Operadores apostam em corte menor de juros com alívio no crédito
Depois que a autoridade monetária anunciou medidas para aliviar as restrições ao crédito ao consumidor na semana passada, o corte da Selic pode ser menor
Da Redação
Publicado em 17 de novembro de 2011 às 08h27.
Rio de Janeiro - As apostas de que o Banco Central, liderado por Alexandre Tombini , vai acelerar os cortes da taxa básica de juros estão sendo colocadas de lado, depois que a autoridade monetária anunciou medidas para aliviar as restrições ao crédito ao consumidor na semana passada.
O Comitê de Política Monetária deve reduzir a Selic em 50 pontos-base, para 11 por cento, na reunião que termina em 30 de novembro, de acordo com contratos de juros futuros negociados na BM&FBovespa. Uma semana atrás, a expectativa predominante era de um corte de 75 pontos-base.
“A resposta do mercado é coerente porque, na medida em que está retirando as limitações monetárias, teria menos necessidade de corte de juros”, disse Flávio Serrano, economista-sênior do Banco Espírito Santo de Investimento SA, em São Paulo. “Não significa que não vai acelerar os cortes de juros, porque o ciclo depende muito do cenário externo, mas o potencial diminui bastante.”
O Brasil está liderando os esforços entre alguns países emergentes de cortar os juros ou aliviar a política monetária, para blindar a economia contra uma desaceleração global. A Indonésia reduziu os juros em 11 de novembro e o mercado de swap da China está começando a indicar chances de uma queda nos custos dos empréstimos no país.
O BC disse em 14 de novembro que vai retirar a maior parte das restrições impostas em dezembro para esfriar o crédito, reduzindo a pressão por novas reduções de juros.
Tombini citou uma “substancial deterioração” da economia global quando reduziu o juro básico no mês passado, e disse que cortes de juros “moderados” são consistentes com o cenário de convergência da inflação para a meta de 4,5 por cento em 2012.
América do Sul
Enquanto o Brasil diminui os juros, em 15 de novembro o Chile se juntou a Colômbia e Peru na decisão de deixar a taxa básica inalterada, já que o crescimento nos países andinos não parece estar sendo limitado pela crise da dívida na Europa.
O impacto foi maior no Brasil, onde a produção industrial encolheu 2 por cento em setembro, a segunda maior queda desde o declínio que acompanhou o colapso do Lehman Brothers Holdings Inc., em 2008. A inflação desacelerou em outubro pela primeira vez em 14 meses para uma taxa anualizada de 6,97 por cento. A meta de inflação é de 4,5 por cento, com tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.
Os swaps de juros de dois anos, que indicam o custo de fixar determinada taxa de juros por dois anos, atingiram o menor patamar em oito anos em 2 de novembro. Desde então avançaram 50 pontos-base para 10,2 por cento. Os swaps embutem risco de redução da Selic em até 130 pontos-base até novembro de 2013. Em 2 de novembro, a projeção embutida era de um corte de 181 pontos-base, segundo dados compilados pela Bloomberg.
Contratos futuros
Os contratos de juros futuros mostram que os operadores apostam que a Selic será cortada em 56,62 pontos-base na próxima reunião do Copom, em 30 de novembro. Em 9 de novembro, as apostas eram de uma redução de 67,12 pontos-base, sinalizando que a maioria dos operadores esperava um corte de 75 pontos- base. Um número inferior a 62,5 sinaliza que a maioria antecipa uma diminuição de 50 pontos-base.
Na semana passada, o BC decidiu autorizar os bancos a reduzirem a parcela de capital separada para fazer frente a empréstimos de prazos mais curtos, ao mesmo tempo em que aumentou o requerimento de capital para financiamentos com prazo superior a 60 meses. Os bancos precisam separar uma parcela que varia de 8,25 por cento a 33 por cento, dependendo do risco do crédito.
O BC também baixou o requerimento de capital para financiamentos de veículos com prazo inferior a cinco anos.
A decisão pode ser equivalente a uma redução de 0,25 ponto percentual na Selic, disse Maurício Rosal, economista-chefe da Raymond James em São Paulo.
Um assessor de imprensa do BC, que pediu para não ser identificado em obediência à política interna, se recusou a fazer comentários para esta reportagem.
Rio de Janeiro - As apostas de que o Banco Central, liderado por Alexandre Tombini , vai acelerar os cortes da taxa básica de juros estão sendo colocadas de lado, depois que a autoridade monetária anunciou medidas para aliviar as restrições ao crédito ao consumidor na semana passada.
O Comitê de Política Monetária deve reduzir a Selic em 50 pontos-base, para 11 por cento, na reunião que termina em 30 de novembro, de acordo com contratos de juros futuros negociados na BM&FBovespa. Uma semana atrás, a expectativa predominante era de um corte de 75 pontos-base.
“A resposta do mercado é coerente porque, na medida em que está retirando as limitações monetárias, teria menos necessidade de corte de juros”, disse Flávio Serrano, economista-sênior do Banco Espírito Santo de Investimento SA, em São Paulo. “Não significa que não vai acelerar os cortes de juros, porque o ciclo depende muito do cenário externo, mas o potencial diminui bastante.”
O Brasil está liderando os esforços entre alguns países emergentes de cortar os juros ou aliviar a política monetária, para blindar a economia contra uma desaceleração global. A Indonésia reduziu os juros em 11 de novembro e o mercado de swap da China está começando a indicar chances de uma queda nos custos dos empréstimos no país.
O BC disse em 14 de novembro que vai retirar a maior parte das restrições impostas em dezembro para esfriar o crédito, reduzindo a pressão por novas reduções de juros.
Tombini citou uma “substancial deterioração” da economia global quando reduziu o juro básico no mês passado, e disse que cortes de juros “moderados” são consistentes com o cenário de convergência da inflação para a meta de 4,5 por cento em 2012.
América do Sul
Enquanto o Brasil diminui os juros, em 15 de novembro o Chile se juntou a Colômbia e Peru na decisão de deixar a taxa básica inalterada, já que o crescimento nos países andinos não parece estar sendo limitado pela crise da dívida na Europa.
O impacto foi maior no Brasil, onde a produção industrial encolheu 2 por cento em setembro, a segunda maior queda desde o declínio que acompanhou o colapso do Lehman Brothers Holdings Inc., em 2008. A inflação desacelerou em outubro pela primeira vez em 14 meses para uma taxa anualizada de 6,97 por cento. A meta de inflação é de 4,5 por cento, com tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.
Os swaps de juros de dois anos, que indicam o custo de fixar determinada taxa de juros por dois anos, atingiram o menor patamar em oito anos em 2 de novembro. Desde então avançaram 50 pontos-base para 10,2 por cento. Os swaps embutem risco de redução da Selic em até 130 pontos-base até novembro de 2013. Em 2 de novembro, a projeção embutida era de um corte de 181 pontos-base, segundo dados compilados pela Bloomberg.
Contratos futuros
Os contratos de juros futuros mostram que os operadores apostam que a Selic será cortada em 56,62 pontos-base na próxima reunião do Copom, em 30 de novembro. Em 9 de novembro, as apostas eram de uma redução de 67,12 pontos-base, sinalizando que a maioria dos operadores esperava um corte de 75 pontos- base. Um número inferior a 62,5 sinaliza que a maioria antecipa uma diminuição de 50 pontos-base.
Na semana passada, o BC decidiu autorizar os bancos a reduzirem a parcela de capital separada para fazer frente a empréstimos de prazos mais curtos, ao mesmo tempo em que aumentou o requerimento de capital para financiamentos com prazo superior a 60 meses. Os bancos precisam separar uma parcela que varia de 8,25 por cento a 33 por cento, dependendo do risco do crédito.
O BC também baixou o requerimento de capital para financiamentos de veículos com prazo inferior a cinco anos.
A decisão pode ser equivalente a uma redução de 0,25 ponto percentual na Selic, disse Maurício Rosal, economista-chefe da Raymond James em São Paulo.
Um assessor de imprensa do BC, que pediu para não ser identificado em obediência à política interna, se recusou a fazer comentários para esta reportagem.