Mercados

Marfrig dribla incertezas do mercado depois de compra nos EUA e ações sobem

Aquisição da Keystone por 1,3 bilhão de dólares levantou dúvidas sobre endividamento da empresa

Empresa adquirida tem 90% das vendas atreladas ao Mc Donald's (.)

Empresa adquirida tem 90% das vendas atreladas ao Mc Donald's (.)

DR

Da Redação

Publicado em 21 de junho de 2010 às 17h31.

São Paulo - O mercado chiou e as agências de classificação de rating até ameaçaram reduzir a nota de crédito da dívida da Marfrig (MRFG3), mas a empresa parece ter convencido os investidores de que a aquisição da Keystone Foods por 1,3 bilhão de dólares foi sim um bom negócio. O anúncio da compra levantou dúvidas sobre o perfil do endividamento da empresa, além da capacidade de gerenciamento de mais uma aquisição.

As três maiores agências de rating do mundo, Standard & Poor’s, Moody’s e Fitch, colocaram a nota da dívida da empresa em revisão para um possível rebaixamento. "O ritmo de aquisições testará a capacidade da administração de operar e integrar de maneira eficiente várias empresas com atividades diferentes e ainda apresentar índices compatíveis com a categoria de rating B1 e mais em linha com seus pares", afirmaram os analistas da Moody’s Ricardo Kovacs e Brian Oak, em nota publicada na semana passada.

A falta de detalhes sobre a saúde financeira da Keystone também impediu uma análise mais profunda. Um fato bastante lembrado pelos analistas é o alto comprometimento da receita da companhia com o Mc Donald’s, que chega a 90% das vendas da americana. A Marfrig já é fornecedora exclusiva do McDonald's no Brasil.

Outro ponto questionado é a emissão de dívida conversível em ações, o que ampliaria a base acionária da empresa, diluindo o potencial de dividendos a receber dos atuais acionistas. Para pagar a aquisição, a Marfrig irá emitir 2,5 bilhões de reais através de uma subscrição privada de debêntures conversíveis com prazo de 5 anos, com preço de conversão de 21,50 reais.  A empresa estima concluir a transação no segundo semestre de 2010.

Mas o mercado financeiro parece não ter dado tanta bola assim para os avisos das agências de rating. As ações ordinárias da companhia já recuperaram as perdas posteriores ao anúncio de compra da Keystone e encerraram a sessão desta segunda-feira (21) com valorização de 3,19%, negociadas a 17,13 reais.

No mercado de renda fixa, os títulos da Marfrig também têm tido boa performance. De acordo com dados da Bloomberg, as taxas dos títulos da empresa com vencimento em 2020 caíram 25 pontos-base. O recuo sinaliza uma maior demanda pelos papéis, o que eleva o preço dos títulos e reduz o percentual a ser recebido por cada título.

Confiante no sucesso da nova empreitada do frigorífico, a analista da Itaú Corretora, Juliana Rozenbaum elevou o preço-justo das ações da empresa de 26 reais para 27,2 reais.  "As sinergias são grandes, assim como a possibilidade de usar a capacidade de distribuição da Keystone para as exportações da Marfrig em alguns mercados", revela relatório publicado nesta segunda-feira.

Os ganhos com a associação são estimados em 100 milhões de dólares por ano. "Todas as empresas que compramos foram sucesso de sinergia", garantiu o presidente do grupo Marfrig, Marcos Antônio Molina dos Santos, durante teleconferência sobre a aquisição.

Acompanhe tudo sobre:AçõesAgronegócioAgropecuáriaAlimentos processadosCarnes e derivadosEmpresasEmpresas brasileirasMarfrig

Mais de Mercados

"Melhor oportunidade em dez anos": as apostas de André Lion, da Ibiúna, diante de uma bolsa em queda

‘Descolado’ e bom demais para ignorar: BB começa a cobrir Nubank com recomendação de compra

Investimentos em energia terão que dobrar até o fim da próxima década, projeta BlackRock

“Nova revolução”: como os maiores bancos do Brasil estão se preparando para lidar com a IA

Mais na Exame