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Kawall: fluxo positivo deve limitar desvalorização do real

Segundo o economista-chefe do Banco J. Safra SA, o investimento direto dobrou em 2011 sobre o mesmo período do ano passado

Copom: de acordo com o economista, isoladamente a queda da Selic seria insuficiente para desvalorizar o real (Agência Brasil)

Copom: de acordo com o economista, isoladamente a queda da Selic seria insuficiente para desvalorizar o real (Agência Brasil)

DR

Da Redação

Publicado em 16 de setembro de 2011 às 13h03.

São Paulo - O Brasil deve continuar com fluxo positivo de capitais, o que limita o espaço de valorização do dólar diante do real, disse Carlos Kawall, economista-chefe do Banco J. Safra SA.

“Este ano o investimento direto dobrou sobre o mesmo período do ano passado”, disse o economista em entrevista por telefone de São Paulo. “Não só o fluxo está maior, como também aumentou o peso dos capitais de longo prazo”.

Para Kawall, a queda dos juros pelo Comitê de Política Monetária em 31 de agosto contribuiu para a alta do dólar neste mês, juntamente com a aversão externa ao risco e as medidas anunciadas pelo governo para conter a apreciação do real.

Segundo o economista, isoladamente a queda da Selic seria insuficiente para desvalorizar o real.

“Houve uma preocupação que o Brasil estivesse iniciando uma política monetária como a da Turquia, onde a moeda se desvalorizou muito. Lá o juro real é zero e o déficit em conta corrente é de 9 por cento do PIB”.

Kawall disse que a situação é diferente no Brasil, tanto em relação ao nível dos juros reais quanto em termos de balanço de pagamentos. “Nossa conta de capital é impressionante, com o fluxo muito forte”.

Os investimentos diretos este ano dobraram em relação ao ano passado favorecidos pela perspectiva de crescimento do País, disse Kawall.

“Com a queda dos juros sendo acompanhada por uma melhora fiscal, o Brasil fica ainda mais atraente para o investimento de longo prazo”.

O economista do J. Safra disse também que a preocupação com a alta dos preços deve desencorajar o governo a permitir uma alta mais expressiva do dólar.

“Minha leitura é que não interessa ao governo um câmbio muito apreciado, mas também não é do interesse um dólar subindo velozmente. Ainda temos preocupação no campo da inflação”.

O fato de o Banco Central não ter comprado dólar nos dois últimos dias “foi um sinal” de que não interessa uma alta mais forte da moeda americana, disse Kawall.

O dólar caiu ontem depois de nove altas consecutivas. A moeda fechou a R$ 1,7069, em queda de 0,4 por cento.

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