Juros sobem, mas Caged abaixo do previsto suaviza alta
Ao término da negociação normal na BM&F, a taxa projetada pelo DI janeiro de 2013, com apenas 47.865 contratos, estava em 7,08%, nivelado ao ajuste
Da Redação
Publicado em 17 de outubro de 2012 às 16h56.
São Paulo - A criação de empregos abaixo da mediana encontrada pelo AE Projeções e no menor patamar para setembro desde 2001, divulgada no meio da tarde festa quarta-feira pelo Ministério do Trabalho, amenizou por algum momento a alta registrada pelas taxas futuras de juros intermediárias e longas desde o começo do dia, que estavam nas máximas perto do anúncio. Mas o viés positivo prevaleceu, sobretudo por conta da melhora do ambiente externo, com um dado positivo sobre o mercado imobiliário dos EUA, e da elevada inflação no varejo no Brasil. Enquanto isso, as taxas mais curtas seguem estacionadas perto do ajuste, à espera da ata que explicará a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de cortar a Selic em 0,25 ponto porcentual, para 7,25% ao ano.
Assim, ao término da negociação normal na BM&F, a taxa projetada pelo DI janeiro de 2013, com apenas 47.865 contratos, estava em 7,08%, nivelado ao ajuste. A taxa do contrato de juro futuro para janeiro de 2014 (222.600 contratos) marcava 7,43%, ante 7,39% na véspera. Entre os longos, o DI janeiro de 2017 (93.795 contratos) indicava 8,74%, de 8,67% ontem. O DI janeiro de 2021, com giro de 6.755 contratos, apontava 9,42%, ante 9,36% no ajuste.
"Analisando como tendência, as taxas vêm em trajetória de queda desde meados de setembro. Então, é natural que ocorra uma realização de lucros em um momento ou outro, ainda mais após a forte baixa de ontem. Acho que o dado sobre o mercado imobiliário dos EUA ajudou a desencadear esse movimento", afirmou o estrategista-chefe do Banco WestLB do Brasil, Luciano Rostagno.
O indicador a que se refere Rostagno foi o de construções de moradias iniciadas nos EUA, que cresceram 15,0% em setembro, na comparação com agosto - o nível mais alto em mais de quatro anos, informou o Departamento do Comércio. Os analistas esperavam avanço de apenas 2,4%.
No âmbito doméstico, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que mede a inflação da cidade de São Paulo, registrou alta de 0,77% na segunda quadrissemana de outubro, ante 0,68% na primeira prévia do mês e no teto das estimativas. O IGP-10 de outubro, por sua vez, desacelerou para 0,42%, de 1,05% em setembro, e ficou no piso esperado pelos analistas. Houve arrefecimento dos produtos agrícolas no atacado, mas o choque de oferta destes itens ainda repercute no componente da inflação do varejo (IPC-10), que subiu de 0,42% para 0,57% e captou uma aceleração dos alimentos, de 1,09% em setembro para 1,13% em outubro.
Além disso, o diretor do Standard Bank, Andrei Gonçalves, disse que notícias envolvendo a pressão da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) para renovar a concessão de três hidrelétricas, com base nas regras anteriores que embutem manutenção das tarifas de energia vigentes, ajudaram no movimento de alta dos juros nesta quarta-feira.
Mas o resultado do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgado a tarde fez contraponto aos fatores que pressionaram as taxas. O saldo líquido de empregos formais gerados em setembro foi de 150.334 e ficou abaixo da mediana encontrada pelo AE Projeções, de 167.500 postos.