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Mercado teme ampliação de fundo especulativo em meio à crise

Temor é que o corte no valor devido pela Grécia pressione operadores a acionar o CDS, mecanismo considerado um dos responsáveis pela crise na Europa

Os CDS podem ser comparados através de uma apólice de seguro que tem um investidor para cobrir o risco de calote (Sean Gallup/Getty Images)

Os CDS podem ser comparados através de uma apólice de seguro que tem um investidor para cobrir o risco de calote (Sean Gallup/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 25 de outubro de 2011 às 14h37.

Paris - As negociações entre líderes europeus sobre a redução da dívida grega despertaram interrogações e temores sobre o desencadeamento dos CDS, um dos instrumentos financeiros acusado de agravar a especulação em relação ao euro.

Os CDS (Credit Default Swaps) podem ser comparados através de uma apólice de seguro que tem um investidor para cobrir o risco de calote por parte do emissor da dívida, seja um país ou uma empresa. A ideia é que o titular de uma obrigação pode se proteger contra uma eventual inadimplência ou não pagamento.

Contudo, isso significa que se o mecanismo for colocado em prática, os vendedores de CDS - seguradoras e bancos - sofrerão com novas perdas.

Apesar desse temor, especialistas dizem que o abono de 50% no valor dos títulos do Tesouro grego, porcentagem estipulada na reunião europeia no último domingo, não desencadearia este temido mecanismo na condição de ser concedido pelos credores.

O determinante "é o caráter voluntário ou obrigatório do perdão (de títulos) e não a magnitude da redução", disse à AFP um porta-voz da International Swaps and Derivatives Association (ISDA).

No caso da Grécia, os CDS estão em níveis muito elevados, acima dos 5.000 pontos básicos, o que significa que uma apólice de seguro de 10 milhões de dólares em 5 anos, para se proteger da dívida, custará 5 milhões de dólares por ano.

Em comparação, os CDS da Alemanha estão em 90 pontos básicos e os da França em 190.

No caso dos Estados, o fim do crédito pode ocorrer em três circunstâncias: incapacidade de pagar uma dívida a prazo; questionamento por parte do devedor da validade de suas obrigações para com seus credores; e nova estruturalização da dívida (modificação unilateral por parte do devedor das condições de empréstimo).

Os países europeus querem obter um perdão de pelo menos 50% da dívida grega voluntariamente, em vez dos 21% concedidos no segundo programa de resgate da Grécia aprovado em 21 de julho. Mas, segundo um diplomata europeu, os bancos estão dispostos a sacrificar no máximo 40% do valor dos títulos.

De qualquer forma, "com esse nível de perda fica difícil falar sobre o perdão voluntário da dívida por parte dos investidores privados", dizem os economistas da corretora Aurel BGC.

O ISDA relativiza o impacto potencial de uma ativação do CDS no caso da Grécia, pois isto totalizaria cerca de 3,7 bilhões de dólares, número muito inferior ao valor total da dívida grega, de 350 bilhões de euros.

No entanto, os CDS são negociados em um mercado bastante restrito, por se tratar de contratos diretos entre operadores. As autoridades reguladoras e governos os acusam de terem agravado a crise atual.

A União Europeia chegou a um acordo na semana passada para proibir os "CDS curtos", um instrumento altamente especulativo, pelo qual investidores compram apólices de títulos, permitindo-lhes embolsar o seguro sem contrair riscos.

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