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Mercados reagem a crise política antes da formação de governo na Itália

Depois que o presidente italiano surpreendeu com a indicação de Carlo Cottarelli para primeiro ministro, a Bolsa de Valores de Milão perdia quase 3%

Mattarella vetou um Executivo acordado entre a Liga e o M5S e indicou Cottarelli como primeiro ministro (Tony Gentile/Reuters)

Mattarella vetou um Executivo acordado entre a Liga e o M5S e indicou Cottarelli como primeiro ministro (Tony Gentile/Reuters)

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AFP

Publicado em 29 de maio de 2018 às 09h12.

Última atualização em 29 de maio de 2018 às 09h14.

A Itália seguia na incerteza e os mercados financeiros tensos nesta terça-feira antes da formação do governo do economista Carlo Cottarelli, que dificilmente obterá a confiança do Parlamento dominado pelos populistas.

Ilustração da preocupação com a situação política italiana, o "spread" da diferença entre as taxas de empréstimo a dez anos da Itália e da Alemanha, ultrapassou a marca de 300 pontos nesta terça, enquanto a Bolsa de Valores de Milão perdia quase 3%.

Uma reação dos mercados financeiros considerada "grave, mas injustificada" para o governador do Banco da Itália, Ignazio Visco.

Esperado nas próximas horas, o novo governo de Cottarelli tem poucas chances de obter a confiança de um Parlamento dominado pelos populistas eurocéticos. Desta forma, deverá se limitaratratar os assuntos correntes até as eleições, a serem realizadas provavelmente no início do outono (hemisfério norte).

Cottarelli, de 64 anos, é esperado às 16h30 pelo presidente da República, Sérgio Mattarella.

Vencedores das eleições legislativas de 4 de março, a Liga (extrema direita) e o Movimento 5 Estrelas (M5S, populista), que levaram dois meses para desenvolver um programa resolutamente contra a austeridade, enfrentam o futuro Executivo, liderado por alguém que incorpora a disciplina fiscal.

Ex-funcionário do Fundo Monetário Internacional (FMI), Carlo Cottarelli foi nomeado na segunda-feira, após o veto de Mattarella a um Executivo acordado entre a Liga e o M5S, mas sem garantias de manter a Itália no euro.

Uma decisão que os líderes das duas formações antissistema denunciaram, alegando que não respeitava o voto dos italianos.

"Isso não é democracia, é um desrespeito ao voto popular", reclamou Matteo Salvini, chefe da Liga, anunciando as futuras eleições como "um plebiscito" opondo "o povo contra as velhas castas".

Luigi Di Maio, líder do M5S, evocou a "noite mais escura da democracia italiana" e pediu aos seus partidários que se mobilizem e se reúnam em Roma no sábado, 2 de junho.

Mas de acordo com Massimo Luciani, presidente da Associação dos Constitucionalistas Italianos, "o presidente Mattarella só exerceu seus poderes constitucionais".

O presidente francês Emmanuel Macron elogiou sua "coragem" e o "grande espírito de responsabilidade" de Mattarella, enquanto a chanceler alemã Angela Merkel ressaltou a vontade de "trabalhar com cada governo, mas é claro, temos princípios dentro da zona do euro".

No momento, as pesquisas apontam intenções de voto estáveis ​​ou ligeiramente inferiores para o M5S, que obteve mais de 32% dos votos em março, e um claro aumento para a Liga, que agora excede 20%, depois de obter 17% em março.

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