Mercado de franquias cresce há 20 anos
Na contramão de um panorama cheio de instabilidades na economia nacional, o mercado de franquias tem fechado seus balanços com números positivos
anglicavilela
Publicado em 12 de setembro de 2019 às 11h39.
Última atualização em 25 de setembro de 2019 às 16h07.
Desde o primeiro censo do setor, realizado pela Associação Brasileira de Franchising (ABF) em conjunto com o Sebrae há 20 anos, o franchising cresce continuamente. Mesmo durante as crises financeiras mais severas ao longo do período, ainda que não tão acelerado, o crescimento esteve presente. A Pesquisa Trimestral de Desempenho do Setor, desenvolvida pela ABF, apontou um crescimento nominal de 5,9% no segundo trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2018. A receita passou de 40,734 bilhões de reais para 43,122 bilhões. No semestre, o aumento foi de 6,4% (79,496 bilhões de reais para 84,586 bilhões). Já a receita acumulada nos últimos 12 meses teve uma expansão de 6,9%, passando de 168,360 bilhões de reais para 179,933 bilhões.
A linha de crescimento do franchising nacional impressiona, principalmente se comparada com os segmentos independentemente. Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o setor de serviços, por exemplo, é um dos que mais têm mostrado dificuldades em se recuperar da crise, apresentando retração por quatro anos consecutivos – em 2018, o recuo foi de 0,1%. Quando falamos de franquias, entretanto, serviços e outros negócios aparecem em destaque, com o maior crescimento no segundo trimestre do ano, chegando a 8,9%. Logo em seguida, os serviços educacionais somam positivos 8,7%.
Para o presidente da ABF, André Friedheim, a discrepância tem explicação. Características das franquias, como compartilhamento, colaboração, escala, força da marca, transferência de know-how e trabalho em rede, atraem investimentos dentro e fora da crise. “Quando um empresário decide empreender por franchising, ele sabe que suas chances de sucesso são maiores do que trabalhando de maneira independente”, afirma.
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Reinventar-se para sobreviver
Apesar das boas notícias, o setor não passou imune pelas dificuldades enfrentadas na economia nacional. A projeção de crescimento anual para esse mercado chegou a ambiciosos 10%, mas foi revista para 7% por conta dos altos e baixos econômicos do primeiro semestre.
O índice de fechamento de unidades também foi um pouco maior do que o esperado. Mas, para o presidente da ABF, faz parte do negócio. “Na crise, as empresas olharam para dentro e fizeram uma otimização de territórios, filtrando as operações para que houvesse um crescimento”, reforça.
Lyana Bittencourt, diretora executiva da consultoria Grupo Bittencourt, destaca a criação de modelos mais enxutos como uma mudança que tem feito a diferença. “Algumas marcas têm desenvolvido modelos que focam os produtos best-sellers para reduzir o espaço de exposição e o estoque. Outras segmentam por produto ou criam novas tecnologias. São possibilidades para inovar e se reinventar”, explica.
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Parte da renovação das empresas consiste em sair da zona de conforto e olhar para fora. Literalmente. Pontos comerciais alternativos e um perceptível movimento das franquias para além do eixo Rio-São Paulo são destaques do balanço da ABF ( vide gráfico ). Para Lyana, isso se dá por conta da democratização do conceito do franchising. “O fato de mais empresas estarem conhecendo e testando os benefícios do franchising faz com que mais opções sejam oferecidas para investidores. Modelos diferentes e para todos os tipos de bolso”, diz. De acordo com a ABF, hoje há franquias em 2 504 dos 5 570 municípios brasileiros (índice de penetração de 45%), com uma média de abertura de três unidades por hora no segundo trimestre de 2019.
O setor responde por 2,6% do PIB brasileiro, conforme dados da entidade. E, para cada franquia aberta, são gerados oito empregos em média, contribuindo com a economia nacional. “Muitas franqueadoras, inclusive, dão a oportunidade do primeiro emprego. Já a ABF preocupa-se em capacitar, formar e mostrar como se trabalha. Então, além de contribuirmos para a colocação no mercado, formamos profissionais que poderão ter uma carreira de sucesso lá na frente”, diz Friedheim.
A expectativa da associação é que o mercado tenha um segundo semestre mais sadio e rentável. Com base nos estudos da associação, em 2019, haverá aumento de 7% no faturamento, 5% no número de empregos gerados, 5% no total de unidades e 1% nas redes que utilizam o modelo de negócios de franchising em seus negócios. A meta é continuar crescendo.
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