Magalu: 5 análises sobre a ação após lucro da varejista saltar 740%
Forte resultado da empresa foi impulsionado por vendas do e-commerce; ações não acompanham
Beatriz Quesada
Publicado em 14 de maio de 2021 às 17h42.
Última atualização em 14 de maio de 2021 às 19h14.
Os resultados expressivos da varejista Magazine Luiza (MGLU3) voltaram a surpreender. No primeiro trimestre de 2021, o lucro líquido da empresa cresceu 739,7% para 258,6 milhões de reais – montante quase nove vezes superior aos 30,8 milhões de reais apurados no mesmo período do ano passado. Já o lucro líquido ajustado, que não considera despesas e receitas não recorrentes, foi de 81,5 milhões de reais. O montante é 57,3% maior do que os 51,8 milhões de reais esperados pelo consenso de mercado da Bloomberg.
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O bom desempenho do setor de e-commerce, que avançou 114% nos três primeiros meses do ano em relação a 2020, foi o ponto alto do resultado. As vendas totais da varejista no período cresceram 63%, atingindo 12,5 bilhões de reais, sendo que 70% delas vieram do ambiente digital. Foi o percentual mais alto da história para o segmento até hoje.
Na bolsa, porém, as cifras não foram suficientes para fazer as ações do Magalu dispararem de imediato. Os papéis da varejista encerraram o pregão desta sexta-feira, 13, em leve alta de 0,10%, após saltarem 2,90% na véspera, antes da divulgação do balanço. No ano, porém, as ações ainda acumulam queda de 22,73%.
“A ação é boa e o resultado foi muito bom, mas o cenário não está favorecendo. O desempenho dos papéis no ano sofre com a pela expectativa geral do e-commerce no Brasil, somado à pressão de alta inflação e de elevação da curva de juros nos EUA, que acabam impactando de forma bem negativa as empresas de ‘tecnologia’ como o Magazine Luiza”, afirma Luis Fernando Mollo, analista da Exame Invest Pro.
Mollo acrescenta que o setor de varejo digital deve passar por um desafio maior nos resultados do segundo trimestre. “Em abril e maio do ano passado, todos os brasileiros estavam em casa, por isso a base de comparação para 2021 será muito alta. Vai ser difícil manter o crescimento que a companhia vem apresentando”, argumenta.
É consenso entre analistas, no entanto, que a tese da companhia é sólida e que a ação ainda tem espaço para avançar, sendo um bom investimento de longo prazo. A Exame Invest reuniu cinco dessas análises.
BTG Pactual
Recomendação: compra
Preço-alvo: 23 reais
Potencial de valorização (upside): 20,54%
Em relatório, o BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME ) reforçou o bom resultado do e-commerce e sua crença no modelo de negócios do Magazine Luiza. “Apesar da desaceleração no e-commerce do Brasil em 2021, a empresa deve continuar superando o mercado de ambos segmentos, on-line e off-line”. A análise do BTG Pactual argumenta que o e-commerce deverá continuar crescendo a um bom ritmo , com expectativa de triplicar até 2025, aumentando a penetração sobre o total de vendas no varejo. “Como em mercados mais maduros, existe uma tendência de consolidação pela frente, [em que haverão] poucos vencedores”.
Credit Suisse
Recomendação: neutra
Preço-alvo: 24.97
Potencial de valorização (upside): 30,87%
Para o Credit Suisse, as ações de e-commerce perderam brilho conforme as carteiras giraram na direção das commodities e outras empresas de valor. Ainda assim, os desafios já parecem estar precificados na visão dos analistas do banco.
“Os fundamentos de longo prazo (ou seja, aumentar a penetração das vendas online) permanecem intactos, o que nos faz acreditar que os níveis atuais podem ser um ponto de entrada interessante para os investidores de longo prazo. Nesse sentido, o Magazine Luiza é um bom veículo para surfar essa tendência”, afirmam em relatório.
Ativa Investimentos
Recomendação: neutra
Preço-alvo: 26 reais
Potencial de valorização (upside): 36,26%
Como pontos positivos do balanço do Magalu, a Ativa Investimentos destacou a força do e-commerce, o bom resultado do Ebtida (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) e a expansão da companhia. “Através de um crescimento orgânico e inorgânico, o Magazine Luiza começa a entrar nos mercados de supermercado (aquisição da VipCommerce), delivery de restaurantes (aquisição da AiQFome), mercado de beleza (Época Cosméticos) e varejo esportivo (Netshoes). Essa dinâmica é bem vista por nós, tendo em vista que é a maneira da companhia conseguir capturar a penetração do online nesses diversos setores nos próximos anos”, diz o relatório.
Entre os pontos negativos, estão o maior impacto do fechamento de lojas neste trimestre em comparação ao anterior, bem como a redução da margem bruta, causada pela maior participação do segmento digital nas vendas totais.
Goldman Sachs
Recomendação: compra
Preço-alvo: 27 reais
Potencial de valorização (upside): 41,5%
O Goldman Sachs, por outro lado, considerou que a margem bruta caiu menos do que o esperado e foi outro a realçar os fortes resultados do segmento de e-commerce. Para 2021, o banco também deve ficar atento ao compromisso da gestão com a logística de entregas e ao crescimento do Luizacred, cartão de crédito da marca. “O portfólio do Luizacred aumentou 7% no primeiro trimestre de 2021 na compração anual, enquanto a base de cartões cresceu 4% no mesmo período. O MagaluPay atingiu 2,9 milhões de contas abertas”, destaca o banco, em relatório.
BofA
Recomendação: compra
Preço-alvo: 30 reais
Potencial de valorização (upside): 57,23%
O Bank of America aponta outros fatores que podem gerar valor para MGLU3. “A ênfase contínua da empresa em consumíveis [bens não duráveis], simultânea a melhorias em logística, remessas, integração de lojas e funcionalidade de vendas cruzadas, também devem ajudar a sustentar o crescimento acima do mercado, assim como movimentos para integrar vendedores de mercado e supermercados locais por meio do VipCommerce”, diz o relatório.
O BofA também afirma que o mercado subestimou a recente aquisição do Jovem Nerd pelo Magalu. “O site está excepcionalmente bem posicionado como um portal de comunicação cujo público envolve dezenas de milhares de desenvolvedores de software brasileiros, o que pode ajudar a recrutar talentos sob demanda”.
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