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Mercados veem 75% de chance de impeachment, diz ex-Anbima

Em entrevista, Marcelo Giufrida, que presidiu a entidade entre 2009 e 2012, comenta a crise política e seu impacto na economia e nos mercados

Marcelo Giufrida: sem troca de governo, há espaço para piora nas projeções (Divulgação/Anbima)

Anderson Figo

Publicado em 3 de abril de 2016 às 07h00.

São Paulo - Os mercados já precificam 75% de chance de ocorrer um impeachment da presidente Dilma Rousseff , na avaliação do economista e ex-presidente da Anbima (associação das entidades do mercado de capitais) Marcelo Giufrida.

Em entrevista a EXAME.com, ele comenta a crise política e o impacto do imbróglio em Brasília sobre a economia e os mercados. Segundo Giufrida, há espaço para piora nas projeções.

Além de presidir a Anbima entre 2009 e 2012, Giufrida trabalhou no banco BNP Paribas e atualmente é sócio da gestora Garde Asset Management. Confira abaixo os principais trechos da entrevista.

EXAME.com: O IPCA-15 subiu 0,43% em março. O Focus indica inflação de 7,31% em 2016. O PIB deve cair mais de 3%. Há espaço para piora?

Marcelo Giufrida: O cenário é muito negativo, uma combinação perversa de inflação alta, retração econômica, aumento de desemprego e queda do salário real.

Embora possamos esperar um pequeno alívio para 2017 (nossas projeções são PIB de +1% e inflação de 5,4%), a piora na renda e no emprego deve persistir.

E o imbróglio político no país?

As crises política e econômica estão interligadas e se retroalimentam. Na medida em que o impasse político permanece, é possível que as projeções para este ano de PIB e desemprego piorem ainda mais.

Tem havido muita especulação política nos mercados. Acha que é exagero?

Não se trata de especulação, apenas a reação dos preços a dois cenários muito distintos. No início de 2015, os mercados melhoraram quando Joaquim Levy assumiu a Fazenda e lançou um plano fiscal minimamente coerente.

Com as hesitações da presidente e a saída de Levy, os preços convergiram para o cenário mais pessimista.

Agora, a perspectiva de impeachment leva os ativos para o outro lado, sinalizando a visão do mercado mais favorável às propostas contidas no documento “Ponte para o Futuro”, que tem servido de referência de um plano econômico para um eventual governo Temer .

Se o impeachment acontecesse, isso já estaria nos preços dos ativos?

Na nossa avaliação, os mercados já precificam cerca de 75% de chance de ocorrer o impeachment. Portanto, se ele ocorrer, não deve melhorar substancialmente. Por outro lado, no caso da permanência da presidente, pode piorar muito.

No cenário atual, os títulos públicos têm ganhado cada vez mais atenção. Até quando?

Os títulos públicos têm sido um bom porto seguro. Acreditamos que há espaço para redução da Selic, mas a curva de juros futuro (acima de 1 ano) deve reagir de modo totalmente diverso: se houver o impeachment, ela deve cair, e subir em caso contrário.

E a renda variável?

As ações não estão baratas. Num cenário de longo prazo, com a implantação de medidas amplas que reestabeleçam a confiança, pode se configurar um cenário consistente de alta.

No câmbio, o dólar caiu mais de 10% no mês passado. Há espaço para novas baixas?

Acreditamos que não há muito espaço para o dólar cair mais, pois o Banco Central já sinalizou que nesse patamar começa a reduzir o estoque de swaps cambiais, o que deve dar sustentação à moeda.

Além, disso, nossa situação externa melhorou por causa da desvalorização e da recessão. Num cenário de retomada da economia pós-impeachment as importações vão subir, reduzindo nossa conta corrente.

Cogitou-se no mercado o uso de parte das reservas internacionais pelo governo. O que você acha?

A venda das reservas não iria melhorar a situação: poderia gerar uma pequena economia fiscal, mas pioraria sobremaneira a avaliação de risco soberano. Não seria uma medida acertada.

Num mercado caótico, a indústria de fundos tem registrado captação líquida negativa em várias categorias.

O investidor tem dificuldade de acompanhar esse ziguezague do mercado. Os resgates se originam da retração econômica, queda da renda e da existência de produtos de renda fixa isentos de impostos.

A estabilização da economia poderá ajudar ao mercado de fundos voltar ao seu funcionamento mais normal.

No exterior, o ritmo mais lento de aumento de juros nos EUA pode compensar a desaceleração da China?

Sim, o Fed [banco central americano] tem sido muito cuidadoso no processo de normalização das condições monetárias nos EUA , e isso tem dado uma folga para os países emergentes em geral, no contexto de uma desaceleração gradual da China .

Esperamos que os Estados Unidos continuem crescendo num ritmo de 2% a 2,5% ao ano.

  • 1. Em queda

    1 /32(Thinkstock)

São Paulo - Em um mês em que o dólar recuou 10,17%, as ações de exportadoras foram as que mais perderam valor de mercado em março.  A Fibria ( FIBR3 ) encabeçou a lista das maiores perdas entre as empresas listadas na BM&FBovespa . Ela perdeu R$ 7,6 bilhões em valor de mercado no mês. A cifra é maior do que todo o valor de mercado da locadora de automóveis Localiza ( RENT3 ) no fim do mês passado, em torno de R$ 6,2 bilhões.  Navegue pelas fotos e descubra quais foram as 30 empresas da Bolsa brasileira que mais perderam valor de mercado em março, segundo levantamento feito pela consultoria Economática a pedido de EXAME.com.
  • 2. Fibria

    2 /32(Ricardo Teles/Fibria)

    • Veja também

    SetorPapel e Celulose
    Valor de mercado em 31/03/2016R$ 16,79 bilhões
    Quanto perdeu em valor de mercado no mêsR$ 7,56 bilhões
  • 3. Embraer

    3 /32(Divulgação/Embraer)

    • SetorIndustrial
    Valor de mercado em 31/03/2016R$ 17,58 bilhões
    Quanto perdeu em valor de mercado no mêsR$ 4,68 bilhões
  • 4. Suzano

    4 /32(Germano Lüders/EXAME.com)

    SetorPapel e Celulose
    Valor de mercado em 31/03/2016R$ 13,78 bilhões
    Quanto perdeu em valor de mercado no mêsR$ 4,18 bilhões
  • 5. JBS

    5 /32(AFP)

    SetorConsumo
    Valor de mercado em 31/03/2016R$ 30,58 bilhões
    Quanto perdeu em valor de mercado no mêsR$ 1,26 bilhão
  • 6. Klabin

    6 /32(Divulgação)

    SetorPapel e Celulose
    Valor de mercado em 31/03/2016R$ 22,68 bilhões
    Quanto perdeu em valor de mercado no mêsR$ 1,19 bilhão
  • 7. Prumo Logística

    7 /32(Divulgação/Prumo/Divulgação)

    SetorTransporte
    Valor de mercado em 31/03/2016R$ 1,48 bilhão
    Quanto perdeu em valor de mercado no mêsR$ 1,05 bilhão
  • 8. Restoque

    8 /32(Divulgação)

    SetorConsumo
    Valor de mercado em 31/03/2016R$ 1,48 bilhão
    Quanto perdeu em valor de mercado no mêsR$ 803,53 milhões
  • 9. Totvs

    9 /32(Germano Lüders/EXAME.com)

    SetorTecnologia
    Valor de mercado em 31/03/2016R$ 4,45 bilhões
    Quanto perdeu em valor de mercado no mêsR$ 702,79 milhões
  • 10. Elektro

    10 /32(Raul Junior e Alexandre Battibugli/EXAME.com)

    SetorEnergia
    Valor de mercado em 31/03/2016R$ 3,74 bilhões
    Quanto perdeu em valor de mercado no mêsR$ 672,73 milhões
  • 11. Valid

    11 /32(Divulgação)

    SetorTecnologia
    Valor de mercado em 31/03/2016R$ 1,94 bilhão
    Quanto perdeu em valor de mercado no mêsR$ 596,81 milhões
  • 12. Somos Educação

    12 /32(Divulgação)

    SetorEducação
    Valor de mercado em 31/03/2016R$ 2,21 bilhões
    Quanto perdeu em valor de mercado no mêsR$ 399,04 milhões
  • 13. Estácio

    13 /32(Getty Images)

    SetorEducação
    Valor de mercado em 31/03/2016R$ 3,64 bilhões
    Quanto perdeu em valor de mercado no mêsR$ 289,32 milhões
  • 14. SLC

    14 /32(Cristiano Mariz/EXAME.com)

    SetorAgrícola
    Valor de mercado em 31/03/2016R$ 1,53 bilhão
    Quanto perdeu em valor de mercado no mêsR$ 252,34 milhões
  • 15. Alpargatas

    15 /32(.)

    SetorConsumo
    Valor de mercado em 31/03/2016R$ 4,09 bilhões
    Quanto perdeu em valor de mercado no mêsR$ 237,85 milhões
  • 16. Schulz

    16 /32(Thinkstock)

    SetorIndustrial
    Valor de mercado em 31/03/2016R$ 225,67 milhões
    Quanto perdeu em valor de mercado no mêsR$ 204,96 milhões
  • 17. Celesc

    17 /32(Divulgação)

    SetorEnergia
    Valor de mercado em 31/03/2016R$ 493,71 milhões
    Quanto perdeu em valor de mercado no mêsR$ 194,76 milhões
  • 18. Tupy

    18 /32(Divulgação)

    SetorIndustrial
    Valor de mercado em 31/03/2016R$ 2,38 bilhões
    Quanto perdeu em valor de mercado no mêsR$ 185,99 milhões
  • 19. Santos Brasil

    19 /32(Germano Lüders / EXAME)

    SetorLogística
    Valor de mercado em 31/03/2016R$ 1,73 bilhão
    Quanto perdeu em valor de mercado no mêsR$ 182,15 milhões
  • 20. Metal Leve

    20 /32(Divulgação)

    SetorIndustrial
    Valor de mercado em 31/03/2016R$ 3,02 bilhões
    Quanto perdeu em valor de mercado no mêsR$ 171,93 milhões
  • 21. Anima Educação

    21 /32(Getty Images)

    SetorEducação
    Valor de mercado em 31/03/2016R$ 821,80 milhões
    Quanto perdeu em valor de mercado no mêsR$ 152,80 milhões
  • 22. PDG

    22 /32(Jonne Roriz/EXAME)

    SetorConstrução
    Valor de mercado em 31/03/2016R$ 222,35 milhões
    Quanto perdeu em valor de mercado no mêsR$ 141,68 milhões
  • 23. Biosev

    23 /32(Divulgação)

    SetorAgrícola
    Valor de mercado em 31/03/2016R$ 1,46 bilhão
    Quanto perdeu em valor de mercado no mêsR$ 120,80 milhões
  • 24. Minerva

    24 /32(Dado Galdieri/Bloomberg/Bloomberg)

    SetorConsumo
    Valor de mercado em 31/03/2016R$ 2,15 bilhões
    Quanto perdeu em valor de mercado no mêsR$ 119,04 milhões
  • 25. Oi

    25 /32(Divulgação/Google)

    SetorTelecomunicações
    Valor de mercado em 31/03/2016R$ 725,04 milhões
    Quanto perdeu em valor de mercado no mêsR$ 118,50 milhões
  • 26. Pão de Açúcar

    26 /32(Germano Luders/Exame)

    SetorConsumo
    Valor de mercado em 31/03/2016R$ 12,28 bilhões
    Quanto perdeu em valor de mercado no mêsR$ 107,18 milhões
  • 27. WLM Indústria e Comércio

    27 /32(Divulgação/Divulgação)

    SetorIndustrial
    Valor de mercado em 31/03/2016R$ 147,05 milhões
    Quanto perdeu em valor de mercado no mêsR$ 94,29 milhões
  • 28. Magnesita

    28 /32(Divulgação)

    SetorMineração
    Valor de mercado em 31/03/2016R$ 727,65 milhões
    Quanto perdeu em valor de mercado no mêsR$ 90,14 milhões
  • 29. Telebras

    29 /32(.)

    SetorTelecomunicação
    Valor de mercado em 31/03/2016R$ 231 milhões
    Quanto perdeu em valor de mercado no mêsR$ 84,08 milhões
  • 30. Even

    30 /32(Antônio Milena/EXAME)

    SetorConstrução
    Valor de mercado em 31/03/2016R$ 894,10 milhões
    Quanto perdeu em valor de mercado no mêsR$ 81,67 milhões
  • 31. BRF

    31 /32(Germano Lüders/EXAME)

    SetorConsumo
    Valor de mercado em 31/03/2016R$ 41,60 bilhões
    Quanto perdeu em valor de mercado no mêsR$ 72,90 milhões
  • 32. Veja agora as ações que mais caíram (e subiram) em março

    32 /32(Thinkstock)

    As ações que mais caíram (e subiram) em março
    • Acompanhe tudo sobre:AçõesAnbimaÁsiaCâmbioChinaDesempregoDilma RousseffDólareconomia-brasileiraEstados Unidos (EUA)EstatísticasImpeachmentIndicadores econômicosInflaçãoJurosMDB – Movimento Democrático BrasileiroMercado financeiroMichel TemerMoedasPaíses ricosPersonalidadesPIBPolíticaPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPT – Partido dos TrabalhadoresSelicTítulos públicos
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