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Investidor questiona espaço para nova queda nos DIs e avalia dólar fraco

Alguns contratos de DI já indicam chances de Selic entre 5,50% e 5,75% em meados de 2020, bem abaixo atual, de 6,50%

Dólar: investidores avaliam que moeda americana pode chegar ao patamar de 3,50 reais após aprovação da reforma da Previdência (Thomas Trutschel/Getty Images)
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Reuters

Publicado em 14 de junho de 2019 às 16h27.

Última atualização em 14 de junho de 2019 às 16h32.

São Paulo—As fortes e persistentes quedas nas taxas de juros futuros da B3 já duram quase um mês, e analistas começam a questionar o espaço para melhora significativa adicional no mercado de renda fixa no curto prazo, enquanto avaliam que o dólar pode surpreender com baixas adicionais.

A R$ 3,85, a moeda norte-americana cai cerca de 6% desde 20 de maio, quando superou 4,10 reais. A cotação deixou para trás suas médias móveis de 50, 100 e 200 dias, importantes linhas técnicas. E os DIs têm engatado séries recordes de quedas, com taxas renovando seguidamente mínimas históricas.

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Analistas não questionam o fundamento da melhora do mercado, que tem respondido à percepção de que a reforma previdenciária será aprovada por ter entrado na lista de prioridades da classe política, a despeito de eventuais rusgas entre Poderes.

 

Novas notícias positivas vieram na quinta (13), quando o relator da PEC em comissão especial da Câmara, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), divulgou parecer com previsão de economia fiscal total em torno de 1,13 trilhão de reais ao longo de dez anos.

Ainda assim, chama atenção a velocidade dos movimentos, especialmente no mercado de juros.

"Não coloco em dúvida o bom momento, mas a história traz exemplos de que quando o mercado se mostra muito otimista a queda é mais forte", disse Rodrigo Franchini, responsável pela área de produtos da Monte Bravo.

O episódio que vem à mente é o de maio de 2017. Naquele momento, as discussões sobre a reforma da Previdência se mostravam encaminhadas, mas desmoronaram após a divulgação, por executivos da JBS, de áudios envolvendo o ex-presidente da República Michel Temer.

Na ocasião, uma medida de risco na curva de DI teve a maior alta em pelo menos uma década. E o dólar saltou mais de 8%, maior ganho diário desde a maxidesvalorização do real de janeiro de 1999.

JUROS X CÂMBIO

"Acho que os trechos mais curtos da curva de juros estão com relação risco/retorno pioradas", disse Rodrigo Franchini, responsável pela área de produtos da Monte Bravo. "Mas a parte longa ainda é muito interessante, tem prêmio para perder e seria a mais influenciada pela reforma da Previdência", completou.

Alguns contratos de DI já indicam chances de Selic entre 5,50% e 5,75% em meados de 2020, bem abaixo atual, de 6,50%. Em média, analistas veem chances de Selic perto de 6%. Ou seja, a precificação de mercado já indica um cenário com mais surpresas positivas do que o considerado por departamentos econômicos.

Uma medida de análise técnica conhecida como índice de força relativa (IFR)—que mede quão acelerado um ativo se movimentou em relação a sua média—reforça a tese de que dólar e juros futuros têm caído rápido demais.

O DI para um ano tem IFR de 14 dias em torno de 22,8. Numa escala que vai de zero a 100, leituras abaixo de 30 indicam que o preço de um ativo caiu excessivamente rápido. Pelo indicador, esse DI não estava tão "vendido" desde março de 2018.

"O ganho potencial na aplicação nos juros fica menor e passa a não fazer muito sentido se posicionar agora", disse Helena Veronese, economista-chefe e estrategista da Azimut Brasil Wealth Management.

"Pode até ter fechamento adicional da curva, mas ainda não é zero o risco de uma Previdência ruim aprovada. E tem o risco de turbulência externa... O mercado voltaria a se machucar", acrescentou a estrategista.

Sócio-gestor da Novus Capital, Luiz Eduardo Portella reduziu recentemente posições aplicadas em juros curtos, os mais correlacionados à política, conforme a queda das taxas convergiu para o cenário-base da casa.

Embora não descarte a possibilidade, Portella considera que um reforço na aposta na queda da Selic só se justifica se o Banco Central cortar o juro básico ao ritmo de 0,50 ponto percentual. "Isso é possível, mas já houve um grande movimento de queda nos DIs."

Para ele, passada a reforma da Previdência, o dólar poderia testar patamares em torno de 3,50 reais, pressionado também pela expectativa de corte de juros nos Estados Unidos. A taxa de 3,50 reais representa desvalorização de 9,2% ante o fechamento de quinta.

Portella lembra que o dólar chegou a valer 3,10 reais com o mesmo diferencial de juros entre Brasil e EUA, o que sugere espaço razoável para valorização do real.

O IFR de 14 dias para o dólar está atualmente em 37, ou seja, ainda acima da marca de 30, indicando que a moeda não está excessivamente depreciada.

"Dentre os dois ativos (câmbio e juros), o real é o que tem mais espaço para valorizar", afirmou Vicente Matheus Zuffo, gestor de investimentos da SRM Asset, acrescentando que os juros já parecem "bem precificados".

As avaliações, contudo, não são unânimes. Em carta mensal de maio, a SPX, uma das maiores gestores de multimercados do país, se disse cautelosa mesmo com os juros e relatou que "continua comprada" em dólar.

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