Painel de cotações em NY: medo de recessão traz volatilidade aos mercados (Andrew Kelly/Reuters)
Beatriz Quesada
Publicado em 23 de junho de 2022 às 07h05.
Última atualização em 23 de junho de 2022 às 08h00.
O risco de recessão global volta a preocupar investidores, com as principais bolsas da Europa em queda e os índices futuros americanos operando entre perdas e ganhos.
Na véspera, houve algum alívio nos mercados após Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), afirmar que a economia dos EUA estava forte e preparada para o ciclo de aperto monetário. Por outro lado, o dirigente do Fed admitiu que a recessão é uma “possibilidade”, o que levou as bolsas a virarem para o negativo ainda ontem.
A grande preocupação é de que o ciclo de aperto monetário do Fed prejudique a economia americana e, consequentemente, a economia global. Na última semana, a autoridade monetária dos EUA elevou a taxa de juros em 0,75 ponto percentual (p.p.), maior aumento em quatro décadas.
Desempenho dos indicadores às 7h (de Brasília):
Uma recessão implica em redução da atividade econômica e queda do consumo dos produtos que mantém a economia em funcionamento. Um deles é o petróleo. O preço do barril da commodity vem enfrentando consecutivos dias de perdas desde que a elevação de juros foi anunciada nos EUA. Nesta quinta-feira, o petróleo Brent cai 2% é negociado em torno da marca de US$ 109 por barril, em seu menor nível em um mês.
No cenário local, investidores monitoram de perto a crise em torno dos preços dos combustíveis e como a medida pode impactar as contas públicas e a Petrobras (PETR3/PETR4).
Para conter a escalada de preços em ano eleitoral, o governo discute um auxílio para caminhoneiros entre R$ 600 a R$ 1.000 por mês após a proposta inicial de R$ 400 mensais ter desagradado os representantes da categoria. A medida pode ser regulamentada via decreto de estado de emergência, única forma de driblar as restrições impostas pela lei eleitoral, que impede a criação e a ampliação de programas sociais em ano de eleição. O aumento de gastos pressiona o cenário fiscal brasileiro e pode impactar os mercados.
Em relação à Petrobras, a ameaça de instalação de uma CPI ficou travada no Congresso, ainda sem conseguir as assinaturas necessárias para início da investigação. Defendida por Jair Bolsonaro, a CPI investigaria a política de preços da estatal, condenada pelo governo.
Vale lembrar que a União é o maior acionista da Petrobras e que os preços já vêm sendo represados. Cálculos do analista Pedro Soares, do BTG Pactual (do mercado grupo de controle da Exame), mostram que a companhia perde R$ 7,5 bilhões de Ebitda a cada US$ 15 dólares de defasagem de preços.
No mercado corporativo, a CVC (CVCB3) e a Eneva (ENEV3) precificam hoje suas ofertas subsequentes de ações (follow-on).
No caso da CVC (CVCB3), serão emitidas 46,5 milhões de ações ordinárias – e a oferta ainda pode aumentar em 25% dependendo da demanda. A companhia espera utilizar os recursos arrecadados principalmente para pagamento de dívidas emitidas por meio de debêntures e para o reforço do capital de giro para "desenvolvimento da estratégia de crescimento".
Já a Eneva (ENEV3) irá emitir 300 milhões de ações. O principal objetivo com a operação é utilizar os recursos levantados para financiar a aquisição das Centrais Elétricas do Sergipe (CELSEPAR) e das Centrais Elétricas Barra dos Coqueiros (CEBARRA).
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