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Na contramão do mercado: por que o UBS prefere China a Estados Unidos

Bhanu Baweja, estrategista-chefe do UBS Investment Bank, diz que empresas de tecnologia asiáticas deverão ter uma melhor performance nas bolsas do que as Sete Magníficas do mercado americano

Bhanu Baweja, estrategista-chefe do UBS Investment Bank: "acreditamos que há melhores oportunidades na bolsa chinesa que nos Estados Unidos" (UBS/Divulgação)

Publicado em 29 de janeiro de 2024 às 17h36.

Última atualização em 29 de janeiro de 2024 às 18h13.

O banco suíço UBS, um dos maiores do mundo, tem destoado do restante do mercado quanto à direção das principais bolsas do mundo. Para o UBS, o os investidores, de modo geral, estão otimista demais para o mercado ocidental e mais pessimista do que deveriam em relação à China . Isso é o que disse Bhanu Baweja, estrategista-chefe do UBS Investment Bank, em entrevista a jornalistas brasileiros nesta segunda-feira, 29.

A visão do UBS é sustentada pelo indicador de prêmio de risco das ações em relação ao do mercado de títulos. Essa relação, explicou, tende a ser favorável ao mercado de ações nos Estados Unidos e ao mercado de títulos na China. Acontece que, atualmente, essa relação está ao contrário. Baweja avalia que, por isso, a bolsa dos Estados Unidos tende a ter uma melhor performance, porém, não no curto prazo. "O prêmio de risco das ações americanas só esteve mais baixo que o atual em dois momentos da história: na Grande Depressão e na época da bolha da Nasdaq. O prêmio pode ficar ainda menor, mas é improvável."

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"Acreditamos que há melhores oportunidades na bolsa chinesa que nos Estados Unidos, apesar dos problemas estruturais da China. É algo tático, para os próximos 6 a 12 meses. No longo prazo, ainda preferimos os Estados Unidos. Mas 2024 não tem o DNA de bolsa em alta [em Nova York]", afirma Baweja.

A perspectiva da casa, contou Baweja, tem sofrido resistência da maioria dos clientes. "Mas, mesmo dentro de um ciclo, há momentos anticíclicos. Esta deverá ser a toada dos próximos meses, mas não dos próximos anos."

Outro fator que, nas contas de Baweja, deverá pesar contra os mercados americanos é a perspectiva "excessivamente" otimista para a economia dos Estados Unidos. "O nível das ações está precificando um forte crescimento real, enquanto acredito que veremos redução de margens. O mercado está projetando um crescimento do lucro por ação de 19% a 20% para este ano nos Estados Unidos. Mas esse crescimento deverá ficar entre 5% e 6%."

Com a economia mais fraca nos Estados Unidos, o estrategista-chefe do UBS espera por cortes agressivos de juros. "Deverá ser mais intenso do que o mercado precifica." A maior probabilidade precificada nas curvas de juros é de que o Federal Reserve cortará o juro, hoje entre 5,25% e 5,5%, para entre 3,75% e 4%. A expectativa do UBS é de que o juro caia para entre 3,25% e 3,5%.

Essa queda de juros, afirmou Baweja, deverá pressionar o dólar para baixo contra o ouro e moedas de países desenvolvidos, como o iene japonês e o próprio euro. Isso, disse, deve criar um cenário negativo para as large caps ao redor do mundo, por terem parte significativa da receita voltada para o exterior.

Sem grandes espaços para alta

Baweja também avalia que há melhores oportunidades em empresas asiáticas de tecnologia, como na fabricante de chips TSMC, do que em ações das "Sete Magníficas", que foram destaques de alta no mercado americano em 2023. "É a primeira vez em muitos anos que temos essa preferência. As Sete Magníficas são empresas muito boas, mas não estamos tão otimistas com as ações de companhias como Apple e Tesla."

A projeção de Baweja é ainda mais pessimista para o mercado europeu. Segundo Baweja, as ações do continente vêm precificando um crescimento de 6% no lucro por ação. "Mas, pelo contrário, acreditamos que haverá uma queda de 3% no lucro por ação. Para a região, o mercado espera por uma alta de 5,5% do PIB. Deve ser a metade disso."

A ausência de fatores que beneficiaram os mercados em 2023, de acordo com o estrategista, deverão pressionar negativamente neste ano. Entre eles, Baweja cita os gastos fiscais dos Estados Unidos e a queda do prêmio de risco das bolsas americanas. "As ações sobem porque o prêmio de risco diminui, porque o índice de volatilidade Vix cai. O problema é que o Vix já caiu de 40 para 12."

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