta manhã, seguindo a valorização de outros papéis do setor.

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