Conversão de debêntures deve aumentar quantidade de ações em 17% e diluir atuais acionistas. (JOHN BLAKE)
Da Redação
Publicado em 27 de dezembro de 2010 às 20h10.
A JBS SA, maior produtora mundial de carne bovina, teve a maior queda em um mês após anunciar o plano de renegociar os termos de uma oferta de debêntures conversíveis com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, que aumentou o receio de diluição entre os acionistas.
As ações da JBS negociadas na BM&FBovespa fecharam em baixa de 3,7 por cento, a R$ 7,29, a maior queda desde 16 de novembro e a maior do Ibovespa hoje.
A companhia está em negociações para vender R$ 4 bilhões em debêntures de cupom 8,5 por cento, sendo que a totalidade deve ser convertida em ações em cinco anos pelo BNDES. Os papéis devem substituir debêntures já emitidas e eliminar a necessidade de uma oferta inicial de ações da unidade da JBS nos Estados Unidos, segundo um comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários ontem à noite. O acerto aumenta a probabilidade de ocorrer uma diluição dos atuais acionistas após a conversão das debêntures em ações, de acordo com a Link Investimentos SA.
“Antes, a diluição era uma possibilidade”, disse Rafael Cintra, analista da Link Investimentos que classifica as ações como “outperform”, em entrevista por telefone de São Paulo. “Agora, é praticamente certa.”
A conversão das debêntures em ações deve aumentar a quantidade de ações em 17 por cento, escreveu a analista da Raymond James & Associates Inc., Daniela Bretthauer, em relatório hoje.
A JBS, sob o comando do presidente Joesley Mendonça Batista, controla mais de 10 por cento do mercado mundial de processamento de carne bovina, depois de aquisições como a Swift & Co., em 2007, e duas unidades da Smithfield Foods Inc. em 2008.
Negociações
A JBS disse que está “em estágio avançado de negociação” com o BNDES em torno da venda das debêntures. A empresa também disse que pagou R$ 521,9 milhões ao banco de fomento para estender a oferta pública inicial da unidade norte-americana até dezembro de 2011, segundo o comunicado.
As debêntures vendidas originalmente para o BNDES deveriam ser convertidas em recibos de ações da unidade norte-americana negociados no Brasil, os chamados Brazilian depositary receipts, ou BDR, caso esta abrisse seu capital até o fim deste ano. Se a oferta de ação não ocorresse, os bônus seriam trocados por ações da controladora, a brasileira JBS SA, até o fim do mês que vem.
A empresa prorrogou duas vezes este ano a abertura de capital da unidade americana, citando condições de mercado.
A JBS tenta estender o vencimento da sua dívida com o BNDES para expandir a rede de distribuição, depois de comprar o controle da Pilgrim’s Pride Corp., com sede no Colorado, e o frigorífico brasileiro Bertin SA.
A empresa americana Sara Lee Corp. rejeitou recentemente uma oferta de compra feita pela JBS por considerar o preço muito baixo, disseram duas pessoas próximas às negociações, que pediram anonimato porque as conversas são privadas.