Mercado inicia semana de olho nos próximos passos do Federal Reserve. O que se espera?
Investidores aguardam reunião do Fed na sexta-feira sobre possíveis sinais a respeito dos juros
Repórter colaborador
Publicado em 19 de agosto de 2024 às 06h16.
A semana no mercado financeiro começa com os investidores apreensivos sobre a possibilidade do Federal Reserve cortar os juros em setembro - hoje a taxa está numa banda entre5,25% a 5,50% ao ano, a maior desde 2001.
Na sexta-feira, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, deve dar novos insights sobre o curso da política monetária dos EUA na reunião anual do banco central em Jackson Hole, Wyoming.
No fim de semana, oGoldman Sachs reduziu a probabilidade de uma recessão nos EUA no próximo ano de 25% para 20%, citando os dados de vendas no varejo e pedidos de auxílio-desemprego da semana passada. Se o relatório de empregos de agosto, previsto para ser divulgado em 6 de setembro, "parecer razoavelmente bom, provavelmente reduziríamos nossa probabilidade de recessão de volta para 15%", escreveram economistas do Goldman liderados em relatório divulgado pela Bloomberg.
Expectativas
Os mercados esperam que o Fed comece a reduzir os custos dos empréstimos em sua próxima reunião em setembro. Entretanto,existe a possibilidade na sexta-feira de Powell não dar sinais de como o BC vai se comportar, o que pode frustrar os investidores. Aliás, existe uma boa chance disso acontecer, dado o jeito cauteloso do presidente do Fed de tratar esse assunto.
Essa "surpresa" pode ameaçar a recuperação de US$ 3,3 trilhões que o S&P 500 nos últimos dias depois que um susto no início de agosto desencadeou a pior liquidação do ano.
O índice registrou sete altas consecutivas, com os investidores colocando US$ 5,5 bilhões em ações dos EUA na semana até quarta-feira, de acordo com dados da EPFR Global.
De acordo com a Bloomberg, os traders esperam uma redução da taxa na próxima reunião do Fed. Mas eles não têm certeza de quão grande será.E com poucas autoridades programadas para falar nos próximos dias, as apostas são altas para os comentários de Powell. É por isso que os traders esperam que o S&P 500 oscile mais de 1% em qualquer direção na sexta-feira.
Desde 2000, o S&P 500 subiu 0,4% em média na semana seguinte à reunião, segundo dados compilados pela Bloomberg Intelligence.
Lembrança amarga
Os investidores ainda guardam na memória a aparição de Jerom Powell em Jackson Hole em agosto de 2022, quando ele alertou que o Fed precisaria manter a política monetária restritiva para combater a inflação. As ações despencaram 3,4% naquele dia e perderam outros 3,3% na semana seguinteàs suas observações.
Desta vez, no entanto, os investidores estão esperançosos de que o Fed tenha alcançado sua meta de planejar um pouso suave ao domar os preços descontrolados sem desencadear uma "dor" severa na economia.
Com três reuniões do Fed ainda para serem realizadas em 2024, os traders estão apostando que o Fed cortará os juros à medida que a inflação recua em direção à sua meta de 2%. Os preços básicos ao consumidor caíram pelo quarto mês em julho, enquanto dados robustos de vendas no varejo sinalizaram que os gastos dos americanos continuam fortes, o que permitiria que as autoridades adotassem uma política menos agressiva.
E os mercados nesta segunda?
As ações de empresas de defesa europeias, incluindo a Rheinmetall AG, caíram após um relatório informar que a Alemanha não concederá mais novos pedidos de ajuda à Ucrânia, pois o governo busca conter os gastos.
Na Ásia, o iene estava sendo negociado a 145 por dólar enquanto os mercados aguardam pistas sobre o que o presidente do Banco do Japão, Kazuo Ueda, falará em 23 de agosto, quando deve comparecer a uma s essão especial no parlamento para discutir o aumento da taxa de juros do mês passado, que agitou os mercados globais. Grandes investidores ainda estão apostando em mais aumentos de juros no Japão nos próximos meses, segundo a Bloomberg.
O índice Nikkei caía 1,77% - primeira queda em seis dias. Hong Kong e Xangai operava em alta de 0,8% e 0,5%, respectivamente.
O petróleo caiu pela quarta vez em cinco sessões - 76 dólares o barril - enquanto investidores acompanhavam os esforços liderados pelos EUA para garantir um cessar-fogo no conflito de 10 meses em Gaza, mesmo com a guerra Rússia-Ucrânia piorando