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Magazine Luiza é quarta varejista a abrir capital este ano

A oferta de ações pode chegar a R$ 1,43 bilhão; a rede pretende vender até 67,9 milhões de ações

Loja Magazine Luiza: o preço dos papéis deve ser anunciado hoje (Antonio Milena/EXAME)

Loja Magazine Luiza: o preço dos papéis deve ser anunciado hoje (Antonio Milena/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 17 de agosto de 2011 às 10h29.

Nova York - O Magazine Luiza SA torna-se hoje a quarta empresa de consumo do País a abrir o capital neste ano, com uma oferta de ações que pode chegar a R$ 1,43 bilhão. 

A rede varejista com sede em Franca, no interior de São Paulo, pretende vender até 67,9 milhões de ações a entre R$ 16 e R$ 21 cada, segundo prospecto publicado no jornal Valor Econômico no dia 17 de abril. O preço dos papéis deve ser anunciado hoje depois do fechamento do mercado. Eles começam a ser negociados no dia 2 de maio. 

Seis empresas abriram capital no País neste ano, captando um total de cerca de R$ 3,64 bilhões, 47 por cento mais do que no mesmo período de 2010. Empresas do setor de consumo têm sido beneficiadas pelo crescimento de pelo menos 8 por cento ao mês nas vendas de varejo, o que tem ocorrido nos últimos 17 meses. 

“As empresas do setor de varejo se beneficiaram não só da expansão do crédito, mas de uma propensão maior a consumir do brasileiro”, disse João Pedro Brugger, que ajuda a administrar R$ 70 milhões na Leme Investimentos em Florianópolis. “Acaba uma coisa levando a outra, um setor que realmente se destacou em termos de aberturas de capital, em termos de número de empresas”, disse ele, em entrevista por telefone. 

O Magazine Luiza tem 611 lojas e pretende usar parte do dinheiro da oferta de ações para abrir novas unidades, segundo o prospecto. A rede foi fundada em Franca em 1957, por Luiza Trajano e Pelegrino José Donato. Luiza Helena Trajano, sobrinha deles, assumiu a administração da empresa em 1991 e é a presidente da empresa. 

Campanha de marketing

O Magazine Luiza chega ao mercado acionário em meio aos sinais de que o crescimento do consumo pode perder força. O volume de crédito no País teve em março a segunda menor expansão em 13 meses, segundo relatório do Banco Central divulgado ontem. A desaceleração veio depois que o governo intensificou as iniciativas para frear a demanda e a inflação por meio de restrições ao crédito.
O Magazine Luiza divulgou a venda de ações para investidores individuais em anúncios em jornais e na TV, estrelados pela presidente da empresa. A estratégia foi adotada em um momento em que o crescimento recorde da economia e do emprego cria uma nova classe de acionistas em potencial. 

“A ideia, além de atrair grandes investidores interessados no Brasil, é atingir uma camada da população que está começando a investir em ações. É justamente o público-alvo da empresa”, disse Jean-Marc Etlin, vice-presidente de investment banking no Banco Itaú BBA SA, em entrevista em São Paulo no dia 19 de abril. O Itaú está coordenando a operação, junto com BTG Pactual Sa, BB Investimentos, Barclays Capital e Banco Santander SA.


Anúncios

Nos anúncios, Trajano, 61 anos, convida os clientes do Magazine Luiza a se tornarem sócios, com o slogan: “em cada ação, muitos valores”.

“A Luiza queria dar uma cara bem pessoal à campanha do IPO”, disse Etlin. “Foi ideia dela aparecer nos anúncios.”

Durante os oito anos de governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, 21 milhões de brasileiros saíram da pobreza e o desemprego caiu para uma mínima histórica de 5,7 por cento em novembro. A maior economia da América Latina cresceu 7,5 por cento em 2010, o ritmo mais forte em mais de duas décadas, e deve crescer 4,5 por cento em 2011, disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em 26 de abril. 

A presidente Dilma Rousseff, que assumiu o cargo em janeiro, disse que erradicar a miséria no País será o principal objetivo de seu governo. O desemprego em março subiu menos do que o esperado, para 6,5 por cento. Foi a menor taxa já registrada para o mês, indicando que a economia continua aquecida. 

Das empresas que emitiram ações no mercado brasileiro neste ano, apenas a T4F Entretenimento SA acumula queda, com baixa de 8,3 por cento em relação ao seu preço de oferta, de R$ 16, em 11 de abril. A fabricante de calçados Arezzo Indústria & Comércio SA foi a que mais ganhou, com uma alta de 28 por cento desde sua estreia na bolsa, a R$ 19.

Tendência de IPOs de consumo

A tendência de empresas de consumo e varejo liderando as aberturas no Brasil deve continuar, disse Edemir Pinto, presidente da BM&FBovespa SA, a jornalistas em São Paulo nesta semana.

“Esse é um setor que está atraindo muito interesse de investidores de fora do Brasil”, disse Etlin, do Itaú.

O Magazine Luiza também pretende usar o dinheiro da venda de ações para adquirir empresas do setor de eletrônicos e varejo e para melhorar sua posição de fluxo de caixa, segundo o prospecto. A companhia e seus sócios não quiseram fazer comentários sobre a oferta, em função do chamado período de silêncio, segundo a assessoria de imprensa externa da empresa, com sede Ribeirão Preto. 

Will Landers, que administra o Latin America Fund, de US$ 1,06 bilhão na BlackRock Inc., disse em entrevista em 13 de abril que o preço das aberturas de capital no Brasil está muito alto e que as companhias que querem vender ações deveriam baixar o preço para ficar mais atraentes.

Brugger disse que a Leme Investimentos não vai comprar ações do Magazine Luiza por considerar a faixa de preços definida para a abertura de capital muito alta quando comparada às de seus pares. 

Pelo menos quatro empresas brasileiras tiveram os preços de suas ações na abertura de capital fixados no valor mínimo ou abaixo da faixa estabelecida, segundo dados da Bloomberg.

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