Inflação no Brasil e EUA, Natura encerra guidance, aquisição da B3 e o que mais move o mercado
Economistas projetam desaceleração de índices de preço brasileiro e americano; dados serão divulgados nesta manhã
Guilherme Guilherme
Publicado em 10 de novembro de 2022 às 07h36.
Última atualização em 10 de novembro de 2022 às 07h56.
As principais bolsas internacionais operam sem um viés definido na manhã desta quinta-feira, 10, com investidores à espera do Índice de Preço ao Consumidor americano ( CPI, na sigla em inglês), que será divulgado às 10h30.
A expectativa é de que o principal índice de inflação dos Estados Unidos fique em 0,6% para o mês de outubro e desacelere de 8,2% para 8% de alta na comparação anual. Para o núcleo do CPI o consenso é de uma queda mais branda, de um avanço de 6,6% para 6,5% no acumulado de 12 meses. Os números são os mais aguardados da semana e podem ter influência direta nas projeções do mercado para as altas de juros do Federal Reserve ( Fed ).
Mesmo após sinalizações de que possa haver espaço para um ajuste mais brando na próxima reunião do Fed, em dezembro, investidores seguem divididos entre mais uma elevação de 0,75 ponto percentual (a quinta seguida) e uma de 0,5 p.p. para o intervalo entre 4,25% e 4,5%. Segundo monitor do CME Group, as apostas do mercado seguem com 50% para cada lado.
A tendência é de que, caso os dados do CPI surpreendam as projeções de economistas, as apostas de alta de juros tomem um rumo: seja mais agressivo ou mais brando. A depender da reação no mercado de juros americano ao CPI de hoje, o efeito deve ser direto nas bolsas de valores dos Estados Unidos e do resto do mundo.
Vale lembrar que o CPI, antes divulgado às 9h30 (de Brasília), desta vez irá sair com a bolsa brasileira já aberta, devido ao fim do horário de verão nos Estados Unidos -- que aumentou em uma hora a diferença de horários entre os dois países.
IPCA de outubro
Uma grande surpresa no CPI desta quinta pode até mesmo ter um efeito maior sobre o Ibovespa do que os próprios dados da inflação brasileira, que também serão divulgados nesta manhã pelo IBGE. O consenso é de que o Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA) fique em 0,48% para o mês de outubro, com desaceleração de 7,17% para 6,34% em 12 meses. Se confirmada, a inflação será a menor desde abril do ano passado.
Desempenho dos indicadores às 7h30 (de Brasília):
- Dow Jones futuro (Nova York): + 0,10%
- S&P 500 futuro (Nova York): + 0,15%
- Nasdaq futuro (Nova York): + 0,26%
- DAX (Frankfurt): - 0,15%
- CAC 40 (Paris): - 0,62%
- FTSE 100 (Londres): - 0,34%
- Stoxx 600 (Europa): - 0,24%
- Hang Seng (Hong Kong): - 1,70%
Agenda de balanços
No radar dos investidores ainda segue a temporada de balanços do terceiro trimestre, que terá um dia decisivo nesta quinta, com divulgação de mais de 90 resultados. Magazine Luíza (MGLU3), Via (VIIA3), Itaú Unibanco (ITUB4), Americanas (AMER3), JBS (JBSS3), Raízen (RAIZ4), brMalls (BRML3), Marfrig (MRFG3), IRB Brasil (IRBR3) e B3 (B3SA3) são apenas algumas das empresas que irão apresentar seus balanços nesta noite.
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Já ao longo do dia, investidores devem precificar os balanços divulgados na última noite, tendo entre eles os daEletrobras ( ELET6 ), Equatorial ( EQTL3 ), Hapvida ( HAPV3 ), Minerva ( BEEF3 ), BRF ( BRFS3 ), Banco do Brasil ( BBAS3 ),Natura ( NTCO3 ), Oi ( OIBR3 ), Rede D'Or ( RDOR3 ), SulAmerica( SULA11 ) e Taesa ( TAEE11 ).
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Natura cancela guidance após prejuízo
Um dos destaques (negativos) da noite anterior foi o balanço da Natura, que reportou prejuízo líquido de R$ 559,8 milhões no trimestre, contra lucro líquido de R$ 272,9 milhões no mesmo período do ano passado. A companhia ainda apresentou queda de receita e Ebitda.
Além dos números fracos registrados no período, a empresa de cosméticos anunciou que não irá mais divulgar projeções de receita, margem e índice de endividamento consolidados, margem e ebitda das operações da Avon e nem das potenciais capturas de sinergia com a combinação de negócios com a Avon. A sinalização é mais uma de que a companhia não está indo nada bem, sem perspectivas positivas daqui para frente. No ano, as ações da Natura já acumulam 50% de queda.
B3 compra Neurotech
A B3, responsável pela bolsa brasileira, anunciou na última noite a compra da Neurotech por R$ 569 milhões, sendo que o valor ainda poderá aumentar em R$ 523 milhões, dependendo da entrega após a aquisição. A Neurotech é especializada na criação de sistemas e soluções de inteligência artificial, machine learning e big data e representa mais um passo na diversificação de receita da B3 no negócio de dados e analytics.
"A atuação integrada com B3 e Neoway alavanca o potencial de crescimento do negócio de dados e analytics com oportunidades de up-sell e cross-sell e expansão do mix de produtos, potencializando o desenvolvimento de soluções combinadas e de maior valor agregado, além de um significativo aumento da capilaridade de clientes", disse a B3 sobre a estratégia em fato relevante.
Mais detalhes sobre a aquisição serão fornecidos ao mercado em conferência marcada para esta manhã pela B3. O anúncio ocorre um dia antes do balanço da companhia, previsto para esta noite.