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IPCA mais fraco reacende esperança por BC mais agressivo em queda da Selic?

Dados da inflação de agosto saíram abaixo das expectativas do mercado; IPCA de 12 meses ficou em 4,61%

Roberto Campos Neto, presidente do BC (Tuane Fernandes/Bloomberg/Getty Images)

Roberto Campos Neto, presidente do BC (Tuane Fernandes/Bloomberg/Getty Images)

Guilherme Guilherme
Guilherme Guilherme

Repórter de Invest

Publicado em 12 de setembro de 2023 às 12h57.

Última atualização em 12 de setembro de 2023 às 13h20.

O Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA) de agosto adicionou uma gota de esperança de o Banco Central acelerar o ritmo de corte de juros. Divulgado nesta terça-feira, 12, o IPCA ficou em 0,23% ante consenso de 0,28% de alta. O indicador subiu de 3,99% para 4,61% no acumulado de 12 meses, devido ao efeito base de comparação, mas saiu levemente abaixo do projetado, que era 4,67%.

Para parte do mercado, os números de hoje corroboram para o aumento da discussão sobre a possibilidade de o Banco Central elevar o ritmo de corte da Selic para 0,75 ponto percentual (p.p.). Na última ata, o Comitê de Política Monetária (Copom) disse haver unanimidade entre seus membros para cortes de 0,50 p.p. nas próximas reuniões. O Copom deu início ao ciclo de queda de juros em agosto, com um primeiro corte de 0,50 p.p., reduzindo a Selic de 13,75% para 13,25%.

O BC deve acelerar ritmo de corte de juros?

"Todo mundo já esperava uma aceleração da inflação de 12 meses devido ao efeito-base do ano passado. Mas, dado o fato de ter sido abaixo do esperado, volta a tese de uma queda de 0,75 p.p., que já estava começando a ser abandonada. O IPCA dá uma sobrevida a essa possibilidade", disse Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.

Mas ainda que veja um corte agressivo como mais provável que ante do IPCA de agosto, Spiess ainda considera esta uma possibilidade ainda remota. "A inflação de serviços desacelerou, mas não tanto quanto se previa. Foi um dado mais poluído. O ambiente também segue incerto, com as recentes altas do dólar e do petróleo", comentou.

A possibilidade de o Copom acelerar o ritmo dos cortes foi abordada nas últimas declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, Mas segundo ele, para isso acontecer, seriam necessárias grandes surpresas do lado dos dados. A barra, chegou a afirmar, é alta.

Cenário mais provável ainda é o de cortes de 0,50 p.p.

Ainda que o IPCA de agosto tenha adicionado alguma esperança de cortes mais agressivos ainda neste ano, para a maior parte do mercado, o dado abaixo do esperado ainda é pouco para fazer o Banco Central alterar seu plano de voo.

"É pouco provável que as surpresas descendentes se repitam. Olhando para o futuro, acreditamos que a maior parte das boas notícias em relação à inflação já chegou ao fim", disse em nota David Becker, head de economia brasileira do Bank of America. Segundo ele, a recente depreciação do real e alta do petróleo aumentaram os riscos para a tendência da inflação brasileira. "Mantemos nossa projeção de cortes de 0,50 p.p. para as  próximas reuniões do Copom."

Para Alberto Ramos, economista-chefe do Goldman Sachs, apesar do IPCA abaixo do esperado para agosto, alguns fatores limitam a possibilidade de uma aceleração no ritmo de corte de juros. Entre os fatores estariam a resiliência da atividade brasileira, queda de desemprego,  política fiscal expansionista e núcleos de inflação elevados e inflação de médio prazo desancorada. "Além disso, o equilíbrio do risco de inflação dos alimentos e dos combustíveis está agora claramente inclinado para cima", afirmou em relatório.

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