Júnior, ex-Qualicorp: quem é o empresário que comprou a Amil?
Empresário volta ao mercado em que fez fortuna em transação de R$ 11 bilhões com o UHG
Repórter de Invest
Publicado em 26 de dezembro de 2023 às 12h33.
Última atualização em 26 de dezembro de 2023 às 12h34.
No último dia útil antes do Natal, uma notícia sacudiu os mercados: a esperada venda da Amil saiu do papel. José Seripieri Júnior, fundador da Qualicorp, fechou negócio com o United Health Group (UHG) por R$ 11 bilhões – R$ 2 bilhões em equity, mais a assunção de dívidas na casa dos R$ 9 bilhões.
Com uma carteira de mais de 5 milhões de beneficiários entre planos de saúde e dentais e mais de 31 hospitais e 28 clínicas médicas, o Bank of America (BofA) estima que os ativos valem ao todo R$ 10 bilhões e R$ 15 bilhões.
Júnior superou as propostas Nelson Tanure, controlador da Alliança, de medicina diagnóstica, e da firma de private equity Bain Capital, conhecida pelo investimento na NotreDame Intermédica. O negócio, agora, segue para aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Quem é o empresário que comprou a Amil
Conhecido como Júnior, José Seripieri começou a carreira como escrivão da Polícia Civil em São Paulo e, já no campo da saúde, vendeu planos de saúde da Golden Cross.
Em 1997, fundou a Qualicorp, seu negócio de maior sucesso. A empresa foi pioneira na estruturação dos planos de saúde coletivos por adesão no Brasil, vertente que ainda hoje segue entre as principais da companhia.
O empresário deixou a Qualicorp em 2020 e fundou a startup QSaúde, operadora de planos de saúde. Em março deste ano, a carteira de clientes da QSaúde foi vendida para a healthtech Alice. A compra da Amil anunciada na última semana marca o retorno de Júnior ao mercado em que fez fortuna.
Júnior é conhecido também por ser um dos empresários mais próximos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em novembro do ano passado, Lula foi à COP 27, no Egito, no jato privado de Júnior.
Compra da Amil
Como adiantado pelo Exame IN, os últimos dias foram marcados por negociações intensas, com diversas trocas de propostas entre os interessados.
Nelson Tanure, controlador da Alliança, de medicina diagnóstica, e a firma de private equity Bain Capital, estavam entre as propostas contempladas pelo conselho de administração da UHG.No caso da Bain, a assunção dos passivos foi um dos pontos que fizeram a proposta não avançar.
A venda encerra uma experiência malsucedida para a UHG no Brasil. O grupo americano, que fatura mais de US$ 210 bilhões globalmente, pagou US$ 4,9 bilhões pela Amil em 2012 (ou cerca de R$ 10 bilhões ao câmbio da época), no que foi considerada a grande tacada do fundador Edson Bueno, também fundador da Dasa. Sua família ficou com pouco mais de 1% das ações da UHG.
A UHG foi assessorada pelo BTG Pactual e pelo Lefosse Advogados.
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