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Mantega assegura real desvalorizado e impulsiona dólar a R$ 2,03

No balcão, o dólar à vista encerrou a R$ 2,0310, com alta de 0,79%, no maior nível desde 28 de junho

O ministro da Fazenda, Guido Mantega: pelo segundo dia consecutivo, o dólar sobe ante o real amparado por declarações oficiais (Ueslei Marcelino/Reuters)

O ministro da Fazenda, Guido Mantega: pelo segundo dia consecutivo, o dólar sobe ante o real amparado por declarações oficiais (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 4 de julho de 2012 às 17h09.

São Paulo - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, deu impulso ao dólar nesta quarta-feira, dia de volume reduzido de negócios, em virtude do feriado da Independência nos Estados Unidos. Mantega reforçou a mensagem de que o governo quer o real em um nível que favoreça a competitividade da indústria brasileira e, ao assegurar que a moeda brasileira continuará desvalorizada, provocou reação instantânea no mercado de moedas, empurrando o dólar para as máximas do dia.

No balcão, o dólar à vista encerrou a R$ 2,0310, com alta de 0,79%, no maior nível desde 28 de junho. Na mínima, a moeda foi a R$ 2,0110 e chegou a R$ 2,0360, na máxima do dia. Na BM&F, a moeda spot fechou em R$ 2,0340 (dado preliminar), com alta de 1,60%, na máxima desta quarta-feira. Em grande parte do dia, o volume foi magro, mas ganhou fôlego na segunda parte da sessão, sendo que o giro financeiro total somava US$ 1,113 bilhão (US$ 1,086 bilhão em D+2) perto das 16h30. Há pouco, o dólar para agosto de 2012 estava em R$ 2,040, com avanço de 0,72%.

Pelo segundo dia consecutivo, o dólar sobe ante o real amparado por declarações oficiais. Na terça-feira, com Aldo Mendes, do BC, e agora com Mantega. Um dia depois de conhecido o recuo da produção industrial em maio, o ministro da Fazenda assegurou que o real vai continuar desvalorizado, beneficiando a produção brasileira. Mais cedo, o ministro já havia dito que uma política cambial mais ativa faz o real mais competitivo para a indústria. A nova taxa de câmbio, citou ele, reduz o custo Brasil porque reduz os custos em dólares.


Um analista de um banco internacional citou que a indústria brasileira tem sido abatida por custos elevados, demanda consumidora branda no exterior e aqui e questões de competitividade relacionadas a um real ainda valorizado. A percepção é de que a moeda deve se segurar em torno do que é considerado piso informal de R$ 2,00 à frente, principalmente pela disposição do governo em manter o real depreciado diante da preocupação de que o ambiente externo frágil deprima as exportações domésticas.

No exterior, o Dia da Independência nos EUA também retirou liquidez dos mercados europeus e contribuiu para que o euro fosse às mínimas ante o dólar e outras divisas globais, com a expectativa dos investidores em relação à reunião do Banco Central Europeu (BCE), na quinta-feira. O dólar australiano alcançou o maior nível em dois meses ante o dólar norte-americano, diante de dados favoráveis no varejo local em maio. A rupia recuperou parte das perdas do início do dia, depois de comentários de que o governo indiano planeja reduzir as restrições ao investimento estrangeiro em títulos do governo.

Entre os dados divulgados nesta quarta-feira por aqui, o BC informou que o fluxo cambial ficou positivo em US$ 318 milhões em junho, sendo que o fluxo financeiro foi positivo em US$ 1,280 bilhão e o comercial, negativo em US$ 962 milhões no mesmo período. No primeiro semestre do ano, o fluxo cambial ficou positivo em US$ 22,944 bilhões, ou 42% menor que o nível registrado no mesmo período em 2011.

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